Cirurgia para redução de peso pode melhorar memória

Por , em 17.04.2011
Passar por uma intervenção cirúrgica de redução do estômago pode não apenas fazer você perder a gordura extra como também potencializar sua capacidade de memória e concentração.

As pessoas obesas participantes de um novo estudo tiveram suas habilidades mentais testadas. Elas se mostraram, em média, ligeiramente prejudicadas na memória e na concentração. Doze semanas após a operação de perda de peso, os níveis alcançados pelos mesmos participantes para as mesmas tarefas melhoraram consideravelmente e se encaixaram na faixa normal.

Enquanto isso, os participantes do estudo que não se submeteram à cirurgia apresentaram um resultado ainda pior após as 12 semanas. Os pesquisadores não sabem ao certo porque os obesos que não realizaram a operação mostraram declínio em suas capacidades mentais.

O estudo é o primeiro a se focar nas mudanças na capacidade mental após a cirurgia bariátrica, que pode resultar em uma grande quantidade de perda de peso em um curto período de tempo. “O estudo mostra que os efeitos cognitivos relacionados à obesidade podem ser pelo menos parcialmente reversíveis,” comenta o pesquisador John Gunstad, professor da Universidade Kent State, em Ohio, Estados Unidos. “Os resultados de nossa pesquisa também proporciona uma motivação adicional para as pessoas que estão pensando em perder peso”.

No entanto, novas pesquisas ainda são necessárias para confirmar os resultados e compreender o que, exatamente, é responsável pela melhora na memória, de acordo com Gunstad.

O estudo se soma a um crescente número de pesquisas que relacionam a obesidade a déficits de memória e um risco grande de desenvolvimento do Mal de Alzheimer e outros tipos de demência.

A cirurgia bariátrica, porém, tem seus próprios riscos. Um estudo recente descobriu que muitos pacientes que se submetem à operação acabam sofrendo complicações a longo prazo.

O estudo envolveu 150 indivíduos cuja média de peso era de cerca de 136 kg, dos quais 109 foram submetidos à cirurgia de perda de peso.

A maioria dos procedimentos foram cirurgias de “bypass gástrico”, na qual o estômago é grampeado para transformá-lo em uma pequena bolsa, e uma porção do intestino é desviada para que seja anexado a uma parte diferente do estômago. Alguns dos pacientes, por sua vez, receberam bandagem gástrica. Trata-se da colocação de uma faixa ao redor da porção superior do estômago para restringir a quantidade de alimento que ele pode conter.

Todos os participantes foram submetidos a uma bateria de testes para avaliar seus conhecimento antes dos interventos cirúrgicos. Algumas tarefas incluíam ler uma lista de palavras ou números e ter de recordá-los posteriormente.

Os participantes mostraram deficiências leves nos exames iniciais. “Essas deficiências podem se traduzir em dificuldades para realizar atividades cotidianas, tais como seguir os passos de um manual de instruções”, exemplifica Gunstad.

Doze semanas depois, os participantes que fizeram cirurgia tinha perdido, em média, cerca de 22 quilos. Eles melhoraram em todos os quatro testes destinados a avaliar a memória, enquanto os indivíduos que mantinham o mesmo peso de antes tiveram pior desempenho em dois desses testes e apresentaram a mesma performance nos outros dois.

Os pesquisadores não sabem exatamente porque os pacientes que se submeteram à cirurgia apresentaram melhora de memória, apesar de mudanças na pressão sanguínea podem ser parcialmente responsáveis.

“Nós sabemos há muito tempo que a pressão arterial elevada é ruim para todas as partes do corpo, incluindo o cérebro”, conta Gunstad.

No entanto, o estudo constatou que a perda de peso em si não pode explicar a melhora diretamente a memória, sugerindo a participação de outros fatores ligados à cirurgia ou à perdade peso.

“A investigação futura deverá analisar se a perda de peso alcançada através de meios não-cirúrgicos produz as mesmas alterações na memória”, planeja Gunstad. [LiveScience]

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