Como ajudar um amigo com depressão?

Por , em 7.10.2013

É difícil ver alguém que você gosta se afundar em tristeza, e não saber o que dizer ou fazer para ajudar.

Mais de 350 milhões de pessoas no mundo possuem depressão, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, estima-se que pelo menos dez milhões de pessoas ou 18% da população sejam afetadas pela condição.

Quem sofre não é apenas o doente, mas todas as pessoas próximas a ele. Para ser capaz de ajudar alguém nessa situação, no entanto, é preciso compreender, tanto quanto possível, o que seu amigo está passando.

Do lado de fora, a depressão pode parecer tristeza normal, do tipo que aparece na vida de todas as pessoas. A doença, entretanto, é muito mais extrema: os sintomas duram mais tempo, as emoções são mais intensas, e a vida cotidiana é simplesmente mais difícil de se manter.

De acordo com o psicólogo clínico Dr. Jeffrey DeGroat, enquanto uma pessoa triste pode não estudar por alguns dias ou evitar sair com os amigos no fim de semana, uma depressiva pode não estudar por semanas a fio e evitar passar tempo com amigos e família por semanas. Você pode ser capaz de animar um amigo triste com piadas e incentivo, mas a depressão é um distúrbio médico que pode ser devastador.
Muitas vezes, as pessoas com depressão nem sabem por que têm esse sentimento esmagador de desespero, ou extrema apatia. Pode não fazer qualquer sentido. Tudo pode estar bem na vida do depressivo, mas ele ainda assim estar dominado pela tristeza.

Infelizmente, é comum que as pessoas tentem esconder sua condição. Ao mesmo, é difícil até para profissionais de saúde mental diagnosticar a doença. Existem várias formas do distúrbio, das mais tradicionais a desordens sazonais e depressão pós-parto. Os sinais de depressão também variam de acordo com a pessoa e podem incluir extrema tristeza, irritabilidade, dificuldade de concentração e sensação de apatia.

Se você acredita que seu amigo está sofrendo de depressão, a melhor coisa que você pode fazer por ele é ouvi-lo e apoiá-lo. Confira algumas dicas:

