Cientistas Descobrem ‘Botão da Morte’ que Ativa a Morte de Células de Câncer

Por , em 23.11.2023

Cientistas descobriram um método revolucionário para abrir caminho até o núcleo de tumores malignos, facilitando a introdução de tratamentos medicinais. Esse processo envolve a ativação de uma espécie de ‘explosivo controlado pelo tempo’ nas células que formam os vasos sanguíneos que alimentam o tumor.

Esses vasos são cruciais porque regulam o acesso ao tumor. Enquanto não forem desbloqueados, as células imunes modificadas, que são fundamentais na luta contra o câncer, não conseguem penetrar eficazmente no tumor.

O mecanismo explosivo mencionado é um receptor de ‘mortalidade’, conhecido como Fas (ou CD95). Quando esse receptor é estimulado por um anticorpo específico, ele inicia a autodestruição programada da célula.

Pesquisadores das universidades da Califórnia, Davis (UCD) e Indiana afirmam que, até recentemente, o receptor Fas não recebia a devida atenção na imunoterapia do câncer. Até agora, nenhum anticorpo direcionado ao Fas alcançou a fase de testes clínicos.

No entanto, em estudos recentes com modelos de camundongos e linhas celulares humanas, os cientistas da UCD identificaram anticorpos que, ao se ligarem aos receptores Fas, induzem a autodestruição efetiva.

“Antes, as tentativas de mirar neste receptor não tiveram sucesso. Mas agora, com a identificação deste epítopo, surge um caminho terapêutico para mirar o Fas em tumores”, afirma o imunologista Jogender Tushir-Singh, autor principal do estudo.

Uma célula tumoral espectadora (dourada) é morta pela célula CAR-T mediada por Fas (vermelha), que também pode atacar outras células cancerígenas (azuis).

O anticorpo que se liga a este epítopo, uma parte específica do receptor de mortalidade, funciona como um interruptor de desligamento da célula.

Com este ponto de controle imunológico aberto, outras terapias contra o câncer, como a terapia CAR-T, podem acessar mais de seus alvos, que geralmente estão agrupados e escondidos dentro do tumor.

A terapia CAR-T opera reprogramando os linfócitos T, um tipo de célula branca do sangue, para reconhecer e atacar células cancerígenas específicas.

Estas células imunes personalizadas, no entanto, frequentemente não conseguem ultrapassar as células ‘espectadoras’ que não apresentam os antígenos normalmente visados nas células tumorais.

Consequentemente, a terapia CAR-T só tem aprovação para tratamento de cânceres sanguíneos ou leucemia, mostrando-se menos eficaz contra tumores sólidos.

“Tais tumores são frequentemente chamados de frios porque as células imunes simplesmente não conseguem penetrar seus microambientes para exercer um efeito terapêutico”, explica Tushir-Singh.

“Se não conseguimos que as células imunes e os anticorpos se aproximem das células tumorais, nossos esforços são em vão. Portanto, é necessário criar caminhos para a infiltração das células T.”

Nos experimentos recentes na UCD, os cientistas desenvolveram dois anticorpos engenheirados extremamente eficazes em se ligar aos receptores Fas e induzir a autodestruição das células espectadoras. Isso foi observado tanto em modelos de câncer de ovário quanto em várias outras linhas de células tumorais testadas em laboratório.

O ligante Fas desenvolvido pelos pesquisadores conseguiu interagir com duas partes críticas do receptor Fas, que, segundo eles, devem ser investigadas mais a fundo como potenciais alvos de medicamentos.

Se as células CAR-T puderem eventualmente ser projetadas para mirar nessas partes do receptor em células espectadoras, a terapia poderia se tornar muito mais eficaz contra tumores.

“Deveríamos conhecer o status de Fas do paciente, especialmente as mutações ao redor do epítopo descoberto, antes mesmo de considerar a terapia CAR-T”, diz Tushir-Singh.

“Este é um indicador crucial para a eficácia do tratamento de células espectadoras pela terapia CAR-T. Mais importante ainda, isso abre caminho para desenvolver anticorpos que ativem o Fas, matem seletivamente as células tumorais e potencialmente aprimorem a terapia com células CAR-T em tumores sólidos.” [Science Alert]

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