Pesquisadores veem indício de um bóson mais pesado que o Higgs
O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) ficou desligado por muito tempo para atualizações, e voltou com muito mais poder, o que animou a comunidade científica para novas descobertas intrigantes.
Os primeiros resultados dos dois principais experimentos do colisor, no entanto, são decepcionantes.
Tudo o que podemos dizer até agora é que talvez seja o fim da supersimetria e há uma possibilidade remota de descobrirmos uma nova partícula elementar.
Nova partícula bóson?
Os detectores CMS e ATLAS lançaram seus primeiros resultados significativos desde a grande atualização ontem, 15 de dezembro.
Ambos os experimentos viram, nos escombros das colisões próton-próton, um inesperado excesso de pares de fótons que transportam cerca de 750 giga elétron-volts (GeV) de energia combinados.
Isso poderia ser um sinal de uma nova partícula – um bóson, mas não necessariamente semelhante à Higgs – decaindo em dois fótons de massa igual. Tal bóson seria cerca de quatro vezes mais massivo que a partícula mais pesada conhecida até agora.
Em cada detector, no entanto, a significância estatística foi muito baixa: Marumi Kado da Universidade de Paris-Sud (França) disse que seu experimento, ATLAS, viu cerca de 40 pares de fótons acima dos números esperados a partir do modelo padrão da física de partículas; Jim Olsen, da Universidade de Princeton (EUA), informou que o CMS viu apenas dez.
Não deve ser nada
Os resultados do CMS tiveram uma significância estatística de 2,6 sigma, perto do critério de 3 sigma para resultados “interessantes”, mas ainda muito longe dos 5 sigma necessários para reivindicar uma descoberta.
Depois de levar em conta o “efeito olhar em outro lugar” – a chance de que você está vendo um resultado ilegítimo devido ao grande número de possíveis eventos que você está analisando – reduziu tal número para apenas 1,2 sigma.
ATLAS teve um achado de 3,6 sigma, caindo para 1,9 sigma depois de uma análise mais aprofundada levando em conta o mesmo efeito. Em outras palavras, provavelmente não é nada. “É um pouco intrigante”, disse o porta-voz do ATLAS Dave Charlton, da Universidade de Birmingham (Reino Unido). “Mas pode ser apenas uma coincidência”.
Se acabar por ser uma partícula de verdade, seria algo muito inovador, porém. Uma partícula muito mais pesada que o Higgs (seis vezes mais) iria abrir todo um novo capítulo para a física.
Saberemos logo
Em, 2016 o LHC deve estabelecer conclusivamente se os resultados são apenas um erro estatístico ou uma nova partícula. Essa conclusão vai ser uma prioridade para a próxima rodada de testes, prevista para começar em março.
Adeus supersimetria?
Enquanto isso, os experimentos em busca de partículas previstas pela supersimetria, a extensão favorita dos físicos para o modelo padrão, não produziram nenhum resultado expressivo.
Para o físico teórico Michael Peskin, do Laboratório Nacional do Acelerador SLAC em Menlo Park, Califórnia (EUA), esse é o problema mais relevante dos experimentos recentes.
O fracasso em encontrar uma partícula supersimétrica chamada gluino na gama de possíveis massas até 1.600 GeV (muito maior do que o limite de 1.300 GeV testado anteriormente pelo LHC) empurra a supersimetria mais perto do ponto onde muitos físicos podem desistir completamente da teoria. Isso teria consequências importantes para a área. [Nature, NS]