Cientistas criaram um implante de retina artificial pode restaurar a visão em milhões de pessoas

Por , em 14.03.2017

Cientistas do Instituto Italiano de Tecnologia desenvolveram um implante retinal que pode devolver a visão para ratos de laboratório, e estão planejando testar o procedimento em humanos até o final do ano.

O implante converte a luz em sinais elétricos que estimulam os neurônios da retina, e traz esperança para milhares de pessoas que sofrem com degeneração retinal, como a retinite pigmentosa, em que as células fotorreceptoras morrem, impactando na visão periférica, central e na discriminação de cores.

A retina fica no fundo do olho, e é formada por milhões de cones e bastonetes, que são os responsáveis por captar a luz que bate nos olhos. Mutações em qualquer um dos 240 genes identificados relacionados à retina pode causar a degeneração retinal. Nesses casos, as células da retina são afetadas, mas os nervos ao seu redor continuam intactos, o que permite que este implante do Instituto Italiano de Tecnologia funcione.

O implante é feito de uma camada fina de polímero condutor, colocado em uma base e coberto por um polímero semicondutor. Este polímero semicondutor age como um material fotovoltaico, absorvendo fótons quando a luz penetra na lente dos olhos. Quando isso acontece, eletricidade estimula os neurônios retinais, preenchendo a falha que existe na retina do paciente.

Para testar o implante, pesquisadores o colocaram nos olhos de ratos geneticamente selecionados para desenvolver a degeneração retinal. Depois que os ratinhos se recuperam da cirurgia por 30 dias, os pesquisadores testam a sensibilidade para a luz, comparando o reflexo pupilar dos indivíduos transplantados com os de ratos saudáveis e ratos com a degeneração que não passaram por tratamento.

O que os pesquisadores observaram é que com a baixa intensidade de 1 lux (o equivalente à luz da lua cheia) os ratos tratados não mostravam resultados muito melhores que os ratos sem tratamento. Já quando essa luminosidade aumentava para 4-5 lux (a luminosidade do céu crepuscular) os ratos tratados mostravam resultados semelhantes aos animais saudáveis.

Quando os ratos foram testados novamente dez meses depois da cirurgia, o implante ainda se mostrou eficaz nos ratos, mas todos os participantes (saudáveis, tratados e não tratados) apresentaram perda visual por conta da idade mais avançada.

Usando um aparelho de tomografia para monitorar as atividades cerebrais dos ratos durante os testes de sensibilidade à luz, os pesquisadores viram uma melhora na atividade do córtex visual primário, que processa a informação visual.

Com base nos resultados, os pesquisadores concluíram que o implante ativa diretamente os circuitos neuronais residuais da retina degenerada. Novas pesquisas são necessárias para explicar exatamente como a estimulação funciona no nível biológico.

Por enquanto não há garantias que os ótimos resultados observados nos ratos se repetirão nos humanos, mas a equipe de pesquisadores está otimista. “Esperamos replicar os resultados excelentes nos humanos”, diz a pesquisadora Grazia Pertile. “Estamos planejando realizar o primeiro teste em humanos na segunda metade deste ano e coletar resultados preliminares em 2018. Este implante pode ser um divisor de águas no tratamento de doenças que debilitam retinas”. [Science Alert]

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