Sondas alienígenas podem estar tirando energia de rajadas rápidas de rádio?

Por , em 5.04.2017
Ilustração de um artista de uma vela solar opsta por um feixe de rádio (vermelho) gerado na superfície de um planeta. Imagem: M. Weiss / CfA

A busca por inteligência extraterrestre já procurou por muitos sinais diferentes da vida alienígena, desde transmissões de rádio até flashes de laser – obviamente, sem sucesso. Entretanto, uma pesquisa publicada recentemente no “Astrophysical Journal Letters” sugere que fenômenos misteriosos chamados rajadas rápidas de rádio (FRB, do inglês “fast radio burst”) poderiam ser evidências da avançada tecnologia alienígena. Mais especificamente, essas explosões podem ser vazamentos de transmissores de escala planetária que alimentariam sondas interestelares em galáxias distantes.

“Rajadas rápidas de rádio são extremamente brilhantes dada a sua curta duração e sua origem a grandes distâncias, e não identificamos uma possível fonte natural [para elas]”, explica o teórico responsável pelo estudo, Avi Loeb, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, em entrevista ao site Phys.org. “Vale a pena refletir sobre e checar uma origem artificial”.

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Como o nome indica, rajadas rápidas de rádio são flashes de emissão de rádio que duram milisegundos. Descobertos pela primeira vez em 2007, menos de duas dúzias de FRBs foram detectados até hoje, sempre por radiotelescópios gigantescos como o Observatório de Parkes, na Austrália, ou o Observatório de Arecibo, em Porto Rico. Acredita-se que a origem destas rajadas seja em galáxias distantes, a bilhões de anos-luz de distância.

Possibilidade tentadora

Loeb e seu co-autor, Manasvi Lingam, da Universidade de Harvard, examinaram a viabilidade de criar um transmissor de rádio forte o suficiente para que seja detectável em tais distâncias imensas. Eles descobriram que, se o transmissor fosse alimentado por energia solar, a luz solar que atinge a área de um planeta com o dobro do tamanho da Terra seria suficiente para gerar a energia necessária. Um projeto de construção tão vasto está bem além da nossa tecnologia, mas, de acordo com as leis da física, é possível.

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Lingam e Loeb também consideraram se tal transmissor seria viável do ponto de vista da engenharia ou se a quantidade de energia envolvida no processo derreteria qualquer estrutura. Eles descobriram que um dispositivo refrigerado com água e medindo duas vezes o tamanho da Terra poderia resistir ao calor resultante de todo o processo.

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Eles então se perguntaram: mas por que construir um instrumento destes? A resposta, segundo os cientistas, é que o uso mais plausível de tal ferramenta seria para impulsionar velas solares interestelares. A quantidade de energia envolvida seria suficiente para empurrar um volume de um milhão de toneladas – ou aproximadamente 20 vezes os maiores navios de cruzeiro na Terra.

“Isso é grande o suficiente para transportar passageiros vivos através de distâncias interestelares ou mesmo intergalácticas”, aponta Lingam.

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Para alimentar uma vela solar, o transmissor precisaria continuamente focar um feixe nela. Na Terra, quem estivesse observando veria um breve flash porque a vela e seu planeta, estrela e galáxia hospedeiros estão se movendo em relação a nós. Como resultado, o feixe varreria o céu e só apontaria em nossa direção por um momento. Aparições repetidas do feixe, que foram observadas mas não podem ser explicadas por eventos cataclísmicos astrofísicos, podem fornecer pistas importantes sobre sua origem artificial.

Loeb admite que este trabalho é especulativo. Quando perguntado pelo Phys.org se realmente acredita que alguma rajada rápida de rádio se deve a alienígenas, ele respondeu: “A ciência não é uma questão de crença, é uma questão de evidência. Decidir previamente o que é provável limita as possibilidades. Vale a pena expor ideias e deixar que os dados as julguem”. [Phys.org]

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