O sapo-pulga brasileiro pode ser o menor vertebrado do mundo

Por , em 29.02.2024
O sapo-pulga brasileiro conquistou o título de menor anfíbio e menor vertebrado conhecido do mundo. Com apenas 7 milímetros de comprimento em média, os sapos têm uma fração do tamanho de uma moeda de 1 real brasileiro, que tem 27 milímetros de diâmetro

A cabeça do sapo-pulga brasileiro, um anfíbio nativo do Brasil que, curiosamente, não é nem pulga nem sapo, possui um tamanho incrivelmente reduzido, mas carrega consigo duas notáveis distinções científicas. Esse pequeno ser foi reconhecido pelos pesquisadores como o menor anfíbio conhecido e também o menor vertebrado do mundo. Um exemplar da espécie Brachycephalus pulex, medindo do início do focinho até o fim do dorso, alcança pouco menos de 6,5 milímetros de comprimento. Esta descoberta foi divulgada pelo herpetologista Mirco Solé e sua equipe no dia 7 de fevereiro, conforme publicado na revista Zoologica Scripta. Tal dimensão é minimamente inferior ao detentor do recorde anterior, superando-o por cerca de meio milímetro, o que permite a esse anfíbio caber confortavelmente sobre a unha do dedo mindinho de uma pessoa.

Mirco Solé, que atua na Universidade Estadual de Santa Cruz, localizada em Ilhéus no Brasil, juntamente com seu grupo de pesquisa, encontrou um exemplar macho diminuto entre um agrupamento de 46 sapos-pulga adultos brasileiros, sendo 24 machos e 22 fêmeas. A pesquisa revelou que, em média, os machos desta espécie têm cerca de 7 milímetros de comprimento, enquanto as fêmeas medem aproximadamente 8 milímetros. Essas medidas contrastam com as de seus antecessores, os sapos machos Paedophryne amauensis da Papua Nova Guiné, que têm em média 8 milímetros.

Esses anfíbios de tamanho excepcionalmente pequeno apresentam adaptações anatômicas significativas quando comparados com espécies maiores. Por exemplo, o sapo-pulga brasileiro tem apenas dois dedos em cada pé, ao contrário dos cinco habituais, conforme observado por Solé. Espécies semelhantes de Brachycephalus de pequeno porte mostram modificações peculiares em suas estruturas internas do ouvido, resultando em habilidades de salto menos eficientes, conforme estudo anterior datado de 15 de junho de 2022. Embora as capacidades auditivas do sapo-pulga brasileiro não tenham sido especificamente testadas, eles aparentam ser saltadores razoavelmente hábeis.

Solé sugere que, com muitos dos menores habitats da Terra ainda não totalmente explorados, é plausível que espécies de vertebrados ainda menores estejam à espera de serem descobertas. Ele supõe que encontrar criaturas menores que seis milímetros representaria um verdadeiro desafio para o nosso entendimento da morfologia e da física. No entanto, ele acrescenta: “Mas quem sabe.”

Este estudo abre um novo capítulo na compreensão da biodiversidade e da complexidade das formas de vida na Terra. A descoberta de um vertebrado tão pequeno desafia as concepções tradicionais sobre os limites do tamanho dos seres vivos e estimula a curiosidade científica para explorar ainda mais os recantos inexplorados do nosso planeta. Além disso, o achado do sapo-pulga brasileiro ilustra a importância de preservar ecossistemas únicos, pois são esses ambientes que abrigam espécies tão raras e peculiares.

Cada nova descoberta como essa traz consigo um lembrete da vasta quantidade de conhecimento que ainda temos para descobrir sobre o mundo natural. Enquanto cientistas e pesquisadores continuam sua busca incansável por novas espécies, cada descoberta contribui para uma maior compreensão de como a vida evolui e se adapta em diferentes ambientes. Este pequeno anfíbio não é apenas um recordista em termos de tamanho; ele representa um marco na pesquisa biológica e na constante busca do ser humano por compreender a riqueza e a diversidade da vida na Terra. [Science News]

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