O Alzheimer pode na verdade não ser uma doença cerebral, revela especialista

Por , em 15.03.2024

Em março de 2024, foi divulgado um artigo que trouxe uma nova perspectiva sobre a doença de Alzheimer, sugerindo que ela pode não ser primariamente uma doença cerebral. Esse artigo aponta para uma série de controvérsias e debates recentes no campo da pesquisa sobre o Alzheimer. Uma dessas controvérsias se relaciona a um estudo fundamental de 2006, que havia identificado a proteína beta-amiloide como causa do Alzheimer, mas que posteriormente foi questionado quanto à veracidade de seus dados.

Além disso, em 2021, houve aprovação controversa de um tratamento para o Alzheimer, o aducanumab, pela Food and Drug Administration dos EUA. Esse tratamento, que se concentra na proteína beta-amiloide, foi aprovado apesar de dúvidas sobre a solidez dos dados que o suportavam, gerando debates na comunidade médica.

Diante da necessidade urgente de tratamentos eficazes para milhões de pessoas, os pesquisadores estão reavaliando suas abordagens na busca por uma cura. A pesquisa tradicionalmente se concentrou em prevenir a formação de aglomerados da proteína beta-amiloide no cérebro, mas esse enfoque tem sido questionado devido à falta de resultados significativos em termos de terapias úteis.

Uma nova teoria, desenvolvida por um laboratório no Instituto de Cérebro Krembil, parte da Rede de Saúde Universitária em Toronto, sugere uma abordagem diferente. Esta teoria postula que o Alzheimer é principalmente um distúrbio do sistema imunológico no cérebro, ao invés de uma doença cerebral em si. Neste modelo, a proteína beta-amiloide é vista como parte do sistema imunológico do cérebro, e não como uma proteína produzida anormalmente. A teoria propõe que a doença de Alzheimer pode ser uma resposta autoimune mal direcionada do sistema imunológico do cérebro, levando à perda progressiva de funções cerebrais e, eventualmente, à demência.

Esse novo enfoque sugere que, embora as terapias tradicionais para doenças autoimunes possam não ser eficazes contra o Alzheimer, abordagens que visem outras vias de regulação imunológica no cérebro podem ser promissoras.

Além disso, estão surgindo várias outras teorias sobre o Alzheimer. Algumas pesquisas sugerem que a doença pode estar relacionada a disfunções nas mitocôndrias, as fábricas de energia das células cerebrais. Outras teorias apontam para infecções cerebrais específicas ou para um manuseio anormal de metais no cérebro, como zinco, cobre ou ferro, como possíveis causas.

A busca por um entendimento mais profundo do Alzheimer e por novos tratamentos é urgente, dada a escala da crise de saúde pública que a doença representa. Milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela demência, com diagnósticos ocorrendo a cada três segundos. O impacto da doença não apenas afeta profundamente os indivíduos e suas famílias, mas também tem grandes implicações socioeconômicas para os sistemas de saúde ao redor do mundo. [Science Alert]

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