Adultos não acham bebês recém-nascidos fofos – e pode ser por causa de um motivo cruel

Por , em 13.03.2018

Apesar do que as mãe possam dizer, bebês recém nascidos são realmente menos fofos do que bebês um pouco mais velhos – e isso pode ter uma explicação evolutiva bastante cruel. Pelo menos é o que diz uma pesquisa feita pela Universidade de Brock, no Canadá.

Segundo o estudo, os adultos acham os rostos dos bebês mais bonitos ao redor dos seis meses de idade. Por isso, pais que não achem seus filhos recém-nascidos muito bonitos, não há motivos para desespero. “Queremos dizer aos pais que se eles não criarem laços instantaneamente com este bebê tanto quanto eles pensaram que criariam, isso é normal. O vínculo irá se construir e crescer ao longo do tempo”, diz Tony Volk, professor de Estudos de Crianças e Jovens da universidade.

Bebês recém-nascidos veem o mundo assim

O estudo foi tão simples quanto um estudo que analisa a beleza de bebês pode ser: Volk, a estudante de pós-graduação Prarthana Franklin e a estudante de graduação Irisa Wong mostraram 142 fotos de 18 bebês aos participantes de pesquisa. Algumas fotos foram tiradas pouco depois do nascimento, com três meses de idade e então com seis meses de idade.

Os pesquisadores perguntaram aos participantes o quão dispostos eles estariam a adotar os bebês com base em suas percepções sobre coisas como a fofura e a felicidade das crianças.

Os pesquisadores dizem que os adultos classificaram os recém-nascidos como os menos atraentes e os bebês de seis meses de idade apresentaram classificações mais altas em todas as pistas faciais

O estudo, intitulado “Os rostos dos recém-nascidos são menos atraentes?”, mostra que há uma tendência diferente daquela que os pesquisadores acreditavam anteriormente. “Isso foi interessante, porque geralmente pensamos que quanto mais novas, mais fofas as crianças são”, diz Franklin, autora principal do estudo.

Desapego necessário

Os bebês, sejam humanos ou não, possuem certos traços físicos que os adultos consideram “fofos”. Em bebês humanos, estes traços incluem olhos grandes, bochechas gordinhas, sorrisos grandes e aqueles ruídos bonitinhos que só os bebês sabem fazer. Pesquisas que remetem à década de 1940 teorizaram que a fofura de um bebê pode ter sido um importante aspecto evolutivo, pois geraria comportamentos cuidadosos nos adultos, garantindo a sobrevivência infantil.

Fotógrafa registra chegada instantânea de bebê em chão de hospital

Mas se fosse o caso, os bebês recém nascidos deveriam ser vistos como sendo os mais fofos de todos, pois são os mais vulneráveis ​​e precisam de mais proteção e cuidado, diz Volk. Inicialmente, ele e sua equipe de pesquisa ficaram intrigados com a descoberta de que a percepção dos adultos sobre a fofura se intensifica seis meses depois dos bebês nascerem. “Nós nos perguntamos por que haveria esse pico específico”, diz ele.

A teoria deles é que este “atraso” na fofura é resultado da falta de apego necessário aos humanos em relação a seus bebês no passado. Aos seis meses de idade, os bebês costumam sobreviver mais frequentemente a doenças do que bebês mais novos. Outros estudos e relatórios em todo o mundo mostram que a maioria dos infanticídios ou abandonos ocorrem nas primeiras semanas da vida de um bebê. Volk diz que este atraso na percepção é uma adaptação adulta que pode ser uma sobra dos tempos evolutivos, quando os recursos eram escassos e as doenças infantis eram mortais.

“Caçadores-coletores que já tinham um filho que estavam amamentando não podiam cuidar de dois filhos de uma só vez. Se você fosse uma mãe camponesa na Inglaterra medieval e só tivesse comida suficiente para uma criança e tivesse outra, ambas provavelmente morreriam, por isso era melhor ter apenas uma criança. Estas são decisões difíceis que os humanos lidaram por milhares de anos “, aponta o pesquisador. “Um atraso no apego torna essas perdas precoces mais fáceis de lidar”, sugere.

Esse bebê foi concebido apenas um ano após sua mãe nascer

Os pesquisadores acreditam ainda que podem haver outros dois fatores possíveis para o atraso na ligação entre o bebê e seus pais. Um deles é que pode levar até um mês para que os bebês desenvolvam a capacidade de sorrir conscientemente por felicidade. Outro, que os pais podem notar semelhanças entre si mesmos e os bebês somente após alguns meses de idade, o que aumentaria a ligação entre as partes.

E esta ligação também pode depender dos bebês. Pesquisas anteriores já mostraram que os bebês desenvolvem uma preferência por um cuidador específico e experimentam “ansiedade de separação” quando longe dessa pessoa quando têm cerca de sete meses. Formas de vínculo com recém-nascidos podem incluir massagem infantil, passar muito tempo com o bebê, manter um contato pele a pele e apoiar pais de primeira viagem psicologicamente tanto quanto possível. [Medical Xpress]

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