“Síndrome do coração partido”: o que é e quais são os sintomas

Por , em 10.10.2019

Não, provavelmente não é o que você está pensando. A síndrome do coração partido, também chamada de cardiomiopatia de Takotsuba, síndrome do balão apical ou cardiomiopatia por estresse é uma condição cardíaca rara e temporária geralmente acarretada por situações estressantes, doença física grave ou cirurgia.

Fazendo jus ao nome, ela pode ser desencadeada pela reação do coração a uma onda de hormônios do estresse motivada por um evento muito triste, como um término traumatizante ou a morte de um ente querido.

Embora possa ser considerada uma condição psicológica, seus efeitos são também físicos: há uma interrupção temporária da função normal de bombeamento do coração em certas áreas.

Felizmente, a síndrome é tratável e pode ser revertida em alguns dias ou semanas.

Sintomas

Os sintomas da síndrome do coração partido se assemelham muitas vezes a um ataque cardíaco, de forma que os afetados podem sentir uma súbita dor no peito, ter problemas para respirar e batimentos cardíacos irregulares.

Se esses sinais persistirem por muito tempo, pode ser um verdadeiro infarto. De qualquer forma, é melhor visitar um médico.

Vale observar que existem alguns fatores de risco conhecidos que tornam a síndrome do coração partido mais provável, como sexo (a condição afeta mais mulheres do que homens), idade (é mais frequente em maiores de 50 anos), histórico de condição neurológica (é mais propensa em pessoas com distúrbios neurológicos, como lesão na cabeça ou epilepsia) e transtorno psiquiátrico anterior ou atual (incluindo ansiedade e depressão).

Em casos raros, a síndrome do coração partido pode ser fatal. Outras complicações incluem edema pulmonar, pressão arterial baixa, interrupções no batimento cardíaco e insuficiência cardíaca.

Causas

Os médicos não têm certeza da causa exata dessa síndrome, mas a principal suspeita é de que uma liberação de hormônios do estresse, como a adrenalina, possa danificar temporariamente o coração de algumas pessoas, levando a uma constrição passageira de algumas artérias do órgão.

Seus sintomas são frequentemente desencadeados por um evento emocionalmente intenso, como a notícia inesperada da morte de um ente querido, um diagnóstico médico grave, abuso doméstico, perda de emprego, divórcio, perda (ou até ganho) de muito dinheiro etc.

A condição também pode ocorrer após estressores físicos, como um ataque de asma, acidente de carro ou cirurgia de grande porte.

Por fim, é possível que alguns medicamentos causem a síndrome por levar a um aumento nos hormônios do estresse, como epinefrina (utilizado para tratar reações alérgicas ou ataques de asma graves), duloxetina (utilizado para tratar problemas nervosos em pessoas com diabetes ou para a depressão), venlafaxina (utilizado para a depressão) e levotiroxina (utilizado para administrar o funcionamento da tireoide).

Diagnóstico e tratamento

Se você exibir os sintomas mencionados acima, um médico poderá recorrer a diferentes exames para diagnosticar a síndrome.

Como a condição muitas vezes imita os sinais de um ataque cardíaco, um angiograma coronário pode ser feito rapidamente para descartar um infarto.

Além de um exame físico padrão, seu médico também provavelmente perguntará sobre seu histórico clínico, especialmente sintomas de doenças cardíacas, bem como se você passou por algum grande estresse recentemente, como a morte de um ente querido.

Outros testes que podem ser realizados incluem eletrocardiograma (que pode ajudar a detectar irregularidades no ritmo e na estrutura do coração), ecocardiograma (que inclui uma ultrassonografia do peito e mostra imagens detalhadas da estrutura e função do coração), exame de sangue (para verificar um aumento de determinadas enzimas que podem ajudar a diagnosticar a síndrome do coração partido), raio-X do tórax (para verificar se o seu coração está aumentado ou tem uma forma típica relacionada a síndrome do coração partido) e ressonância magnética cardíaca (que produz imagens detalhadas do coração).

Não existe tratamento padrão para a condição. A maioria das pessoas permanece internada no hospital até se recuperar. Seu médico provavelmente prescreverá remédios para o coração, como inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), betabloqueadores ou diuréticos.

A maioria dos pacientes se recupera completamente em um mês ou pouco mais. Os medicamentos podem ter que ser tomados por até três a seis meses. Muitos profissionais recomendam o tratamento a longo prazo para bloquear os efeitos potencialmente prejudiciais dos hormônios do estresse no coração.

Reconhecer e gerenciar o estresse em sua vida também pode ser fundamental, inclusive para evitar um segundo evento de síndrome do coração partido, embora isso ainda não tenha sido comprovado. [MayoClinic]

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