Entidades biológicas completamente desconhecidas são descobertas no corpo humano: obeliscos

Por , em 8.02.2024
Cientistas de Stanford descobriram um tipo completamente novo de micróbio no microbioma humano, ao qual chamam de Obeliscos

Nosso corpo é um complexo ecossistema que abriga uma infinidade de microrganismos, incluindo uma diversidade de bactérias, vírus, fungos e outros organismos microscópicos. Recentemente, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford fez uma descoberta notável: a identificação de uma nova classe de entidades biológicas em nosso organismo, as quais foram nomeadas de forma intrigante como “Obeliscos”.

A microbiota que reside em nós é tão vasta e complexa que continuamos a desvendar novos aspectos sobre sua composição e o impacto que ela tem sobre nossa saúde. Embora seja comum identificar novas cepas de bactérias ou vírus, é extremamente raro que os cientistas encontrem um grupo completamente novo de microrganismos que desafia as classificações biológicas existentes.

Os Obeliscos, conforme denominados pela equipe de Stanford, apresentam uma estrutura em forma de bastão e representam um tipo de organismo intermediário entre os vírus e os viroides. Enquanto os vírus são conhecidos por muitos, os viroides são estruturas mais simples, consistindo de moléculas de RNA capazes de replicar seu genoma por meio de reorganização, mas que não produzem proteínas nem possuem uma cápsula protetora. Os Obeliscos, por outro lado, têm uma estrutura genômica simples semelhante à dos viroides, mas, como os vírus, parecem ser capazes de codificar proteínas inéditas, que os cientistas chamaram de “obulinas”.

Essas entidades demonstraram ser surpreendentemente comuns e diversificadas. A equipe de pesquisa descobriu quase 30.000 tipos diferentes de Obeliscos em amostras da microbiota coletadas de mais de 400 pessoas ao redor do mundo. Eles foram encontrados em cerca de 50% das amostras de microbiota oral e 7% das amostras de microbiota intestinal. Sua aparência única provavelmente contribuiu para que passassem despercebidos até o momento atual.

De acordo com os pesquisadores, os Obeliscos constituem um grupo filogenético distinto, sem semelhanças detectáveis em sequência ou estrutura com quaisquer agentes biológicos conhecidos.

A função exata dos Obeliscos em nossos corpos ainda é um mistério. Eles podem ter efeitos benéficos ou prejudiciais, talvez não diretamente sobre os seres humanos, mas sobre outros microorganismos que habitam nosso corpo, como bactérias ou fungos. Até o momento, a bactéria Streptococcus sanguinis, encontrada na placa dental, parece ser o candidato mais promissor para estudos adicionais sobre os Obeliscos, devido à sua facilidade de cultivo.

Este estudo representa um avanço significativo no entendimento da complexidade da microbiota humana. A descoberta dos Obeliscos desafia o conhecimento atual e abre novas possibilidades de pesquisa. Embora a pesquisa ainda não tenha passado por revisão por pares, os resultados preliminares já estão disponíveis na plataforma de preprints bioRxiv.

É importante ressaltar que o campo da microbiologia está em constante evolução. Descobertas como a dos Obeliscos nos lembram de quão pouco ainda sabemos sobre os inúmeros microrganismos que compartilham nosso corpo. À medida que a ciência avança, novas perguntas surgem, promovendo um entendimento mais profundo de como essas entidades microscópicas afetam nossa saúde e bem-estar.

Esta descoberta não apenas destaca a diversidade inexplorada da microbiota humana, mas também reforça a importância de continuar investigando esse universo microscópico. À medida que expandimos nosso conhecimento, também aumentamos nossa capacidade de desenvolver novas abordagens para o tratamento e prevenção de doenças. O estudo dos Obeliscos pode revelar aspectos cruciais sobre como interações microbianas ocorrem em nosso corpo e como essas interações influenciam nossa saúde de maneiras que ainda estamos começando a entender.

A pesquisa em microbiologia tem um impacto direto na saúde pública. Ao explorar o desconhecido, os cientistas podem descobrir novos caminhos para combater doenças infecciosas, entender melhor as respostas imunológicas e até mesmo desenvolver novos medicamentos. A descoberta dos Obeliscos é um lembrete de que, em ciência, cada nova descoberta abre a porta para mais perguntas e investigações.

Em resumo, a identificação dos Obeliscos por pesquisadores da Universidade de Stanford marca um momento significativo na pesquisa microbiológica. Revela a existência de uma nova classe de entidades biológicas em nosso corpo e nos desafia a reconsiderar o que sabemos sobre a microbiota humana. Conforme avançamos na pesquisa sobre essas entidades intrigantes, podemos nos aproximar de compreender melhor a complexa relação entre os microrganismos e a saúde humana. [New Atlas]

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