Assustador: apenas 9% dos adolescentes conseguem diferenciar fatos de opiniões

Por , em 29.12.2019

A cada dois anos, amostras de alunos de 15 anos do Brasil e outros 78 países participam do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Desde o ano de 2000 esta avaliação classifica alunos dos países participantes em matemática, ciências e leitura. Em 2018, o foco da avaliação foi na leitura, e os resultados não foram nada bons.  

Um estudo conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que coordena o PISA, constatou que apenas 9% dos alunos de 15 conseguem diferenciar fatos de opiniões. Este trabalho tem o título de “O que os estudantes sabem e podem fazer”.

No teste de 2018, os alunos realizaram leituras de textos de tamanhos moderados nas telas de computadores, mídia mais procurada pelos jovens para leitura, em comparação com livros, revistas e outros impressos. A participação global foi de 600 mil estudantes, sendo que e 10,7 mil foram no Brasil, em 638 escolas.

A pesquisa concluiu que menos de 1 entre 10 estudantes testados conseguem “distinguir entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relacionadas ao conteúdo ou à fonte da informação”. Apenas seis países conseguiram resultado melhor que 1 em 7 ao identificar fatos com sucesso: China, Canadá, Estônia, Finlândia, Singapura e Estados Unidos.

Os melhores leitores do mundo são da China, mais especificamente de quatro províncias: Beijing, Shanghai, Jiangsu e Zhejiang.

Os países participantes da América Latina, de forma geral, ficaram abaixo da média na compreensão de texto.

Nível de proficiência na leitura

A avaliação tem seis níveis de leitura. O aluno que está no segundo nível, por exemplo, consegue identificar a ideia principal de um texto de tamanho moderado, encontrar informação baseada em critérios explícitos, apesar de algumas vezes serem complexos. Ele também consegue realizar uma reflexão sobre o objetivo e forma dos textos quando orientado diretamente a fazer isso. Cerca de 77% dos estudantes têm nível 2 de proficiência.

Os melhores leitores conseguiram atingir os níveis cinco ou seis, onde alunos conseguem compreender textos longos, lidar com conceitos abstratos ou contraintuitivos, e estabelecer distinções entre fato e opinião, com base em pistas implícitas relacionadas ao conteúdo ou fonte da informação. Apenas 8,7% dos estudantes participantes atingiram estes níveis.

De forma geral, as observações apresentadas pelo trabalho servem de alerta claro de que ainda há muito o que fazer para melhorar o ensino e aprendizado de adolescentes no mundo todo.

“Hoje, eles vão encontrar centenas de milhares de respostas para suas perguntas na internet, e está nas mãos deles determinar o que é verdade e o que é falso, o que é certo e o que é errado”, diz o trabalho. “É por isso que a educação no futuro não é apenas sobre ensinar as pessoas, mas também ajudá-las a desenvolver bússolas confiáveis para navegar em um mundo cada vez mais complexo, ambíguo e volátil”.

Educomunicação

Uma possível solução para este enorme problema está na educomunicação, a educação para a mídia. Com ela, os consumidores de notícias e textos de todos os tipos aprendem a identificar características básicas de um conteúdo, como fontes e autores. Assim, têm maior autonomia para perceber se aquela é ou não uma notícia falsa.

[Big Think, OECD, Agência Brasil, Educomunicação]

7 comentários

  • Louis Morelli:

    O ser humano nasce com a tendencia de falsear a realidade, o mundo de toda crianca é magico. O fato de que aos 15 anos os seres humanos continuam com essa tendencia prejudicando sua distinção entre o falso e o real significa que os adultos em nada atuaram para corrigir este defeito infantil. Ese os adultos no papel de pais não atuaram nessa correção significa que eles proprios como adultos continuam crendo no falso. As duas visões de mundo reinantes – a mística magica religiosa e o materialismo igualmente místico – são produtos desse magicismo na mente adulta que reverte contra eles mesmos. Por tudo o que tenho visto publicado seja na Internet ou impresso, eu sou o unico lutando para defender uma nova visao do mundo que interpreta os fenomenos e eventos naturais de forma diferente das duas tendências dominantes, mas é como se um alienígena estivesse falando a macacos.

  • Hermes Oliveira:

    Recentemente ao ajudar um colaborador a imprimir com uma etiquetadora,expliquei que havia a necessidade de limpar a área para colar a etiqueta,mas que um pouco de óleo não impedia a cola,apliquei spray lubrificante em uma superficie e colei a etiqueta(fato),por incrivel que pareça embora a etiqueta ainda esteja lá,diversas pessoas me alertaram que não colava(opinião).Mundo extranho que vivemos que as pessoas estão enxergando o que querem e não o que ocorre na frente de seus olhos.

    • Cesar Grossmann:

      O spray lubrificante era de óleo? Você aplicou o adesivo sobre o óleo? Normalmente substâncias oleosas impedem a adesão, o fabricante chegou à esta conclusão depois de testar. Por isso tem um alerta acompanhando a etiqueta. Acho que a história está mal contada…

    • Hermes Oliveira:

      Respondendo o spray era de óleo mineral e já cansei de colar limpando até com óleo diesel a superficie e como disse não pode existir sujeira,que ira colar na cola da etiqueta,mas o óleo creio que é expulso por pressão atmosférica dado que a área da etiqueta é maior que o espaço entre a etiqueta e a superficie,seria igual usar agua para aplicar insulfilm,mas de qualquer forma cola.Porem escrever inumeras teorias não afasta o fato que estava colado e pessoas mesmo vendo o fato ocorrendo na frente de seus olhos afirmarem que não está colado e inventarem teorias mil do que não era o fato a etiqueta colada.O estranho não é colar ou não no óleo é como pode existir pesquisa séria se existe um comportamento deste nível em técnicos e engenheiros.Temos que usar o conhecimento adquirido sempre,mas estar acordado para enxergar que coisas ocorrem fora da caixa a todo instante e nem por isso não existem.

  • Massware Maharishi:

    É verdade. Falta filosofia com a distinção platonica entre doxa e episteme. Mas há outros problemas ainda mais básicos. O sistema de ciclos na educação fundamental só prmite reprovar o aluno a partir da terceira série, produzindo assim reprovação em massa. Para evitar isso, muitas diretoras no coc final aprovam na marra, contrariando as professoras. O banco mundial financia boa parte da edic. Fundamental, mas exige em contra partida bons indicesfe aprovação, que são construidos, na marra, da forma como expliquei. Tem de mudar esse regime de ciclos. URGENTEMENTE.

  • gilberto paulino dos Santos:

    Vou citar três motivos que acredito têm influência significativa nesta quetão.
    1- Os salários oferecidos aos professores são uma merda, por isso os bons professores deixaram de lecionar e foram atrás de outras oportunidades que paguem salários dignos.
    2 – Só como exmplo : Leonel Brizzola, quano foi governador do Estado do Rio de Janeiro, construiu “500” escolas públicas para o ensino primário e fundamental, que é sem dúvida nenhuma, a base de tota a educacão. Os governos seguintes, por serem de outros partidos e picuinhas que todos nós conhecemos, não deram a mínima atencão para dar sequencia neste grande projëto. Resumindo : Estas escolas apodreceram abandonadas no tempo e até serviram de depósito de armas e drogas do crime organizado. ( Eu estive lá e vi com meus próprios olhos).
    3 – Pergunta : Conhecendo os três poderes da república, isto é, se é que se pode chamar este Imperio Econômico Autoritarista de República, enfim…. Preciso dizer onde estão os culpados ?

  • Cesar Grossmann:

    Como fazem falta as aulas de filosofia e sociologia…

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