Seitas controlam e recrutam seus membros através destas 4 técnicas psicológicas

Por , em 18.05.2020

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Muitas seitas possuem crenças e incentivam atitudes bizarras ou perigosas, de lavagem cerebral até suicídio em massa.

Logo, você deve pensar que qualquer um que participe desses cultos é louco. De que outra forma alguém poderia acreditar que os seres humanos são recipientes para fantasmas de alienígenas? Ou que uma pessoa tão comum quanto eu e você é o novo messias com direito a centenas de “esposas espirituais”? Ou que o apocalipse está sempre prestes a acontecer?

Acontece que não é bem assim. A maioria das pessoas aliciadas por seitas são normais, saudáveis e inteligentes. Elas acabam sendo “sugadas” para dentro de fés potencialmente nocivas graças a táticas manipulativas usadas comumente por cultos, golpes e outras organizações ideológicas extremas para recrutar e controlar seguidores.

Confira quatro delas a fim de perceber quando algo parecido ocorrer com você:

Passo 1: escolher o alvo certo

A maioria das pessoas é suscetível de ser recrutada para um culto sob as condições certas. E quais são elas?

De acordo com uma pesquisa publicada na revista científica Psychological Reports, os indivíduos mais suscetíveis ao recrutamento por seitas são os mais estressados, os emocionalmente vulneráveis, os com pouca ou nenhuma conexão familiar e/ou os que vivem em condições socioeconômicas adversas.

Por exemplo, calouros de universidades são bons alvos, uma vez que normalmente ainda estão formando sua identidade e separaram-se recentemente de sua família.

Pessoas negligenciadas ou abusadas na infância também costumam ser facilmente recrutadas, porque desejam uma validação que lhes foi negada quando crianças.

Uma coisa que recrutadores não procuram é doença mental. Os cultos não querem membros imprevisíveis; pelo contrário, preferem pessoas estáveis que podem ajudá-los em suas causas e doar dinheiro.

Logo, os alvos mais comuns são pessoas saudáveis e racionais passando por períodos de vida estressantes.

Passo 2: bombardear o alvo com afeição e compreensão

Uma vez que as seitas identificam indivíduos vulneráveis e estressados, seus recrutadores literalmente bombardeiam essas pessoas com afeição, bajulação e validação.

De acordo com o educador e conscientizador sobre seitas Ronald N. Loomis, recrutadores costumam abordar estudantes em campi universitários, “fazendo tudo que podem para fazer o estudante se sentir especial e único”.

“Eles rapidamente tentam passar a mensagem de que são seus melhores amigos. E fingem interesses mútuos para dar a impressão de que vocês têm muito em comum”, explica.

Um culto em específico chegou a treinar seus recrutadores para esperarem por indivíduos do lado de fora de reuniões de aconselhamento, a fim de predar estudantes com problemas e oferecer a eles o conforto que deveriam obter com ajuda psicológica profissional.

Passo 3: isolar o alvo

Uma vez que os recrutadores conseguiram atrair um alvo com a promessa de compreensão da vida e do universo, o próximo passo é isolá-lo.

Em muitos casos, esse isolamento vem na forma de um “retiro” de alguns dias, período no qual a pessoa fica totalmente imersa na ideologia da seita.

Durante esses retiros, os indivíduos ficam fisicamente separados de amigos e familiares – que poderiam fornecer contrapontos importantes, ou seja, puxá-los de volta para a realidade – e muitas vezes sem acesso a qualquer informação externa, incluindo jornais, livros, TV e internet.

Isso garante que a única “verdade” que a pessoa experimenta seja a apresentada pelo culto.

Passo 4: controlar o alvo

Depois de convencer o alvo, bombardeá-lo com atenção e isolá-lo, os cultos precisam manter seu controle sobre eles.

Isso pode ser feito através de várias técnicas, que normalmente envolvem manter o indivíduo em um balanceamento entre terror e amor, submetendo-o repetidamente a esses dois sentimentos.

“Quando estamos com medo, não simplesmente fugimos do medo, mas corremos para um porto seguro, para alguém em que confiamos – e esse alguém geralmente é uma pessoa a quem nos sentimos apegados. Mas quando o suposto porto seguro é também a fonte do medo, então correr para essa pessoa é uma estratégia falha, fazendo com que a pessoa assustada congele, presa entre a aproximação e a evitação”, explicou a psicóloga social Alexandra Stein ao portal Aeon.

Essa relação desequilibrada aumenta a dependência dos indivíduos do líder do culto, garantindo seu controle. Esse estado exaustivo e congelado de “terror e evitamento” sobrecarrega os membros da seita e sua capacidade de pensar criticamente sobre a ideologia com a qual se comprometeram.

Como sair dessa influência? Isso geralmente exige um aliado. Pode ser um membro do culto que já se aborreceu com o sistema/ideologia, ou pode ser uma influência externa.

Uma vez que os cultos submergem os indivíduos em uma narrativa predominante, vozes dissidentes podem oferecer um marco para que uma pessoa se situe e encontre o caminho de volta à realidade objetiva. [BigThink]

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