Pedras encontradas em mina siberiana são diferentes de tudo que conhecemos

Por , em 10.08.2016
Um agregado de zhemchuzhnikovita sintética, preparada por Igor Huskić, Universidade McGill. Crédito: Igor Huskić, Grupo de Pesquisa Friščić, Universidade McGill

Um agregado de zhemchuzhnikovita sintética, preparada por Igor Huskić, Universidade McGill. Crédito: Igor Huskić, Grupo de Pesquisa Friščić, Universidade McGill

Cientistas descobriram um mineral inédito na natureza dentro de uma mina na Sibéria. Só que esta não é uma descoberta nova, os minerais foram descobertos entre os anos 1940 e 1960, ou seja, uns 70 anos atrás.

Com nomes estranhos como stepanovita e zhemchuzhnikovita, as amostras não tiveram sua estrutura desvendada na época, por conta de limitações tecnológicas, mas as propriedades das mesmas foram descritas em um paper.

Até aí tudo bem, devem haver minerais muito estranhos por aí, na natureza, ainda esperando para ser descobertos pela ciência. Só que as surpresas não param por aí.

Em 2010, o cientista e professor de química Tomislav Friščić, da Universidade McGill de Montrea, Canadá, encontra o trabalho e acha que a descrição dos minerais é muito parecida com os MOFs – metal-organic framework (“estrutura metal-orgânica”, em tradução livre).

Estruturas Metal-Orgânicas

As MOFs são um tipo de estrutura cristalina inventada pelos cientistas na década de 1980 e desde então a maneira de produzir as mesmas tem sido aperfeiçoada constantemente.

MOF, metal-organic frameworks - Universidade McGill

MOF, metal-organic frameworks – Universidade McGill

O professor Friščić não encontrou as amostras originais, mas resolveu replicar os minerais por meios artificiais para provar que eram os mesmos MOFs que ele conhecia. Por sorte, alguns colegas russos resolveram dar uma mãozinha e conseguiram localizar as amostras originais, demonstrando que os minerais originais, os MOFs e os minerais artificiais realmente tinham a mesma estrutura.

Parece muito trabalho por causa de umas pedras encontradas em uma mina na Sibéria, a 230 metros de profundidade, não? O interesse tem uma justificativa, a importância das MOFs.

Estas estruturas, as MOFs, tem um vazio no meio do cristal que pode ser utilizada para capturar gases, como o hidrogênio, e o CO2. Uma das possibilidades criadas pela invenção delas era justamente a captura de CO2, ajudando a diminuir um dos causadores do efeito-estufa.

Artificial vs. Natural

Infelizmente a estrutura dos minerais siberianos não se presta à captura de CO2, e os próprios minerais são difíceis de obter, já que estão 230 metros dentro do permafrost, porção do solo congelada permanentemente da Sibéria.

Em vez disso, os cientistas estão procurando por estes minerais em outros lugares do globo, talvez para usar como armadilha para o CO2 ou então para aprender sobre a formação destas estruturas na natureza.

Uma coisa é certa, se a estrutura destes minerais fosse descrita com exatidão logo que foram descobertas, o desenvolvimento de MOFs provavelmente teria acontecido 30 anos antes.  [ScienceAlert, PhysOrg, ScienceMag]

Deixe seu comentário!