    • Seja honesto e expresse suas preocupações. Dr. DeGroat recomenda notar quaisquer alterações significativas no comportamento, humor ou personalidade de seu amigo, e, em seguida, tentar conversar com ele sobre o assunto. As pessoas podem apresentar sintomas de depressão de muitas maneiras diferentes, como tristeza, irritabilidade, isolamento social, comportamentos autodestrutivos, perda de interesse em atividades, alterações no apetite, no sono, e assim por diante. Ao invés de determinar se seu amigo ou ente querido está deprimido com base em um sintoma ou outro, observe se há alguma mudança significativa no seu comportamento. Se houver, pergunte a ele ou ela como as coisas estão indo. Seu amigo pode estar preparado para discutir seus sentimentos, e o convite para falar pode ser apenas o que ele estava esperando.
    • Não ofereça conselhos ou tente “consertar” a pessoa. Se o seu amigo quiser falar, reconheça e valide seus sentimentos. Por exemplo, você pode dizer “Nossa, que chato. Sinto muito que você está se sentindo dessa forma”, mas não oferecer conselhos ou chavões positivos, como “Você vai superar isso” e “Pense pelo lado positivo”. Ninguém quer morrer, mas já é difícil o suficiente querer morrer e alguém pensar que isso vai mudar com uma frase boba. Não é como se você pudesse falar “Anime-se” e a pessoa deprimida fosse responder “Sabe, você está totalmente certo. Estou animado agora!”. Entenda que você não pode resolver os problemas de seu amigo. Seu trabalho é se tornar um melhor ouvinte e apoiar a pessoa. Coisas específicas para se evitar de dizer, de acordo com a Ventre Medical Associates, incluem: “Não há nada de errado com você. Está tudo na sua cabeça”, “Sua vida é ótima, que motivos você tem para estar deprimido?” e “Será que você poderia se animar logo?”.
    • Certifique-se de que ele saiba que você está lá por ele. Se o seu amigo nega quaisquer problemas ou não quer falar, não o force a admitir que está deprimido. Em vez disso, entre em contato com ele com frequência (e-mails, telefonemas rápidos para dizer oi) e mostre apoio, oferecendo para fazer algo juntos. Mesmo que a pessoa não tiver interesse na atividade em si, a ligação social pode ajudar a reforçar o fato de que ela não precisa sofrer sozinha. Verifique se ela está comendo bem, dormindo bem, recebendo luz solar e fazendo exercício físico. Qualquer atividade mínima pode ajudar quando uma pessoa está sentindo para baixo.
    • Não leve a situação pro lado pessoal. Pare de se perguntar se você de alguma forma causou a depressão. Além disso, tentar ajudar alguém em sofrimento emocional pode ser desgastante e estressante, então lembre-se de cuidar de sua própria saúde emocional também.
    • Conte com a ajuda de outros. Você pode obter orientação de um profissional (um orientador da escola, alguém que você conhece que já passou por isso) para ajudar a encontrar a melhor estratégia para ajudar um ente querido. Você também pode conversar com amigos em comum.
    • Ajude a outra pessoa a entender sobre a depressão, se você puder. Se você já passou por isso, compartilhar esse fato poderia tirar qualquer medo que a pessoa tem de falar sobre o que está passando. Mas tenha em mente que não existe uma solução única para a depressão. O que lhe ajudou pode não ser apropriado para outra pessoa. Alguns precisam de medicação apenas para serem capazes de sair da cama de manhã, outros acham útil a psicoterapia, e assim por diante. Independentemente disso, seria ideal mostrar ao seu amigo que a depressão não é um sinal de fraqueza, algo de que ele deveria se envergonhar ou esconder. A depressão carrega um estigma terrível, e isso impede que muitas pessoas recebam a ajuda de que precisam. Mostre ao seu amigo que ele não está sozinho e que a condição é tratável.
    • Sugira aconselhamento ou outro tipo de ajuda profissional. Se os sintomas depressivos do seu amigo estão interferindo com sua vida (por exemplo, ele falta da escola ou do trabalho com frequência, evita contato social e assim por diante), recomende que ele visite um psicólogo ou um terapeuta. Você pode ajudar o seu amigo a encontrar um profissional, incentivá-lo e acompanhá-lo. Se ele se afastar ou estiver relutante em buscar ajuda, lembre-o de que às vezes precisamos de um check-up mental, assim como de outros exames médicos. Colabore com outros amigos e familiares se a situação ficar muito séria e seu amigo ainda resistir. Ninguém evitaria o médico se tivesse dor cardíaca grave ou quebrasse uma perna; a depressão não é uma doença menos importante. Por fim, se o seu amigo mostrar sinais de que poderia se machucar ou a qualquer outra pessoa, contate as autoridades para obter ajuda, porque você não pode controlar isso sozinho. A cada 30 segundos, alguém no mundo tira a sua própria vida. Você não pode distrair e dissuadir uma pessoa da depressão ou do suicídio mais do que você poderia dissuadir alguém de ter gripe ou um ataque cardíaco. Busque ajuda. [LifeHacker]

21 comentários

  • Dinho01:

    Concordo totalmente com a matéria mas só queria fazer uma observação. Atualmente parece existir uma tendência a “doenças da moda”. E depressão e transtorno bipolar parecem estar nesta lista. Antes de sair rotulando fulano de estar sofrendo de depressão é sempre ouvir a opinião de um médico habilitado. Conheço um ex-colega de colégio que sofre desse mal. Já perdeu a esposa,vive sozinho e evita tomar a medicação por causa dos efeitos colaterais. Agora ele substitui a companhia dos humanos por cães abandonados. E não há argumento lógico que o faça mudar de atitude.

  • José Cláudio da Silva:

    Dez milhões de pessoas afetadas no Brasil, correspondem a 5% da população; e não a 18%, como informado, ok?

