Desdobramentos inesperados: 10 efeitos das armas nucleares na sociedade

Por , em 23.08.2023

A descoberta das bombas atômicas marcou um momento significativo e transformador na história. Essa descoberta conferiu às nações a capacidade de obliterar cidades inteiras em um instante, alterando assim as dinâmicas globais de guerra.

Em vez de ser uma luta convencional entre nações pela vitória ou derrota, os conflitos entre as principais potências mundiais passaram a ser catalisadores potenciais para a aniquilação da vida como a conhecíamos. O espectro iminente da aniquilação instantânea exerceu uma influência palpável no comportamento humano e no estilo de vida. Como resultado, dez repercussões não antecipadas surgiram da existência das armas nucleares.

1 – Comércio de refúgios subterrâneos

Durante a era da Guerra Fria, a competição ideológica entre a União Soviética e as nações ocidentais, alimentada pelo comunismo e pela democracia, respectivamente, levou o capitalismo a explorar o medo das armas nucleares. Na década de 1950, vendedores percorreram os Estados Unidos oferecendo bunkers nucleares como salvação contra possíveis ataques. Essa tática de vendas explorava as ansiedades das pessoas sobre estarem despreparadas para sobreviver. Os vendedores habilmente abordavam os proprietários de casas questionando sua preparação e, em seguida, apresentavam os bunkers como solução. Por exemplo, eles perguntavam o que os proprietários fariam se uma bomba explodisse e seu porão se tornasse um refúgio. Ao vender segurança por meio de produtos como o kit de abrigo Kidde Kokoon por US$ 3.000, destacava-se a perspectiva de enfrentar um evento apocalíptico com conforto.

2 – Teologia atômica

Adquirir um abrigo nuclear trouxe dilemas morais com os quais os indivíduos tiveram que lidar. No ambiente profundamente cristão da América dos anos 1950, surgiram questões sobre como responder aos vizinhos que buscavam refúgio durante um conflito nuclear. Deveria-se permitir que os vizinhos entrassem no abrigo, apesar das restrições de espaço, mesmo que isso significasse enfrentar um possível desastre juntos? Essas questões foram exploradas em um artigo da revista Time de 1961 intitulado “Arma teu Próximo?” Diversos pontos de vista emergiram, variando desde aqueles que cogitavam instalar metralhadoras para manter os outros afastados até pessoas como o Reverendo Hugh Saussy, que sugeriu estender o abrigo aos necessitados.

3 – Contemplação ética do poder nuclear

À medida que as armas nucleares surgiram, os filósofos debateram suas implicações éticas, dando origem ao campo da ética nuclear. Esse domínio examinou tópicos como priorizar bombas nucleares em detrimento do bem-estar social e se o uso de armas nucleares como dissuasão era justificável. Essa exploração levou a experimentos de pensamento intrigantes, como a proposta de Roger Fisher em 1981. Sua sugestão envolvia implantar uma cápsula contendo um código vital próximo ao coração de um voluntário que acompanharia o presidente. Dessa forma, antes de lançar armas nucleares, o presidente teria que matar pessoalmente alguém, reconhecendo assim a realidade de causar mortes de inocentes.

4 – Aplicações estratégicas

Possuir armas nucleares naturalmente levou a considerações sobre seu uso estratégico, não exclusivamente em conflitos armados diretos. Os EUA criaram o Projeto Plowshare para explorar aplicações pacíficas de bombas nucleares. Esse projeto visava cavar um novo canal na Nicarágua, chamado de Canal Pan-Atômico, e unir cursos d’água subterrâneos para aumentar os recursos hídricos. Outro esquema notável foi o Projeto Chariot, que envolvia o uso de bombas de hidrogênio para criar um porto no Alasca. Embora esse projeto tenha sido abandonado devido à oposição local e à impraticabilidade, ele levou à descoberta de que resíduos radioativos enterrados contaminariam o ambiente ao longo do tempo.

