Como eremitas enganam seus vizinhos e roubam sua “casa”

Por , em 26.12.2012

Na maioria das vezes, caranguejos eremitas fazem exatamente o que seu nome sugere: vivem sozinhos, sem socializar com outros membros próximos de sua espécie.

Porém, em alguns casos, eles acabam tendo que se encontrar, nem que seja para “trocar de casa”.

Os caranguejos eremitas gostam de viver dentro de conchas de caracol antigas e/ou abandonadas. Eles esvaziam esses “reservatórios” para ganhar espaço para seus ovos e para seu próprio crescimento. É uma vida basicamente doce, exceto pelo problema de encontrar uma concha de caracol em primeiro lugar.

E não é só o desejo de encontrar uma casa que todos os eremitas têm em comum, mas também o de trocá-la quando esta estiver pequena demais.

Algumas espécies de caranguejos eremitas terrestres têm um jeito peculiar de fazer isso.

Quando um caranguejo está no mercado para uma nova concha, sua melhor aposta é enganar outro caranguejo, fazendo-o desistir de sua própria concha. Como muitos humanos concordariam, isso é bem fácil do que sair procurando por uma casa e conquistá-la legitimamente.

Esse processo de “roubar uma casa maior” entre os eremitas é de fato notável, conforme observaram pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).

Para dar início ao “comércio”, apenas três caranguejos precisam se encontrar, o que por sua vez atrai dezenas de outros caranguejos ao local. Em seguida, eles se organizam da menor a maior concha, em uma espécie de “círculo” cleptomaníaco de caranguejos (não bem um círculo, como você vê na foto abaixo, mas uma bagunça maluca).

O caranguejo com a segunda maior casca pula para a casca ainda maior na frente dele, tornando-a sua própria casa. O processo se repete por toda a linha até que cada caranguejo esteja em uma casa maior, exceto pelo caranguejo que iniciou o evento com a melhor concha de todos.

O prêmio por ter a melhor residência? Tentar se espremer na menor concha que sobrou ou continuar sem uma.
Concha pequena é melhor que concha nenhuma, mas por bem pouco. “O que será arrancado de sua casca é muitas vezes deixado com a menor concha de todas, com a qual ele realmente não pode se proteger. Então, ele fica passível de ser comido por qualquer coisa. Para caranguejos eremitas, é realmente sua sociabilidade que impulsiona a predação”, explica o pesquisador Mark Laidre.

O fenômeno de roubar casas entre esses animais é particularmente intrigante, justamente porque são criaturas naturalmente solitárias. Seja como for, os cientistas dizem que foi o caminho evolutivo que os levou a escavar e viver dentro de conchas de caracol, da mesma forma que os forçou a conviver ocasionalmente, quando precisam trocar de casa. Quem sabe daqui a uns milhares de anos eles possam evoluir boas maneiras também…[io9]

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