  • Carlos Frederico Widholzer:

    Se, a alguns anos, alguém me falasse em depressão eu diria que isso tudo é uma grande frescura e que algumas joelhadas resolveriam o problema. Realmente é muito difícil para quem nunca passou por uma depressão verdadeira entender o seu significado. Creio que mesmo os terapeutas não entendam seu real significado, senão de forma absolutamente teórica.É muito difícil para qualquer pessoa admitir ser depressivo e, na maior parte das vezes, amigos e familiares não fazem mais do que aumentar a sua sensação de impotência e desesperança. Mais difícil, ainda, é admitir que nada racional possa justificar a sua condição. A depressão parece muitas vezes com algo etérico, muito mais forte do que você, por mais forte que seja.Não pensem que uma pessoa deprimida não pode enfrentar as diversidades da vida. Nós podemos sim, por vezes, com muito mais força, racionalidade, sabedoria, enfim, do que pessoas não-deprimidas. Muitas vezes somos verdadeiros vencedores, mas o impulso para as nossas realizações nunca é nosso e, nossas vitórias, embora admiradas por todos ao nosso redor, nunca nos satisfazem ou nos trazem alegria. Por mais que consigamos realizar, o resultado e sempre o mesmo:”fracasso”. Fracasso principalmente por sermos incapazes de vencer a própria depressão de fazermos felizes aqueles que tentam nos apoiar, que nos amam e que amamos. Há sempre um sentimento de culpa por trás de tudo de fazemos, ainda que aos olhos de outros sejam coisas boas.

    • Tay Gonçalves:

      Nossa, que…
      definição perfeita.

    • Tsuna Sawada:

      …É mais ou menos assim,

    • Tsuna Sawada:

      É muito mais que isso. Ninguém que não tenha depressão poderá entender como é estar depressivo de verdade. Mesmo as pessoas que não são mais depressivas (se é que isso é possível) podem entender completamente o sentimento que tinham. Não sei quanto aos outros, nem tenho certeza que sofro de depressão de verdade, mas se achar que tudo vai dar errado, perder a vontade de coisas que você queria fazer e remoer eternamente seu sofrimento é depressão, então acho que estou neste caso.

  • Givanildo Calixto:

    Jesus Cristo é o Remédio para a depressão.
    Ele já curou milhões de pessoas.
    Quem vai até Ele nunca volta sem nada.

  • Ronald Golias:

    Acho que o mais frustrante disso é a falsa esperança que você tem, sabe? Por ser uma pessoa lógica você tenta analisar a depressão de forma analítica, vc vê quais são seus defeitos, seus problemas, tudo que te faz ir para baixo, então você traça metas e resolve os problemas. Estaria tudo bem para uma pessoa normal, mas para nós não, pois isso não muda NADA no sentimento, NADA. Você pode ter momentos de alegria pouco duradouros, mas no fim do dia a tristeza continua a te atormentar sem que você tenha o controle, sem que você possa fazer nada. A única vontade que se tem é de se implodir.

    • Diego Da Cunha Couto:

      Tenho depressão, é assim mesmo, e por saber que as pessoas sofrem pelos meus problemas, me sinto mais culpado ainda…

  • Geo:

    A pior coisa é oferecer conselhos ou tentar “consertar” a pessoa. A pessoa SABE que tem tudo para está bem. Mas a força que a puxa pra baixo é monstruosa e incontrolável. Eu acho a pior doença do mundo. Todas as outras as pessoas entendem. Depressão é sempre frescura!

  • pmahrs:

    O mundo não é como a gente quer, as vezes nem a gente mesmo a gente é. Boa parte de nossas qualidades se deve a frustrações, tira-las leva boa partes de nós junto. Precisamos de problemas, sempre arrumamos mais,o mundo perfeito seria deprimente também, somos resultantes de reações conflitantes. A maioria dos sonhos nunca se realizam, a vantagem é que a maioria dos medos pré-concebidos também não e as vezes quando acontecem nem são tão como imaginávamos; infelizmente o mesmos para os sonhos realizados. Muitos de nós já passamos por problemas e estamos aqui, as vezes ainda dói, mas é o preço por se ter memória. Vamos enfrente.

