Países que já venceram a Covid-19 terão que fazê-lo de novo

Por , em 6.04.2020
Hong Kong harbour and skyline, seen from Victoria Peak on a rainy night of June 2019.

Logo no início da disseminação da Covid-19 países como Singapura, Hong Kong, Taiwan e Coréia do Sul lideravam os quadros comparativos entre países de casos da doença. Tendo em mente o que vivenciaram com a SARS há quase duas décadas, eles fecharam suas fronteiras de forma mais rápida e rígida, deram apoio aos hospitais, destinaram profissionais da saúde para acompanhar os casos, deram apoio aos hospitais e passaram a publicar informações claras e precisas.

Esses países achataram a curva de casos antes que outros lugares pensassem no assunto. Mas o número de casos voltou a crescer, Hong Kong teve 82 novos casos em 29 de março; Singapura apresentou aumento de 70 casos em 27 de março. Em Taiwan os casos aumentaram a partir da metade de março e a Coréia do Sul teve 86 novos casos em 3 de abril.

Os novos casos não são muitos se comparados a Estados Unidos (983 em 16 de março) ou Itália, mas o sinal de alerta foi aceso pelo fato de os números que eram mantidos baixos terem começado a subir.

Isso ocorre, porque depois de conseguir diminuir com sucesso o número de infectados dentro do país, passaram a ser “importados” casos que vêm de lugares onde a doença ainda não está controlada. O que deve servir de alerta para os outros países.

Na fase inicial da doença, alguns casos passaram da China para esses países levando a transmissão comunitária durante fevereiro. O cenário era preocupante, mas a transmissão ainda era lenta. Quando a doença se espalhou pelo muno e virou uma pandemia, os números dispararam nesses países com poucos casos novos até então.

Com isso, no final de fevereiro e início de março muitos casos foram importados da Europa, Estados Unidos e outros países, de acordo com o epidemiologista da Universidade de Hong Kong, Bem Cowling. Ele disse que Taiwan importou muitos casos dos Estados Unidos. Como consequência o número de contaminados voltou a crescer.

Controlar a doença

Teve países onde medidas para diminuir a disseminação da doença demoraram mais para serem tomadas. Agora, os governos e pesquisadores de países como Estados Unidos e Itália tentam decidir quanto precisa durar a restrição de circulação das pessoas e a interrupção de atividades, para que a doença não volte a se espalhar.

Hong Kong, Singapura, Coréia do Sul e Taiwan agora voltam a tomar medidas para controlar o contágio da doença. Cada um de uma forma, mas as medidas incluem distanciamento social mais rígido e controle de quem chega de outros países. Singapura volta a fechar escolas e serviços não essenciais.

Apesar dos novos casos, Cingapura, Hong Kong e Taiwan matem a propagação lenta, o que possibilita acompanhar casos e evitar surtos da doença. O distanciamento é importante devido à transmissão da doença na fase pré-sintomática ou por pessoas assintomáticas.

Depois de passado o pico da doença, ainda é preciso tomar cuidado com a retomada das atividades para evitar uma nova onda de disseminação. Mas com baixa disseminação do vírus e cuidados especiais, como mudanças em horários de trabalho para evitar aglomerações e classes de aula com menos estudantes, os países podem aos poucos retomar as atividades.

Cowling considera que o coronavírus não vá ser eliminado, mas espera que ele apareça em pequena quantidade até que possa ser identificado um tratamento efetivo ou vacina. Para isso, é preciso contar com a colaboração de todos. [Wired, Bloomberg, Jama Network, The Lancet]

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