Descoberto o segredo das estranhas estruturas de seda das árvores da Amazônia

Em junho deste ano, o estudante Troy Alexander foi a uma reserva natural no sudeste do Peru, em meio à floresta amazônica, e observou algo estranho. Coladas ao tronco das árvores, havia minúsculas “torres” de seda, compostas de um pilar central e uma “cerca” circular correndo por volta dele. A estrutura não passava de 6 milímetros de diâmetro.
Sem ter a menor ideia do que era aquilo, o estudante tirou fotos e postou na internet, na esperança de alguém desse uma pista. Mas as imagens correram a web e ninguém soube dar uma resposta conclusiva.
Uma equipe de pesquisadores americanos, de universidades e instituições biológicas da Flórida e da Califórnia, resolveu viajar ao Centro de Pesquisa Tambopata, próximo ao norte da Bolívia, e desvendou o mistério: as pequeninas torres são fabricadas por aranhas.

Liderada pelo botânico Phil Torres, a equipe chegou a uma ilhota no rio Tambopata no dia 10 de dezembro. Com meia hora de caminhada pela mata, acharam a primeira torre. Em mais 20 minutos, outras quatro, e ao longo de alguns dias, mais de 40 foram identificadas, não apenas em árvores, mas também bambus e até folhas.
Observando tais torres mais atentamente, eles viram que pequenos ácaros corriam de lá para cá entre os pequenos fios de seda. Mas ácaros não produzem seda; os que ali estavam ficaram presos de algum outro modo.

Mais tarde, a resposta apareceu: havia na torre um diminuto ovo, rachado na base, mas ainda não dava para saber de que espécie. A mais provável era alguma aranha, mas isso parecia estranho: por que ela botaria apenas um ovo no local, e não vários de uma vez? Este fenômeno, de um único ovo para cada estrutura, foi achada em outras torres nos dias que se seguiram.
Os cientistas dão a esta estrutura o nome de “espermatóforos”, embora este seja diferente do que se conhecia até então. Levou algum tempo para que o primeiro ovo chocasse – isso só aconteceu no dia 16 de dezembro. Do ovo, saiu um filhote de aranha. Pouco tempo depois, outros dois deram frutos. E os pesquisadores confirmaram sua teoria: a coisa funciona como uma espécie de berçário para uma única aranha bebê.

Ainda há questões em aberto, porém. Em primeiro, ainda não se sabe exatamente qual é a espécie do artrópode, já que eles costumam botar ovos às dezenas. A compleição física lembra algum exemplar da família Salticidae, a família mais numerosa de aranhas, com mais de 5 mil espécies. Mas é possível que se trate de uma nova. As investigações continuam. [Wired / Doubtful News]

6 comentários
Bom dia, característica unica de reprodução, nossa.
Mas queria saber se obterão mais informações sobre descobertas deste aracnídeo.
Olá! Em primeiro lugar eu gostaria de parabenizar pela página. Esta já é a mais visualizada por mim! Em segundo gostaria de fazer duas observações com correções: O texto erra ao dizer que os ácaros não tecem: os Tenuipalpidae tecem; a foto ao final do texto mostra uma aranha que definitivamente não é uma Salticidae, olhando pelo “jeitão” dela (como quelíceras robustas, por exemplo) podemos dizer que pertence à família Corinnidae ou à família Miturgidae (claro que para sabermos a exata família precisaríamos correr uma chave dicotômica com um espécime).
Como alguns aqui, acertei na teoria. Tanto na função da torre, como a da cerca que ficava ao redor, que era pra servir de armadilha para insetos pequenos. ;]
Moro em Manaus e sempre via isso pelas matas do sítio do meu sogro. Sõ nao achava que se tratava de uma especie nao catalogada.
Mais uma prova de que ainda há muito a ser descoberto no mundo.
Mas é uma pena que esta descoberta não tenha sido feita por sul-americanos, visto que estas estruturas se encontram na amazônia.
Assim que caiu na rede essas imagens, fiquei curioso demais para saber que tipo de inseto faria isso.
Agora que descobri que é uma aranha, achei bem estranho, agora é esperar pra saber que tipo de aranha faz uma estrutura tão fascinante quanto essa.