Existe algum motivo plausível para os alienígenas parecerem conosco?

Por , em 28.09.2014

A grande maioria dos filmes de ficção científica mostram alienígenas como uma espécie de humanos de outro planeta. A maioria de nós não se importa com isto, mas sempre há quem se pergunte o motivo de tal coisa.

Para os filmes, provavelmente os motivos são psicológicos e econômicos. Nós nos identificamos melhor com os alienígenas que são humanoides ou que tenham traços humanoides. Michael H. New, astrobiólogo da NASA, aponta que “a maioria dos alienígenas é humanoide por que são os humanos que produzem ficção científica e, apesar de estarmos interessados no ‘outro’, nossa concepção de como seria o ‘outro’ é geralmente limitada”.

Economicamente falando, também era mais barato e mais simples montar uma fantasia que um ator pudesse vestir. Atualmente este motivo está quase superado, com o avanço dos efeitos especiais e computação gráfica. A identificação continua a mesma, no entanto.

Mas e os alienígenas “de verdade”? Existe alguma razão plausível para eles se parecerem conosco?

Panspermia

Uma das razões para os alienígenas se parecerem conosco poderia vir da panspermia – alienígenas humanoides espalhariam seu DNA pela galáxia, na esperança de que a vida emergisse em formas familiares a eles. Ou, na ausência de alienígenas humanoides, asteroides poderiam fazer este serviço.

Esta é uma das opiniões dos cientistas: se existirem alienígenas humanoides, o motivo deve ser alguma herança genética em comum entre eles e nós. Essa ideia é muito mais plausível do que dizer que a evolução produziria humanoides de forma totalmente independente em outro planeta, sem nenhuma contaminação com DNA terrestre.

Se encontrássemos alienígenas com a nossa cara, esta seria a explicação mais plausível. O problema é que a panspermia só tem alguma chance de acontecer com bactérias. E, neste quesito, o surgimento da espécie humana só aconteceu aqui porque aqui é aqui. Quer dizer, nosso corpo, nossa bioquímica e tudo em nós é reflexo do ambiente terrestre, sua gravidade, composição atmosférica, e até mesmo o bioma.

Evolução convergente

Esta é outra ideia: humanoides poderiam evoluir em outros planetas porque este é um caminho plausível para chegar onde chegamos.

Temos polegares opositores porque nossos ancestrais se penduravam em galhos e seguravam ferramentas, caminhamos em pé porque isto foi útil para nossos ancestrais, e temos sangue quente porque isto ajuda nosso cérebro a funcionar melhor.

Outros alienígenas em outros planetas poderiam vir a percorrer o mesmo caminho evolutivo e apresentar alguma semelhança conosco – bipedalismo, simetria bilateral e outros aspectos que também surgiram aqui no nosso planeta e evoluíram de forma independente em vários animais diferentes, de suricatos a velociraptores.

Talvez faça sentido imaginar que estas características, tão vantajosas para nós, também apareçam em espécies alienígenas. Em um livro de 1981, Life in Darwin’s Universe: Evolution and the Cosmos, Gene Bylinsky argumenta que existe um número limitado de soluções para formas de vida bem-sucedidas.

Ainda assim não dá para descartar o ambiente do planeta que, com suas particularidades, pode impor limitações diferentes sobre os organismos, e produzir então seres totalmente diferentes.

Simetria bilateral

Mesmo com todas as diferenças, a simetria bilateral, o fato simples que o lado esquerdo é um reflexo do lado direito, com praticamente todos os órgãos repetidos e espelhados, pode ser uma constante na vida inteligente. E, tendo simetria bilateral, começam as semelhanças conosco.

Com a simetria bilateral, a primeira coisa que acontece é que os órgãos vêm em pares (membros superiores e inferiores, e suas partes). Entre os animais, a solução mais comum para deslocamento é o quadrupedalismo, mas passar do quadrupedalismo para o bipedalismo não é tão difícil assim. Mais ainda, os órgãos sensórios também tendem a vir em pares – é só pensar nas orelhas e olhos (e esquecer por enquanto uma só língua e um só nariz, além de uma só boca).

Apesar disso tudo, a maioria dos cientistas acha improvável que alienígenas inteligentes sejam humanoides ou tenham uma forma que lembre a forma humana. E você, o que acha? [io9]

9 comentários

  • Tony E Nalda Dias:

    Se a panspermia explica o surgimento da vida na Terra, poderia explicar a possibilidade de vida em outros planetas. O arquétipo de vida…

  • Americo Afonso:

    Nós vivemos para alimentar nosso cérebro, todos membros e sentidos que possuímos são usados para ‘alimentá-lo’. Acredito que qualquer forma de vida inteligente, necessite do mesmo.

  • luysylva:

    tudo ser a semelha em qualquer lugar, todos os objetos são arrendados, as galácticas são bem parecidas, as rochas também por que então não ?

    • Cesar Grossmann:

      Existe uma lei, a Lei da Gravidade, que determina a forma arredondada de planetas e estrelas, mas não há uma lei que determine a forma do corpo de um animal, exceto a adaptação ao meio, resultado de mutações aleatórias e seleção natural.

    • Francisco Chagas:

      to nessa o meio influencia e muito na aparência e habilidades .que cor nos teríamos se nosso sol fosse violeta ? kkkkkk

  • Marcelo Mosczynski:

    Temos apenas um nariz e uma boca.
    1. Nariz não é um órgão sensorial, inclusive temos dois canais olfativos, que muitos animais podem saber de que lado vem mais o cheiro, vulgarmente poderíamos chamar de um sensor de 2D
    2. Não precisamos de duas linguás, pois para o paladar não faz sentido nenhum saber de que lado o sabor do alimento vem.
    Nas cobras a linguá é dividida justamente para aumentar a área de receptores, mas não entra no caso de simetria bilateral

    • Cesar Grossmann:

      O nariz é importante por que é o caminho para o ar chegar às fossas nasais, onde o olfato é processado (e o olfato é tão importante que estas células tem ligação direta com o cérebro).

      No caso da língua das cobras, elas usam a mesma para carregar os cheiros para os órgãos olfativos que ficam no palato, e a língua está dividida em duas justamente para a cobra descobrir de que direção vem um cheiro.

      Assisti este domingo um vídeo de Sir David Attenborough sobre o assunto.

  • Diego Braga:

    Acho a hipótese de Evolução convergente mais plausível. Se retrocedêssemos ao mesozoico encontraríamos diferentes espécies de animais bem semelhantes aos animais atuais, como o triceratops (rinoceronte), ictiossauro (golfinho), pterossauros (pelicanos e outras aves pescadoras), entre outros. Acho que se o universo é tão fértil em vida como eu penso, há espaço para criaturas bem estranhas, mas também para algumas um tanto familiares..

  • Kleber Felipe:

    Eu acho a Panspermia mais aceitável, mas somente a opção dos meteoros, pois, até onde eu sei sobre genética e afins, seria no mínimo “difícil” (para não falar impossível) fazer com que uma molécula de DNA de humanoides, sobreviva a todo um processo evolutivo, para enfim, chegar a nós humanos, depois de mais de um bilhão de anos de evolução. Tirando o fato que tal hipótese ignora os outros seres vivos, pois, o propósito inicial, era criar somente humanoides…

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