5 – Defesa pela paz

Nem todos aceitaram a presença de armas nucleares. Bertrand Russell estabeleceu a Campanha pelo Desarmamento Nuclear no Reino Unido, afirmando que evitar a guerra nuclear era preferível à ameaça representada pelos soviéticos. Os sentimentos de Russell encontraram expressão no Manifesto Russell-Einstein, criado em 1955 com outros laureados do Nobel para advogar pelo desarmamento nuclear. O compromisso de Russell com essa causa o levou a cumprir uma pena de prisão em 1961 por protestar contra o deslocamento de mísseis Polaris na Grã-Bretanha.

6 – Estudos de radiação humana

Os perigos da radiação ionizante eram conhecidos, mas os efeitos práticos da exposição a níveis perigosos, especialmente no caso de uma guerra nuclear, precisavam ser estudados. Isso levou a experimentos em seres humanos. Nos EUA, pacientes foram submetidos a injeções de substâncias radioativas, como polônio, urânio e plutônio, sem seu consentimento informado. Os experimentos se estenderam a mulheres grávidas e crianças com necessidades especiais, levantando preocupações éticas. Outras nações também conduziram experimentos antiéticos, mas foram mais cautelosas em revelar detalhes.

7 – Armas nucleares extraviadas

Acidentes durante o transporte de armas nucleares às vezes ocorriam, resultando em sua liberação sem detonação. Em 1966, perto de Palomares, na Espanha, um acidente levou à queda de quatro armas nucleares. Três caíram em terra e duas detonaram explosivos convencionais, espalhando material radioativo na área. Uma bomba caiu no mar, desencadeando um extenso esforço de busca. Embora a maioria das bombas nucleares extraviadas seja improvável de detonar devido às medidas de segurança, um número indeterminado permanece desaparecido.

8 – Reflexões culturais: Godzilla

A mídia cultural muitas vezes espelha preocupações sociais. Filmes como “Them!” em 1955 e “Godzilla” em 1954 estabeleceram conexões entre testes nucleares e monstros mutantes. Godzilla simbolizou o potencial destrutivo das armas nucleares, ressoando profundamente no Japão, dadas suas experiências recentes com Hiroshima e Nagasaki.

9 – Comédia negra: Dr. Strangelove

Até mesmo os assuntos mais graves podem gerar humor. O filme “Dr. Strangelove ou: Como Parei de me Preocupar e Amei a Bomba” é uma visão satírica da guerra nuclear. Ele apresenta um comandante militar renegado que desencadeia uma crise com bombardeiros nucleares, levando a uma sequência de incidentes cômicos. As falas memoráveis do filme, como “Senhores, vocês não podem brigar aqui. Esta é a Sala de Guerra!”, continuam a divertir. O verdadeiro físico Edward Teller, conhecido por seu interesse em bombas de grande porte, às vezes ganhou o apelido de “o verdadeiro Dr. Strangelove”.

10 – Ficção horripilante: Representações do horror nuclear

A mídia também retratou os efeitos horríveis das devastadoras explosões nucleares. “Threads”, exibido em 1984, retratou as sombrias consequências de um intercâmbio nuclear limitado, deixando os espectadores profundamente impactados. Da mesma forma, “Quando o Vento Sopra”, de 1986, acompanhou um casal idoso na zona rural da Inglaterra que segue as diretrizes governamentais durante uma guerra nuclear. Digamos apenas que isso não garantiu que tudo corresse bem para eles. Nos Estados Unidos, as pessoas assistiram a “O Dia Seguinte”, exibido na ABC em novembro de 1983. Essa representação fictícia de um conflito nuclear entre as forças da OTAN e o Pacto de Varsóvia rapidamente escalou para um intercâmbio abrangente entre os Estados Unidos e a União Soviética, resultando no lançamento de uma série de armas nucleares. [ListVerse]

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