Estresse e depressão afetam taxa de sobrevivência de pacientes com câncer
Segundo um novo estudo da Universidade do Texas (EUA), sintomas de depressão, como ansiedade e estresse, podem aumentar o risco de morte para pacientes com câncer.
O estudo, publicado na revista PLoS ONE e liderado pelo oncologista Lorenzo Cohen, analisou um grupo de pacientes com carcinoma de células renais em estágio final. Os pacientes mais depressivos eram mais propensos a falecer.
A ciência já sabia que fatores emocionais tinham um impacto sobre a biologia. Nesse estudo, foi descoberto que eles podem influenciar os resultados de um câncer. Cohen acredita que o culpado por trás dessa ligação seja o cortisol, também conhecido como “hormônio do estresse”, que atua nas vias inflamatórias.
O cortisol é o hormônio produzido pela glândula adrenal em resposta ao estresse, e ajuda a regular a resposta inflamatória do corpo. Em circunstâncias normais, os níveis de cortisol são elevados de manhã e diminuem ao longo de todo o dia. Porém, pacientes com estresse crônico ou sintomas depressivos mantém níveis elevados de cortisol ao longo do dia.
No estudo, os pacientes com níveis de cortisol altos ao longo do dia tiveram um risco aumentado de mortalidade. Através de perfis genéticos, os pesquisadores concluíram que a associação entre a condição psicológica do paciente e o tempo de sobrevivência pode decorrer de uma desregulação na biologia inflamatória.
Outros estudos obtiveram resultados parecidos. Um da Universidade Carnegie Mellon (EUA) descobriu que o estresse psicológico crônico estava associado com a perda da capacidade do corpo de regular sua resposta inflamatória.
Ao longo de um período prolongado de estresse crônico, o tecido do corpo torna-se insensível ao cortisol e o hormônio perde a sua eficácia na regulação da inflamação.
A inflamação é boa quando acionada como parte do esforço do organismo para combater a infecção, mas a inflamação crônica pode promover o desenvolvimento e a progressão de muitas doenças, incluindo depressão, doenças cardíacas, artrite reumatoide, diabetes e câncer.
De acordo com Lorenzo Cohen, o próximo passo é a realização de ensaios clínicos com pacientes de câncer que satisfazem os critérios para depressão e ansiedade. Um grupo vai receber tratamento para essas condições e outro não, para ver se há melhora na qualidade e expectativa de vida dos pacientes ao eliminar a depressão.
Por enquanto, Cohen sugere que pacientes com câncer e sua família tentem gerir de alguma forma o estresse associado com a doença.[CNN]