10 tecnologias inspiradas na natureza

Por , em 20.03.2013

“Não posso deixar de pensar nos organismos que vivem graciosamente nesse planeta”, disse a escritora científica Janine Benyus durante uma palestra sobre biomimética.

Nesse ramo de estudo, cientistas buscam na natureza “respostas” para diversas demandas, como filtragem de água, redução de emissões de gás carbônico (CO2) e cura de ferimentos. A seguir, você verá 10 tecnologias desse tipo.

1 – Trem-bala e o voo sem turbulência

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Os primeiros protótipos de trem-bala criavam uma explosão sonora ao sair de um túnel, o que não era desejável, claro. Em seguida, o engenheiro da empresa J. R. West, que tem o hábito de observar pássaros, começou a estudar espécies como o martim-pescador, capaz de mergulhar na água quase sem causar ondulações – “eles vão de uma densidade média, o ar, para outra densidade média, água, sem espalhar água”, percebeu. Alterações no projeto baseadas nessa habilidade do pássaro tornaram o trem-bala 10% mais rápido com 15% menos gasto de eletricidade, além de praticamente eliminar a explosão sonora.

2 – Tubarões vs. bactérias

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O tubarão-de-galápagos é capaz de manter a superfície de seu corpo livre de bactérias graças a minúsculas elevações presentes nela. Essas elevações seguem um padrão específico e impedem a adesão de bactérias – segredo aproveitado pela empresa Sharklet Technologies, que fabrica revestimentos que evitam o acúmulo de bactérias. Essa tecnologia reduz o uso de produtos químicos bactericidas (que são uma solução provisória, já que há cada vez mais micro-organismos resistentes a eles).

3 – Do nevoeiro para o copo

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No deserto da Namíbia, um pequeno inseto é capaz de coletar água a partir de um nevoeiro e, com isso, garantir a própria sobrevivência. “Ele tem ‘bombas’ na superfície de suas asas que agem como ‘ímãs para água’. A água adere a essas bombas, desce pelas laterais e vai direto para a boca da criatura”, explica Benyus. O pesquisador Andrew Parker, da Universidade de Oxford (Inglaterra), estudou o fenômeno e ajudou empresas de arquitetura a construir estruturas que, como o inseto, são capazes de coletar água de nevoeiro de modo eficiente. “10 vezes melhores do que nossas redes de capturar névoa”, diz.

4 – Corais e prédios

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Certos seres não consideram o gás carbônico um veneno: plantas e organismos que fazem conchas, corais, consideram-no um bloco de construção. Baseados na maneira como corais aproveitam a substância, cientistas desenvolveram uma “receita” de cimento que usa gás carbônico. Geralmente, na sua fabricação, uma tonelada de cimento emite uma de CO2. Com o novo método, emite-se meia tonelada, 50% menos.

5 – O segredo de um bom filtro

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Existem muitas maneiras pelas quais a natureza filtra água para retirar sal. Nós pegamos água e jogamos contra uma membrana, e então nos perguntamos por que a membrana entope e por que isso exige tanta energia. A natureza faz algo muito mais elegante. As células vermelhas do nosso sangue têm poros em forma de ampulheta através dos quais passam moléculas de água, mas não de sal, uma estrutura de filtragem de alta eficiência e que começou a ser usada por algumas empresas na fabricação de membranas de dessalinização.

6 – Borboletas limpas

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Sem gastar energia ou depender de substâncias químicas, borboletas são capazes de manter suas asas livres de sujeira (da mesma forma que os tubarões-de-galápagos mantêm sua superfície corporal livre de bactérias), graças à maneira como sua superfície interage com as moléculas de água e de impurezas – segredo aproveitado por algumas empresas especializadas em revestimentos.

7 – Eletricidade que cura

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Há evidências científicas de que o campo elétrico que existe ao redor das nossas células é essencial na cura de ferimentos. Por meio de processos químicos, é possível aumentar a intensidade desse fenômeno e, assim, criar curativos que aceleram diretamente a recuperação de tecidos – algo especialmente útil para diabéticos e outras pessoas que têm uma regeneração comprometida.

8 – Adesivo natural e (praticamente) universal

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Amoras silvestres (também conhecidas como “blackberries”, em inglês) têm pequenos ganchos que permitem que elas se grudem em diversas superfícies sem a necessidade de substâncias químicas adesivas – algo que pode ser aproveitado em setores como construção e embalagens.

