Arqueólogos encontram calendário de 10 mil anos

Por , em 15.07.2013
Impressão artística de Warren Field cerca de 10.000 anos atrás, mostrando material queimando em um dos poços d "calendário"

Impressão artística de Warren Field cerca de 10.000 anos atrás, mostrando material queimando em um dos poços d “calendário”

Arqueólogos da Universidade de Birmingham (Reino Unido) acreditam ter descoberto o mais antigo calendário lunar do mundo em Aberdeenshire.

As escavações de um campo no Castelo de Crathes revelaram uma série de 12 poços que parecem imitar as fases da lua e acompanhar os meses lunares, datando de 8.000 aC.

[box]A base do calendário lunar é o movimento da lua em torno da Terra, isto é, o mês lunar sinódico, que é o intervalo de tempo entre duas conjunções da lua e do sol. Como a sua duração é de 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,8 segundos, o ano lunar (cuja denominação é imprópria) de 12 meses abrangerá 254 dias, 8 horas, 48 minutos e 36 segundos. Os anos lunares têm que ser regulados periodicamente, para que o início do ano corresponda sempre a uma lua nova. Na antiguidade, e mesmo depois, houve frequentes erros de observação desse início.[/box]

Os pesquisadores sugerem que o antigo monumento foi criado por caçadores-coletores cerca de 10.000 anos atrás.

O alinhamento do poço, em Warren Field, foi escavado pela primeira vez em 2004. Os especialistas que analisaram os poços disseram que ele pode ter contido um poste de madeira.

O “calendário” Mesolítico é milhares de anos mais velho do que os primeiros monumentos de medição do tempo conhecidos até então, criados na Mesopotâmia.

O alinhamento dos poços também é ajustado ao nascer do sol do Solstício de Inverno para prover uma “correção astronômica anual”, de forma que os caçadores-coletores podiam melhor acompanhar a passagem do tempo e a mudança das estações.

“A evidência sugere que as sociedades de caçadores-coletores na Escócia tinham tanto a necessidade quanto a sofisticação de controlar o tempo para corrigir o desvio sazonal do ano lunar, e que isso ocorreu cerca de 5.000 anos antes dos primeiros calendários formais conhecidos no Oriente Próximo”, disse Vince Gaffney, professor de arqueologia em Birmingham e principal autor da pesquisa. “Isso ilustra um passo importante na construção formal do tempo e, portanto, da própria história”.

Professor Vince Gaffney no Warren Field

Professor Vince Gaffney no Warren Field

A capacidade de medir o tempo está entre as mais importantes realizações humanas e a questão de quando o tempo foi “criado” pela humanidade é fundamental na compreensão de como a sociedade se desenvolveu.

As universidades de St Andrews, Leicester e Bradford também estavam envolvidas no estudo. Dr. Richard Bates, da Universidade de St Andrews, disse que a descoberta fornece uma “nova prova emocionante” do início do período Mesolítico na Escócia.

“Este é o primeiro exemplo de uma estrutura do tipo. Não há local comparável conhecido na Grã-Bretanha ou na Europa por vários milhares de anos”, afirma Bates.[BBC, Birmingham, SuperDicas]

2 comentários

  • Vitor Flôres:

    Convenhamos. Hoje nada nos parece estranho. Estamos sempre procurando padrões em tudo. Isto é uma característica da mente humana. Não devemos nos espantar com este tipo de achado. A não ser pelo próprio achado. Certamente o indivíduo que vivesse naquela época iria te chamar de burro se no segundo ano que você passasse pelo mesmo lugar e com a mesma lua e com a mesma cultura ou a mesma manada de caça estivessem lá e você não tivesse percebido. Talvez a quase totalidade dos vestígios se perderam por terem sidos gravados em materiais que se decompões facilmente. Realmente não vejo mais com espanto este tipo de constatação. Era a regra em nosso desenvolvimento.

  • Rogerio79:

    Muito interessante.

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