Descobrimos um planeta oceânico em nosso próprio sistema solar

Por , em 10.08.2020

O planeta anão Ceres — há muito considerado uma estéril rocha espacial — é um mundo oceânico com reservatórios de água marinha sob sua superfície, descobriu uma grande missão de exploração que divulgou seus resultados na segunda-feira.

Ceres é o maior objeto no cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter, o que permitiu que a sonda espacial Dawn da NASA capturasse imagens de alta resolução da sua superfície, de acordo com o portal Phys.

Agora, uma equipe de pesquisadores dos EUA e Europa analisou imagens enviadas pela sonda, capturadas a cerca de 35 quilômetros do planeta anão.

O local das observações do oceano de Ceres

oceano de Ceres

As observações focaram na cratera Occator — de vinte milhões de anos — e afirmaram que há um “extenso reservatório” de água salgada abaixo de sua superfície.

Inúmeros estudos publicados nesta segunda-feira nas revistas científicas Nature AstronomyNature Geoscience e Nature Communications também especificam mais detalhes sobre o asteróide, descoberto em 1801 pelo italiano Giuseppe Piazzi.

Porque os cientistas concluíram que Ceres é um planeta oceânico

Usando fotografias infravermelhas, pesquisadores encontraram hidrohalita um composto nunca encontrado fora de nosso planeta, mas comum no gelo do mar.

Maria Cristina De Sanctis, do Istituto Nazionale di Astrofisica de Roma, afirmou que a hidrohalita é um indício evidente de que Ceres tinha um água marinha .

“Agora podemos dizer que Ceres é uma espécie de mundo oceânico, assim como algumas das luas de Saturno e Júpiter”, a pesquisadora afirmou para a AFP.

A equipe afirmou que os depósitos de minerais parecem ter acumulado durante os últimos dois milhões de anos.

Porque a descoberta é importante

Essa observação indica que é possível que a salmoura ainda esteja emergindo do interior do planeta e isso poderia trazer implicações importantes para futuros estudos.

“O material encontrado em Ceres é extremamente importante em termos de astrobiologia. Sabemos que todos esses minerais são essenciais para o surgimento da vida”, ela disse.

Outro artigo científico de pesquisadores dos EUA analisaram as fotos da cratera Occator e determinaram que sua superfície irregular pode ter sido formada quando água congelou na superfície após ter sido lançada pelo impacto de um meteoro.

Os autores enfatizaram que suas observações demonstram que estes processos de congelamento de água “se estendem além da Terra e Marte, e têm estado ativos em Ceres no passado geologicamente recente”.

Mais detalhes:

  • C. A. Raymond et al. Impact-driven mobilization of deep crustal brines on dwarf planet Ceres, Nature Astronomy (2020). DOI: 10.1038/s41550-020-1168-2
  • A. Nathues et al. Recent cryovolcanic activity at Occator crater on Ceres, Nature Astronomy (2020). DOI: 10.1038/s41550-020-1146-8
  • R. S. Park et al. Evidence of non-uniform crust of Ceres from Dawn’s high-resolution gravity data, Nature Astronomy (2020). DOI: 10.1038/s41550-020-1019-1
  • M. C. De Sanctis et al. Fresh emplacement of hydrated sodium chloride on Ceres from ascending salty fluids, Nature Astronomy (2020). DOI: 10.1038/s41550-020-1138-8
  • B. E. Schmidt et al. Post-impact cryo-hydrologic formation of small mounds and hills in Ceres’s Occator crater, Nature Geoscience (2020). DOI: 10.1038/s41561-020-0581-6

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