Pais autoritários têm mais filhos delinquentes

Por , em 14.02.2012

De acordo com uma pesquisa recente, produzida pela Universidade de New Hampshire, os pais autoritários que educam os filhos com a máxima “é do meu jeito ou a porta da rua é serventia da casa” são mais propensos a terem filhos delinquentes, que os desrespeitem e não os veem como uma autoridade legítima, do que os pais-autoridade (ou confiáveis) que praticam o hábito de escutar os filhos e acabam ganhando respeito e confiança.

O chefe da pesquisa, Dr. Rick Trinkner, afirma que quando as crianças consideram os pais figuras de autoridades, elas confiam neles e sentem-se na obrigação de fazer aquilo que lhes foi pedido. Para Trinkner, trata-se de um importante atributo para qualquer figura de autoridade, especialmente os pais, porque não os deixa dependentes de um sistema de recompensas e punições, já que as crianças ficam mais propensas a seguir as regras estabelecidas mesmo na ausência dos pais.

Esse é o primeiro estudo que avalia como o estilo de criação pode influenciar os adolescentes a acreditarem na legitimidade e autoridade dos pais, e como essas percepções podem levar ao mau comportamento.

Os pesquisadores se basearam em dados do estudo sobre a juventude de New Hampshire, um questionário aplicado aos estudantes do ensino médio regular e a distância, e examinaram os fatores legais, psicológicos, sociológicos e de desenvolvimento que influenciam a delinquência juvenil. As análises relatadas são baseadas em dados recolhidos ao longo de um período de 18 meses, com início em 2007.

De acordo com Trinkner, embora seja consensual que a autoridade paternal é mais eficaz que estilos ditatoriais ou permissivos, pouco se sabe sobre o porquê uma forma de criar os filhos é mais eficiente que a outra. Os resultados da pesquisa mostraram que a legitimidade dos pais é um importante mecanismo da criação dos filhos e que pode afetar o comportamento dos adolescentes.

Os pesquisadores encontraram três estilos de pais diferentes: os autoritários, os confiáveis e os permissivos.

Pais confiáveis são exigentes e controladores, mas também são acolhedores e receptivos as necessidades dos filhos. São abertos ao diálogo e explicam aos filhos o porquê de estabelecerem regras, além de também escutarem a opinião das crianças sobre as regras. Filhos de pais confiáveis tendem a ser controlados, autossuficientes e satisfeitos.

Por outro lado, os pais autoritários são exigentes e altamente controladores, entretanto, não são receptivos e não correspondem as necessidades dos filhos. Esses pais são unilaterais e não há diálogo, além disso, estabelecem regras sem conversar com as crianças e esperam que elas obedeçam sem contestar as determinações. Pais autoritários criam filhos insatisfeitos, desconfiados e retraídos.

Finalmente, em contraste com os pais autoritários, os pais permissivos não supervisionam e nem exigem dos filhos. Eles tendem a ser acolhedores e receptivos às necessidades dos filhos, porém, não colocam limites para as crianças. Mesmo quando estabelecem regras, raras vezes procuram aplicá-las e cobrá-las. Estes pais tendem a criar filhos pouco controlados, não tão independentes e preguiçosos.

O chefe da pesquisa conta que o estilo com o qual os pais criam os filhos tem influência direta em como os filhos percebem os pais como figuras de legitimidade. Os adolescentes que veem nos pais pessoas confiáveis estão menos predispostos a terem comportamentos delinquentes. Dessa forma, os pais confiáveis podem criar os filhos de uma maneira mais eficaz do que os outros tipos de pais, porque este estilo torna os adolescentes mais dispostos a aceitar as regras estabelecidas em casa e serem mais sociáveis.

Por outro lado, os pais autoritários têm o efeito oposto e acabam reduzindo a probabilidade dos filhos perceberem a autoridade como legítima. Filhos adolescentes de pais autoritários são mais propensos a resistir às regras sociais.

Já em relação aos filhos de pais permissivos, que eram menos propensos a respeitar seus pais como figuras de autoridade, os pesquisadores descobriram que esses eram nem mais nem menos predispostos a ter um comportamento delinquente.

De acordo com os pesquisadores, os resultados do estudo mostram que o uso da autoridade pelos pais confiáveis é uma técnica de controle legítima na criação dos filhos. Além disso, os pais são mais propensos a serem vistos como autoridades legítimas se utilizam práticas características de pais confiáveis ao invés de práticas autoritárias ou permissivas, que tendem a minar a sua autoridade.

