Cientistas “curaram” câncer de mama terminal com uma técnica inovadora

Por , em 6.06.2018

Um tratamento pioneiro foi testado com ótimos resultados na Flórida recentemente. Judy Perkins, então com 47 anos, foi avisada que viveria por apenas três meses, mas dois anos depois ela não só continua viva, como também está saudável e sem sinal de câncer.

O tratamento experimental foi desenvolvido pelo Instituto Nacional do Câncer dos EUA, e pode revolucionar a luta contra o câncer.

Judy tinha câncer de mama em estágio avançado, com metástase em no fígado e vários outros órgãos do corpo. Seu caso não podia ser tratado com a terapia convencional.

Ela relatou à BBC: “cerca de uma semana depois do tratamento eu comecei a sentir algo. Eu tinha um tumor no meu peito que eu conseguia sentir que estava diminuindo. Levou outra semana ou duas para ele desaparecer completamente”.

Judy relembra o primeiro exame de imagem depois do procedimento. Ela conta que ela e a equipe médica pulavam de felicidade com os resultados. Foi neste momento que ela foi informada que provavelmente seria curada.

Agora ela curte a vida fazendo mochilões e navegando de caiaque no mar. Ela levou apenas duas semanas para circunavegar o estado da Flórida.

Como este tratamento funciona?

A tecnologia é chamada de “droga viva”, e é feita a partir das próprias células do paciente em um dos centros de pesquisa mais importantes do mundo. O pesquisador Steven Rosenberg, chefe do instituto, classifica este tratamento como o mais personalizado entre todos os tratamentos existentes.

Identificar o inimigo

Por enquanto ele continua experimental e precisa de mais testes antes de ser usado amplamente, mas tudo começa no estudo do inimigo: o câncer. O tumor de um paciente é analisado geneticamente para tentar descobrir quais são as características singulares dele que poderiam deixá-lo visível para o sistema imunológico.

Entre 62 anormalidades genéticas nesta paciente em questão, apenas quatro eram linhas de ataque em potencial.

Hora da caça

O sistema imunológico natural do paciente já luta contra o câncer de forma espontânea, mas a diferença de força entre as duas partes pode ser mais vantajosa para o tumor. E se o sistema imunológico do paciente fosse então fortalecido e projetado para atacar as células do tumor?

Começa então a fase da seleção das células de defesa do paciente para a extração apenas daquelas que podem lutar contra as células do câncer. Essas células são multiplicadas em laboratório para que um enorme número seja acumulado. Cerca de 90 bilhões delas foram injetadas novamente em Judy.

O pesquisador Rosenberg explica que são justamente as singularidades do tumor – que fizeram que com essas células se reproduzissem desordenadamente – que são o ponto fraco dele. São essas mutações que o tornam um alvo fácil para as células brancas selecionadas e multiplicadas.

Mais testes

Estes resultados maravilhosos foram encontrados em apenas uma paciente, portanto testes maiores ainda devem acontecer para confirmar que o tratamento funciona.

O problema desse tipo de terapia é que ela parece funcionar perfeitamente para um punhado de pacientes, mas não tem boas reações na grande maioria. Por ser extremamente personalizado, o tratamento também tem potencial de ser incrivelmente caro.

A mensagem que o estudo deixa para todos, porém, é que o tratamento para câncer provavelmente vai mudar de cara em breve. Ele possivelmente passará a ser personalizado, com um remédio único para cada paciente.

Os detalhes do trabalho foram publicados na revista Nature Medicine. [Nature Medicine, BBC, BoingBoing]

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