De onde vem as alergias?

É possível ser alérgico a um monte de coisa, por exemplo, a amendoim e pólen, duas das substâncias mais comuns de causarem sensibilidade.
As alergias por muito tempo foram um mistério para a ciência – por que nosso corpo não tolera coisas que são totalmente seguras?
Agora, mais um passo foi dado para entendê-las. Um novo estudo publicado na revista PLOS Computational Biology descobriu que certos compostos que causam alergia se assemelham a proteínas encontradas em parasitas.
Ou seja, nossas reações alérgicas são, na verdade, respostas imunes mal adaptadas: para proteger-nos, nossos corpos atacam compostos semelhantes, mas inofensivos.
A hipótese sobre as alergias
Várias proteínas alimentares e ambientais chamadas de alérgenos são reconhecidas por um anticorpo do nosso sistema imunológico chamado imunoglobulina E (IgE).
Esta parte do sistema imunológico dos mamíferos evoluiu como um mecanismo de resposta rápida para combater artrópodes parasitas e vermes chamados helmintos.
Se a resposta do IgE foi projetada para fornecer proteção extra, e não para causar reações alérgicas, por que o faz?
Os pesquisadores desenvolveram a teoria de que alérgenos ambientais como o pólen devem compartilhar propriedades moleculares fundamentais com os antígenos de parasitas para os quais o anticorpo é especificamente orientado.
O teste
Para testar isso, uma equipe liderada por Nidhi Tyagi do Instituto Europeu de Bioinformática analisou 2.712 antígenos conhecidos do IgE contra um conjunto de dados de proteínas a partir de dezenas de espécies de helmintos e artrópodes parasitas.
Isto resultou em uma lista de 2.445 proteínas parasitas que mostram semelhança significativa tanto em sequência quanto em estrutura com proteínas alergênicas.
A equipe também mediu as respostas de anticorpos coletados de 222 pessoas da aldeia de Namoni nas margens do Lago Vitória, no Uganda. Na época, a comunidade sofria de esquistossomose, causada pelo verme Schistosoma mansoni. O sangue foi recolhido imediatamente antes do tratamento e cinco semanas depois.
Eles descobriram que uma proteína chamada BetV1 – o alérgeno mais comum no pólen – é alvo do IgE em humanos infectados com esquistossomose.
Nova definição
Alérgenos têm sido definidos na literatura sob vários critérios.
O novo estudo contribui para uma dessas definições: alergias são proteínas ambientais e alimentares que são semelhantes a proteínas parasitas as quais o IgE combate.
Definindo as moléculas de alérgenos e compreendendo a sua ligação com a resposta do IgE, os pesquisadores podem ajudar a criar futuras imunoterapias para condições alérgicas. [IFLS]