Astrônomos detectam a mais antiga e poderosa rajada rápida de rádio: Uma janela para o passado do cosmos

Por , em 22.10.2023
Impressão artística do caminho que a rajada rápida de rádio FRB 20220610A percorreu entre a galáxia de onde se originou (canto superior esquerdo) e a Terra, em um dos braços espirais da Via Láctea

Uma equipe de astrônomos realizou uma descoberta revolucionária ao detectar a mais antiga rajada rápida de rádio (FRB, na sigla em inglês) já observada, datando de aproximadamente 8 bilhões de anos. As rajadas rápidas de rádio são eventos enigmáticos de explosões de ondas de rádio provenientes do espaço, identificadas pela primeira vez em 2007. Esta FRB em particular se destaca não apenas como a mais antiga, mas também como a mais poderosa até o momento.

Ryan Shannon, um pesquisador da Universidade de Tecnologia Swinburne, na Austrália, explica que a energia liberada por esta FRB equivale ao que o Sol produz ao longo de 30 anos. Para ter uma ideia, ela possui energia suficiente para aquecer uma tigela de pipoca com o dobro do tamanho do Sol.

Os cientistas, liderados por Shannon, detectaram essa explosão, denominada FRB 20220610A, usando o radiotelescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder. Surpreendentemente, eles descobriram que ela era três vezes e meia mais energética do que as FRBs previamente observadas.

Acredita-se que as rajadas rápidas de rádio se originem de estrelas de nêutrons altamente magnetizadas localizadas em galáxias distantes e geralmente duram apenas uma fração de segundo. Shannon observa que, após sua detecção inicial, a maioria das FRBs nunca mais é observada.

Após uma investigação mais aprofundada na área do céu de onde a radiação emanou, utilizando o Very Large Telescope no Chile, os pesquisadores identificaram um aglomerado de galáxias que eles suspeitam abrigar a fonte da explosão.

Stuart Ryder, um membro da equipe de pesquisa da Universidade Macquarie, na Austrália, detalha que isso sugere que a explosão tem viajado pelo espaço por quase 8 bilhões de anos. Para contextualizar, o detentor do recorde anterior viajou por uma duração comparativamente menor de 5 bilhões de anos. Como resultado, essa última descoberta implica que as FRBs têm ocorrido por pelo menos metade da idade do universo, que tem aproximadamente 13,7 bilhões de anos.

Os astrônomos estudam as FRBs para obter insights sobre o início do universo. À medida que essas explosões atingem a Terra, algumas das ondas apresentam comprimentos de onda mais longos em comparação com outras. Essa discrepância decorre da interação entre a FRB e a matéria intergaláctica que ela encontra durante sua jornada, composta principalmente de partículas ionizadas em movimento livre, como elétrons. Essa interação retarda certas ondas e estica seus comprimentos de onda. Esse fenômeno fornece aos astrônomos informações valiosas sobre a uniformidade da matéria entre as galáxias, como explicado por Shannon.

À medida que os astrônomos continuam a explorar e analisar essa descoberta, ela promete abrir novos caminhos na compreensão do cosmos e do papel das rajadas rápidas de rádio em nosso universo. Além disso, essa observação reforça a importância da tecnologia de telescópios avançados, como o Australian Square Kilometre Array Pathfinder e o Very Large Telescope, que possibilitaram essa incrível descoberta e continuarão a expandir nossos horizontes cósmicos no futuro.

Essa pesquisa também destaca a colaboração global entre cientistas de várias instituições e países, demonstrando como o compartilhamento de conhecimento e recursos é fundamental para avançar em nossa compreensão do universo. Com cada nova descoberta, estamos um passo mais próximos de desvendar os mistérios do cosmos e ampliar nosso conhecimento sobre o universo em que vivemos. [New Scientist]

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