Sokunshinbutsu: os monges auto-mumificados do Japão

Por , em 14.09.2010

Os Sokunshinbutsu foram monges budistas que foram transformados em múmias e até hoje são reverenciados por sua dedicação.

Eles são populares no nordeste do Japão, na província de Yamagato. Acredita-se que o ritual da mumificação dos Sokunshinbutsu tenha vindo da China.

É um processo longo que começa com os monges ainda vivos. Eles devem se provar, primeiramente, fazendo uma dieta de nozes e castanhas, que faz com que eles percam toda a sua gordura corporal – isso durante mil dias.

Na segunda parte do ritual, eles comem apenas raízes de pinheiros e tomam um chá venenoso, feito das sementes de uma árvore chamada urushi. O chá causa vômitos e perda de fluidos corporais – e essa parte do ritual também dura mil dias.

Finalmente o monge se tranca em uma pequena tumba de pedra, com espaço suficiente apenas para que ele fique na posição do lótus. A tumba possui apenas uma saída de ar, para que ele respire. O monge fica tocando um sino, todos os dias, para que as pessoas saibam que ele está vivo. Quando o sino para de tocar a tumba é selada, já que as pessoas assumem que o monge morreu.

Pode parecer loucura, mas os monges acreditavam que, ao fazer isso, eles ascendiam ao status de Buda, e eram reverenciados após sua morte – essa era recompensa suficiente para eles.

Até se tornar proibido, no século XVIII, acredita-se que centenas de monges tentaram passar pelo processo, mas a grande maioria falhou. Até agora, apenas 24 múmias Sokunshinbutsu foram descobertas no Japão. [OddityCentral]

18 comentários

  • Rafael Teodoro Scaletta:

    Eu como Budista, pelos ensinamentos que conheço não acho essa pratica valida como caminho para ser desperto. Isso causa grande sofrimento a você e aos outros.

  • Fag:

    O mais legal é abrir a tumba depois de anos pra ver em que posição o cara ficou.

  • Katarina:

    Não conheço nehuma pessoa que esteja feliz, tranquila e realizada, que seja má, vingativa,agressiva ou invejosa.
    Por uma convicção pessoal vejo Deus nas coisas boas, tranquilas e alegres. E se ao meu redor as coisas não estão assim é esse caminho que eu procuro. Acho que vi uma forma de Deus se expressar em meio caos quando os japoneses de forma muito digna, se comportam com delicadeza, uns com os outros, em meio ao caos.Disciplina ou fé? Não importa, vejo Deus assim.

  • miqueias charles:

    Cada doido que aparece!!!!Bem, como disse o Farofa,vamos sofrer pra atingir o nirvana,aí VC falha sofre mais,e falha e sofre,e falha e sofre,e sooooofre,aí VC morre e ve que tudo não passou de sofrimento,aliás Kurt Colbain atingiu o Nirvana…

  • Jogo na cara:

    Na China tambem existem essas múmias.

    Eu acho que os povos antigos tinham muitos costumes absurdos. Por isso que gosto da ciência, pois é uma abordagem mais racional e equilibrada do ambiente do que mitos e crenças que geram infinitas interpretações e assim sendo, inúmeros comportamentos não muito saudáveis.

  • Guilherme Euripedes:

    Peraí André, sem menosprezá-lo, mas me parece que você entende mais de budismo do que monges budistas dessa época?

    É quase como ensinar o Pelé a como se jogar futebol…

    Achei a atitude deles muito honrada. Bem diferente de outras religiões que pra ser honrado você se sacrifica matando o máximo possível.

    Acho que a dor para si com o intuito de diminuir a dor para os outros é algo bonito de se ver.

  • gabriel:

    muito estilosa a postura da ultima mumia!

  • Elaine:

    Já sei como vou fazer com minh alimentação depois que o bebê nascer castranha e nozes e quero ver sobrar gordura……

  • André:

    Toda religião, talvez exceto as pagãs, têm vertentes que pregam o sofrimento. O Catolicismo, por exemplo (aliás, no Catolicismo é muito pior, porque na mesma época em que os monges japoneses se auto-mumificavam, os cristãos queimavam outras pessoas vivas, só que no caso japonês, era uma escolha do monge…) Ainda hoje tem setores do Catolicismo que pregam rituais de mortificação.

    Da mesma forma, isso é uma maluquice desses monges… O budismo não tem nada de sofrimento, pelo contrário. Uma das conclusões do Sidarta foi justamente que o sofrimento não leva a nada (depois de passar anos fazendo essa prática). A Iluminação do Budismo é “o fim do sofrimento”… Além de tudo, prega o desapego material, e a mumificação é a própria atitude do excesso de apego ao corpo. Mas como em toda religião tem gente louca…

  • Farofa:

    Uma vez apresentei um trabalho sobre budismo, isso só confirma a minha conclusão no final do trabalho:
    “O Budismo é a religião do sofrimento, quanto mais você aguenta o sofrimento do seu carma, mais próximo você chega do Nirvana, se você falha ao atingir o Nirvana, você reencarna, para sofrer mais ainda para até atingir o Nirvana, se você o atinge, você simplesmente morre e ve que tudo que passou não passou de sofrimento, e não valeu para nada.”

    • Lílian Fernandes:

      Assim como o Cristianismo tem várias vertentes, ensinos e dogmas o budismo também tem. Acredito que você não tenha estudado todos eles.

    • Lílian Fernandes:

      Procure estudar o Budismo Nitiren Daishonin, não existe sofrimento, pelo contrário é a busca da felicidade aqui e agora.

  • Reynaldo Andrade:

    Bom, o que se gastou de roupa com esqueleto, dava para vestir algum nescessitado, apesar de que hoje em dia já que as mulheres não querem usar roupas, o melhor mesmo é vestir defunto.

  • Santamaionese:

    Se não me engano já havia um post sobre isso aqui no hypescience

  • Máximus Brutus:

    Meu amigo, isso que é a verdadeira demonstração de fé.
    Eterno, por uns considerado até loucura!
    Que estejam na luz…

  • Chinforinfora:

    Tem louco pra tudo.
    Falta de Deus

  • Rafael Noris:

    Concordo com o Marcos.

    Fico fascinado com esse desapego à vida, que também se reflete nos rituais de seppuku e nas atitudes dos kamikazes.

    Fico fascinado, mas não é pra mim. Prefiro continuar vivo, desonrado e anônimo 😉

    Ótimo artigo!

  • Marcos Vinícius:

    Essa prática é cultural e religiosa, questão de grande fé. Merece o nosso respeito.

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