9 – Folhas contra a poluição

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Certos tipos de árvore (como bordo, aspen e álamo) têm folhas capazes de absorver alguns tipos de poluentes com mais facilidade do que outras – 40% a mais, se esses poluentes estiverem combinados com oxigênio. O mecanismo por trás dessa eficiente absorção tem sido aproveitado por fabricantes de filtro de ar.

10 – Felinos e parachoques

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Um gato é capaz de cair de alturas consideráveis sem se machucar, graças a um detalhe anatômico: não há uma ligação esquelética direta entre sua clavícula e coluna vertebral, o que permite que os membros dianteiros absorvam o impacto da queda de modo eficiente – algo que pode ser usado para produzir grades de segurança e parachoques mais eficazes.[TED, AskNature.org]

12 comentários

  • Silvio Inoue:

    Há um erro no artigo. JR West não é um engenheiro. Sequer é uma pessoa. JR West significa Japan Railway West. (http://www.westjr.co.jp/global/en/)
    O responsável pelo projeto dos novos tipos de trem-bala japoneses é o sr. Eiji Nakatsu, que além de engenheiro da West JR é tb um grande fã de pássaros.
    http://www.birdfan.net/fun/etc/shinkansen/

  • jose Senen de Alencar:

    Realmente a Mãe Natureza é divina, faz coisas que a ciência ainda não consegue.
    Podemos encontrar na Natureza tudo que quisermos, agora, precisa saber procurar.

    • claudemir da silva:

      a natureza q fornece as idéias ao homem criar

  • aguiarubra:

    Taí! Apesar dos “pós-modernos”, a antiga aspiração da Ciência em entender a Natureza está de volta.

    É por ai, em harmonia com ela, é que poderemos nos salvar “disso” que temos agora: uma tecnologia que está desmontando, pouco a pouco, todas as condições naturais de sobrevivência com que ainda podemos contar.

  • pmahrs:

    A evolução de um ser se dá por seleção natural através da capacidade de enfrentar mudanças e ameaças e conseguir chegar a idade de reprodução vivo e saudável. Com o avanço da tecnologia isto é cada vez mais fácil para humanos e difícil para nossas ameaças microscópias. Nós tomamos remédios e usamos a tecnologia a nosso favor enquanto pragas, fungos e bactérias damos venenos e usamos a tecnologia contra elas. Obviamente estes “adversários” que sobreviveram são bem mais resistentes que colônias anteriores, enquanto nós podemos estar “desevoluindo” biologicamente. Será que não podem um dia a resistência e procriação destes microrganismos ultrapassar o desenvolvimento de nossa tecnologia já que avanço é geralmente atrelado ao lucro e algumas doenças raras não são muito pesquisadas por não trazer retorno em vendas de remédios? E se (tóc, tóc, tóc) uma catástrofe natural ou provocada, que derrube em cascada nossa tecnologia entrelaçada e dependente uma da outra; voltaremos a tecnologia de 300 anos atrás com humanos dependentes de tecnologias, mas com bactérias bem mais fortes e resistentes que aquela época.

    • pmahrs:

      Mas é cedo, vida inteligente ainda é coisa relativamente nova no universo, ao menos pelo que sabemos até agora; não temos outros parâmetros, só podemos especular. Talvez ter inteligência e desenvolver tecnologia seja a melhor forma de se sobreviver no universo junto com outros seres maiores ou microscópios. Quem garante que já não estaríamos extintos se não fosse as primeiras tecnologia?

  • Cristiano Rola:

    Poderiam desenvolver um celular como o gato, que caísse e não quebrasse!!! Aí sim seria útil.

  • Cesar Grossmann:

    A Evolução teve centenas de milhões de anos para burilar estes sistemas, inspirar-se nos resultados dela em vez de começar do zero em geral é uma boa ideia.

    • hermes garcia filho:

      matéria fantástica. nota 10.

  • ligodracir:

    A Mãe Natureza tem sido e vai continuar a ser a nossa grande inspiradora, a todos os níveis, não só o tecnológico.
    Viva a Natureza e vamos a ver se a conseguimos proteger para que os nossos descendentes possam tirar ainda mais proveito dela do que nós.
    Reciclem

    • Guilherme Euripedes:

      Reutilizem e Reduzam também.

  • Clebson:

    Natureza: Impressionantemente impressionante.

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