    • lu0901:

      Este é um dos comentários que deveria estar listados entre aquilo que não se deve dizer ao seu amigo deprimido “vamos enfrente”, “você tem de reagir” e equivalentes. É o que dizem as pessoas que não sabem do que estão falando. Pense desta maneira: Você diria “vamos enfrente, saia caminhando” para o seu amigo que quebrou as duas pernas? Pois é isso que acontece, as pessoas não tem capacidade para entender coisas que não são bem concretas e visíveis, mesmo que elas existam e sejam muito penosas, tanto quanto doenças que causam dor e debilidade.

    • nahumpereira:

      Prezado pmahrs, a coisa nem é essa; o artigo acima procura explicar exatamente que a depressão é um distúrbio cerebral, um desequilíbrio químico, em que nós devemos ver nosso cérebro como um pedaço do corpo, o seu “lado” fisiológico, como uma perna ou um braço que pode se quebrar; portanto, precisa de tratamento médico, de medicação. Não tem nada a ver com personalidade, caráter, preferências, escolaridade… enfim… Essa é a grande diferença entre a depressão (distúrbio químico cerebral) e as tantas “depressões” provocadas por revezes do cotidiano. Abraços.

    • Cesar Grossmann:

      pmahrs, existe a depressão causada pela frustração ou pelo luto, mas esta não é a depressão-doença. A depressão-doença não é causada por fatos externos, não é uma incapacidade de lidar com a vida e seus problemas, é um problema interno, um desequilíbrio bioquímico cerebral.

      É problemático justamente por causa desta incompreensão. Como você vai ajudar alguém com depressão-doença se você tem a ideia errada do que é a depressão-doença? E é importante entender isto direito, por que a depressão-doença mata.

    • pmahrs:

      Concordo plenamente com os três, como atenuante, solicito considerarem que não estou falando com ninguém em crise de depressão e sim com pessoas capazes de enfrentar problemas de maneira lógica e realista(“problemas”, não a depressão que lógica não ajuda nada). Mas desconsiderando a atenuante, alguns casos começam com coisas simples e falta de atitudes positivas que levam a desânimo que desmotiva e assim vai em bola de neve até casos graves que levam a outras patologias não só psicológicas. Alguns casos não tão traumáticos, patológicos, como leve autopiedade ou autovitimização até uns uns chutes no traseiro ajuda. Nem sempre estamos bem, mas se isto começar a se tornar rotina é bom pensar na possibilidade de piorar e procurar ajuda ou algum cavalo como eu para dar uns coices.

    • Denise M:

      Acredito piamente que quem tem a depressão-doença, como disse o amigo Cesar, já nasça com essa predisposição e que se desenvolve ao longo da vida, tornando-se mais ou menos crônica.
      No meu caso, já no início da adolescência sentia seus sintomas e alternando épocas de maior tranquilidade com outras de completo transtorno (durante cerca de 15 anos)me considero doente sim.
      Não tenho motivos pra infeliz, pois gozo de boa saúde física e financeira, sou uma pessoa relativamente esclarecida e sempre me deparo com grandes oportunidades profissionais, mas não consigo crescer por causa desse maldito problema.

  • Cesar Grossmann:

    A pior parte é não poder fazer nada. Você se sente impotente e fracassado por ver alguém numa situação destas e não poder trazer a solução.

    • Guilherme Ferreira:

      De fato é, mas em contrapartida, esse sentimento de impotência e fracasso só pode existir depois da pessoa ter de fato encontrado seu fim carnal.

      Por mais de duas vezes fui (creio) capaz de mudar o rumo de pessoas que entraram em depressão e entaram se matar, mas antes de conseguir ajudá-las, sofri muito por achar que era impotente e que estava fracassando com a pessoa. Mas acabou tudo bem.

    • Rodrigo Luís Botecchia Galera:

      Sofro dessa condição e tenho pessoas próximas a mim que também sofrem… É terrível. Tomo paroxetina há 3 anos e já tentei parar com o medicamento várias vezes, sem sucesso…

  • Lolo Branco:

    Infelizmente não consigo compartilhar nada do HypeScience no Facebook pois não fica no formato certo, fica como se fosse um link solto, nada atraente, sem imagem. Esse artigo é algo que eu gostaria muito de partilhar por lá, muito bom mesmo!

  • Rafael Carvalho:

    Natasha, parabéns por postar esse artigo, certamente auxiliará a muitos.

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