Hubble descobre rara relíquia fossilizada do início da Via Láctea

Por , em 8.09.2016

Um remanescente “fossilizado” das primeiras estrelas da Via Láctea, de idades extremamente diferentes, foi revelado por uma equipe internacional de astrônomos.

Este sistema estelar se assemelha a um aglomerado globular, mas não é como nenhum outro conhecido. Ele contém estrelas muito semelhantes à maioria das estrelas antigas da Via Láctea, e pode preencher a lacuna na nossa compreensão entre o passado da nossa galáxia e seu presente.

Terzan 5

O sistema, chamado de Terzan 5, fica a 19.000 anos-luz da Terra. Ele é conhecido há mais de quarenta anos, mas, agora, pesquisadores liderados por uma equipe italiana descobriram que Terzan 5 é bem diferente do que pensávamos.

Eles encontraram evidências convincentes de que existem dois tipos distintos de estrelas em Terzan 5, que não só diferem nos elementos que contêm, mas têm uma diferença de idade de aproximadamente 7 bilhões de anos.

As idades das duas populações indicam que o processo de formação de estrelas em Terzan 5 não foi contínuo, mas sim dominado por duas explosões distintas.

“Isso requer que o ancestral de Terzan 5 tenha grandes quantidades de gás para uma segunda geração de estrelas, e seja completamente maciço. Pelo menos 100 milhões de vezes mais massivo que o sol”, explica Davide Massari, um dos autores do estudo, do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália, e da Universidade de Groningen, na Holanda.

Fóssil

As propriedades incomuns de Terzan 5 o tornam o candidato ideal para um “fóssil vivo” dos primeiros dias da Via Láctea.

As teorias atuais sobre a formação de galáxias supõem que grandes aglomerados de gás e estrelas interagiram para formar os primórdios da Via Láctea.

“Nós pensamos que alguns remanescentes desses aglomerados gasosos podem permanecer relativamente ininterruptos e incorporados dentro da galáxia”, afirma Francesco Ferraro, da Universidade de Bolonha, na Itália, o principal autor do estudo. “Esses fósseis galácticos permitem que astrônomos reconstruam uma parte importante da história da nossa Via Láctea”.

Enquanto as propriedades de Terzan 5 são incomuns para um aglomerado globular, são muito semelhantes às da população estelar que pode ser encontrada no bojo galáctico, a região central da Via Láctea. Estas semelhanças poderiam fazer de Terzan 5 uma relíquia fossilizada da formação de galáxias, um dos blocos de construção mais antigos da Via Láctea.

Como a Via Láctea se formou

Esta suposição é reforçada pela massa original de Terzan 5, necessária para criar duas populações estelares – uma massa semelhante à dos grandes aglomerados que formaram o bojo galáctico durante o desenvolvimento da Via Láctea, cerca de 12 bilhões de anos atrás.

De alguma forma, Terzan 5 conseguiu sobreviver por todos esses bilhões de anos, e tem sido preservado como um resquício do passado distante da galáxia.

Esta descoberta abre o caminho para uma melhor e mais completa compreensão da formação da Via Láctea. “Terzan 5 poderia representar uma ligação intrigante entre o universo local e distante, uma testemunha sobrevivente do processo de montagem do bojo galáctico”, explica Ferraro.

Um artigo sobre o estudo será publicado no The Astrophysical Journal. [Phys]

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