Os dados da pesquisa fornecem mais evidências de que a autoridade dos pais confiáveis é uma forma eficaz para socializar os filhos e que a influência da criação funciona, em grande parte, por meio de seu efeito sobre a percepção que os jovens têm em relação a legitimidade da autoridade dos pais. [ScienceDaily, Foto]

13 comentários

  • Marcelo Sauaf:

    “pais”? em q sentido, nessa pesquisa? pai/mãe ou só pais msm? e imagino a prevalência por gênero nos tipos (A,C,P)..

  • Bárbara Dornelles Flores:

    E quando li o título dessa matéria e me veio na cabeça a criação que eu tive(e continuo tendo, pois tenho apenas 17 anos) e a criação que os meus pais tiveram, penso automaticamente: MENTIRA

    Mas penso que nos dias de hoje não se pode fazer uma afirmação como essa do título da matéria. Os pais mal sabem dizer um “não” para seus filhos e quando leem uma coisa dessas vira o caos :/

  • ROSINEIA:

    FABO BOTELHO: GOSTEI DO SEU COMENTÁRIO CONCORDO PLENAMENTE COM VOCÊ.
    EMBORA NÃO EXISTA UMA FÓRMULA.

  • pedro:

    quando estudei no liceu,existia um grupo de adolescentes filhos das pessoas mais preveligeadas da cidade,conheci varios pais desses estudantes e eram bastante autoritarios,caso curioso a maioria tornou-se deliquentes,apesar de certa impunidade que usufruiam por serem filhos de senhor tal ou da familia x y ou b,parece que a sociedade como a natureza,tem modos de se auto-nivelar .

  • Mario:

    que título infame é este?

  • EDDY SOUZA:

    fui criado sem a presença do meu pai desde os 6 meses de vida.minha mãe e minha vó não tiveram muito tempo de me educar.mas vendo os exeplos ruins!!fiz a melhor opção de vida.hoje graças a deus sou um homem de bém diferente do meu pai que segundo minha mãe ele era um crapúla.minha mãe foi rigida comigo e com o meu irmão.agradeço a ela por ter sido assim com a gente.encarei a vida no mundo aos 13 anos.carater bom a gente ja nasce com ele.ja diz o ditado pau que nasce torto morre torto.

  • Elizabeth:

    Sou contra os extremos na educação, porém quando a educação era mais rígida não existiam tantos delinquentes. Hoje, com uma educação mais permissiva, os jovens acham que podem fazer o que bem entendem e a delinquência aumentou assustadoramente.

    É claro que o melhor método é o de impor limites, de ser exigente mas também amoroso e compreensivo… os chamados pais confiáveis na matéria.

    • Alexandre Söldann:

      Falou melhor que eu. É exatamente isso.

    • Fabo Botelho:

      Acho q o autoritarismo impulsiona os filhos á rebeldia,o que pode resultar em delinquencia. Mas também penso que pais permissivos nao impulsionam os filhos a serem rebeldes, mas abrem portas para que os filhos pensem que podem tudo, e que nao sofrerão represálias, os filhos assim pensam ser normal nao precisar respeitar regras.Os dois extremos são maléficos.

  • Alexandre Söldann:

    Será mesmo?

    Sou de uma família tradicionalista. Meus tataravós, bisavós, avós e meus pais foram/são pessoas autoritárias; e, malgrado o que o texto diz, nós somos uma família bem saudável. Temos, é claro, um ou outro retardado ou degenerado, mas são exceções.

    Ser autoritário é apenas assumir-se superior aos filhos e exigir-lhes obediência, assumindo-se que os pais querem o melhor para seus rebentos, já que podem ver mais longe que eles.

    É claro que ser autoritário – ou autocrático – só é factível se os próprios pais também derem o exemplo: mostrarem-se honrados, firmes e dignos.

    Um pai liberal é um idiota, uma vez que ser condescendente apenas ensina ao filho que ele pode ter o que quer sem muito esforço, além disso pode torná-lo um adulto inseguro

    • Bruna:

      no seu caso um fator não mudou, voce sabia o porque que as regras eram impostas, parece que vc não entendeu, a pesquisa trata é dos casos em que as regras são colocadas sem o motivo aparente ou não há regra nenhuma

  • nght:

    É verdade, não importa quem seja, não importa de que especie seja, um ser vivo só vai confiar no outro se o outro puder dar provas de que pode fazer isso.
    A pessoa precisa antes aprender a importância de confiar, tendo isso em pratica, como querem que ela o faça sem saber como?

  • Paulo Eduardo:

    Nossa, o cara da foto tá com mow pinta de “exterminador do futuro”!!

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