Físicos: o colapso da civilização está próximo e há 90% de chance que ocorra
De acordo com um estudo — realizado por dois físicos especializados em sistemas complexos — em poucas décadas haverá um “colapso irreversível” da civilização humana, caso a humanidade permaneça no trajeto atual.
O alarme foi soado por um estudo científico revisado por pares e publicado na revista Nature Scientific Reports, que conecta o futuro da civilização humana a análises quantitativas de desmatamento e depleção de outros recursos naturais.
Quadro assombrador
As projeções mais otimistas da pesquisas colocam o risco de colapso total em 90% nas próximas décadas.
A pesquisa, desenvolvida por cientistas do Instituto Alan Turing (Londres) e da Universidade de Tarapacá (Chile), aponta que “todas as florestas desaparecerão em aproximadamente 100 a 200 anos” caso não ocorra uma mudança radical. Unindo a isso a insaciável depleção de recursos naturais e alterações nas populações o cenário é aterrador.
“Claramente, não é realista imaginar que a sociedade humana começará a ser afetada pelo desmatamento somente quando a última árvore for cortada.”
Afirma o artigo.
A pesquisa de Gerardo Aquino e Mauro Bologna foi realizada modelando as taxas de aumento populacional e desmatamento como base para o consumo de recursos, no cálculo da possibilidade da humanidade evitar o colapso da civilização.
Porque restam entre 20 e 40 anos
Nosso trajeto levará ao colapso muito antes de todas as florestas sumirem, naturalmente, por causa dos impactos constantes do desmatamento nos sistemas de suporte à vida do planeta fundamentais a sobrevivência: armazenamento e captura de carbono, produção de oxigênio, preservação do solo, ajuste do ciclo da água, apoio a recursos naturais, sistemas de geração de alimentos e ecossistemas de inúmeras espécies.
Por causa desse cenário a previsão do colapso da civilização poderá ocorrer entre 20 a 40 anos.
Sem estes sistemas fundamentais, “é altamente improvável imaginar a sobrevivência de muitas espécies, incluindo a nossa, na Terra sem [florestas]”, afirma o estudo. “A degradação progressiva do meio ambiente devido ao desmatamento afetaria fortemente a sociedade humana e, conseqüentemente, o colapso humano começaria muito mais cedo.”
Mesmo com as taxas mundiais de desmatamento flutuando, as vezes reduzindo, a perda em números líquidos de florestas e o replantio não tem a capacidade de resguardar o meio ambiente da mesma forma que as florestas originais o fazem.
“Os cálculos mostram que, mantendo a taxa real de crescimento populacional e consumo de recursos, em particular o consumo de florestas, ainda temos algumas décadas antes de um colapso irreversível de nossa civilização.”
A salvação através da tecnologia
O trabalho foi realizado por físicos teóricos de carreira e partes deles são especulativas.
O artigo também afirma que grandes avanços tecnológicos na capacidade de geração de energia poderiam solucionar esse problema. Estruturas como a esfera de Dyson, com capacidade de captar 100% da energia solar ou tecnologia de fusão nuclear teriam o potencial de salvar o planeta do colapso levando a um manejo mais eficaz dos recursos naturais ou levando a humanidade para ser realocada em outros planetas.
Os cientistas especulam no trabalho se seria possível que estes avanços sejam alcançados antes do colapso e a possibilidade calculada em seu modelo é de apenas 10%.
Os autores também especulam que essa pode ser a causa de não termos encontrado vida inteligente pelo universo ainda: o consumo dos recursos planetários sempre ocorre antes da criação das tecnologias necessárias para evitar o colapso completo das civilizações.
Baseado no hoje a agora
Os modelos dos cientistas se baseiam nas taxas de desmatamento atuais projetadas para o futuro, como estão. Não considera cenários “e se”, isto é, caso haja alterações futuras nos padrões de consumo humano ou no desmatamento.
Nesse ritmo de desmatamento e consumo o cenário é determinista e sombrio: a civilização entrará em colapso daqui a 20 ou 40 anos.
Outra alternativa para a sobrevivência da humanidade como a conhecemos, de acordo com os autores, seria uma transformação fundamental na civilização.
Como evitar a catástrofe total
A causa principal do ritmo de destruição que leva ao colapso atualmente é a economia, ou seja, “o consumo dos recursos planetários pode não ser percebido tão fortemente como um perigo mortal para a civilização humana”, por ser “impulsionado pela economia”. Nossa civilização “privilegia o interesse de seus componentes com menos ou nenhuma preocupação com todo o ecossistema que os hospeda”.
Para sairmos do caminho do colapso os autores sugerem que “talvez tenhamos de redefinir um modelo diferente de sociedade … que de alguma forma privilegie o interesse do ecossistema acima do interesse individual de seus componentes, mas finalmente, de acordo com o interesse comum da comunidade.”
Segundo os pesquisadores a solução parece ser começar a nos importarmos mais uns com os outros e com os ecossistemas dos quais dependemos acima dos interesses individuais.
Se o estudo tiver qualquer precisão real temos de duas a quatro décadas para mudarmos radicalmente as coisas. [Nature Scientific Reports, Vice, Futurism]
4 comentários
Muito do que se desmata se transforma em plantações de soja, milho, café, etc, que também são plantas e que também produzem oxigênio. Os pastos não funcionam sem que haja alimento para o gado, que também requer plantações, logo os profetas do apocalipse sempre se esquecem que são as algas marinhas que mais produzem oxigênio e que nos mares temos oxigênio suficiente para milhares de anos. Assim criam um cenário de desastre e esquecem que a previsão não é de aumento da população nos próximos 100 anos e sim de diminuição… Sempre existe alguém anticapitalista querendo transformar a natureza em palanque para de suas ideologias esquerdopáticas…
Sempre tem um bolsolavista negacionista com pseudo-estatísticas para negar as informações obtidas pela ciência. SEMPRE.
São muitas hipóteses e variáveis duvidosas encadeadas para justificar uma conclusão tão precisa. Seria mais honesto afirmar logo que o Brasil não deve incorporar a Amazônia no processo produtivo nacional.
O excesso de simplificação é um pecado, ele faz com que as pessoas não saibam de onde saiu a conclusão.