A ciência confirma esta simples técnica para combater a dor (que você deve fazer quando ninguém estiver por perto)

Por , em 14.12.2017

Xingar quando se está com dor é praticamente um mecanismo de defesa dos seres humanos. Soltamos os palavrões nestas situações quase sem perceber. Um experimento de 2009 mostrou que fazer isso pode, na verdade, ser bom para nós: xingar aparentemente diminui a dor que estamos sentindo. Agora, um novo estudo mostra que isso é verdade em todas as línguas, mesmo naquelas que possuem uma relação muito mais restrita com os palavrões.

O experimento de 2009 fez os participantes (de língua inglesa) colocarem uma mão em água gelada durante o tempo que pudessem suportar. Uma parte dos voluntários estava autorizada a pronunciar os xingamentos que quisesse para suportar a dor, enquanto outra parte só poderia pronunciar palavras neutras. Aqueles que xingaram à vontade conseguiram manter a mão na água gelada por mais tempo – 44 segundos mais entre os homens e 37 segundos a mais para as mulheres. Além disso, eles relataram sentir menos dor do que aqueles sem a boca suja.

A pesquisadora Olivia Robertson, que estudava no Japão na época em que viu o estudo, ficou curiosa a respeito da eficácia dessa anestesia em outras línguas – especialmente na japonesa, que não usa os xingamentos como a maioria das línguas ocidentais. Ela então decidiu fazer um experimento parecido, porém usando falantes das duas línguas, para comparar os resultados.

Em um texto no portal The Conversation, ela explica o processo. “A cultura japonesa valoriza muito a honra e o respeito – uma ideia que é refletida em sua linguagem. Mas é também uma linguagem que é abundante em maneiras coloridas e criativas de dar ênfase ou insultar”, diz ela. “Na cultura britânica, xingar em resposta à dor é um comportamento comum. Na cultura japonesa, no entanto, seria completamente fora de lugar. Em vez disso, os japoneses usam onomatopéias para descrever e expressar sua dor. Por exemplo, “Zuki-zuki” descreve uma dor latejante moderada a severa e é frequentemente usada para descrever a dor associada a enxaquecas. Ao comparar os efeitos dos palavrões em resposta à dor em falantes nativos de inglês e japonês, pude investigar como ocorre o alívio da dor associado”.

PQP! Pessoas que falam muitos palavrões têm melhor vocabulário

Assim como no experimento original, os voluntários tiveram que colocar a mão na água gelada, mas destas vez eram nativos japoneses e ingleses. Metade dos participantes foi convidada a repetir a palavra “copo” em seu respectivo idioma. A outra metade foi convidada a xingar repetidamente.

“Os falantes de inglês foram convidados a dizer “fuck”, enquanto os japoneses repetiram a palavra “kuso” – uma palavra para fezes. “Kuso” não é um palavrão em si mesma- não é censurada na TV e não seria incomum que uma criança a usasse. Mas é uma palavra que seria inteiramente inadequada para um adulto dizer na frente de um cientista que eles não conhecem em um laboratório. Seria como um tabu social, como dizer a palavra fuck”, explica Robertson.

Mais uma vez, os voluntários que xingaram foram capazes de tolerar a dor causada pela água gelada por mais tempo do que os participantes que não o fizeram. O mesmo resultado valeu em ambos os idiomas. Quem xingava em inglês conseguiu suportar a dor por 49% mais tempo do que os participantes ingleses sem palavrões. Os participantes japoneses que diziam seu palavrão mantiveram sua mão submersa na água gelada por 75% mais tempo do que aqueles que não xingaram.

Xingar te deixa mais forte, p@rr4!

“Isso sugere que xingar é mais do que uma ferramenta social que podemos usar para ofender, ser profano ou expressar nossas emoções. É uma ferramenta poderosa e atemporal que pode realmente mudar nossas experiências de dor. Uma ferramenta que transcende a cultura, uma ferramenta enraizada em nossa biologia. Xingamentos em japonês podem seguir regras ligeiramente diferentes do que xingar em inglês. Mas, independentemente do contexto cultural, o palavrão pode ser benéfico para todos nós quando estamos com dor”, define Robertson. [Medical Xpress]

Deixe seu comentário!