Podemos carregar DNA de duas outras espécies além do DNA de Neandertais
Sabemos bem que houve um rala-e-rola entre humanos modernos (também conhecidos como “nós”) e Neandertais, espécie hominídea agora extinta, no passado. O que muitos não sabem é que existem evidências de que os safados humanos modernos também cruzaram com outras espécies, como o hominídeo de Denisova e uma quarta espécie hominídea ainda não identificada.
Pelos menos é o que acreditam os geneticistas evolutivos.
Análises genéticas em fragmentos de ossos de Neandertais e hominídeos de Denisova ofereceram uma nova visão sobre o nosso passado evolutivo não tão distante (estamos sozinhos no planeta há 10.000 anos, mas isso é “pouco” quando comparado à idade da Terra).
Os resultados indicam que não apenas essas duas espécies cruzaram com o Homo sapiens, mas também que cruzaram com um quarto grupo hominídeo.
Colegas humanos
Neandertais surgiram cerca de 200.000 anos atrás e foram provavelmente os primeiros hominídeos conhecidos a usar roupas, enterrar mortos e criar línguas. Cientistas pensam que o último ancestral comum do Homo sapiens e dos Neandertais existiu cerca de 400.000 anos atrás. Hoje, pesquisas indicam que pessoas com ascendências fora da África podem ter obtido cerca de 2% de seu genoma a partir dos Neandertais.
Já os hominídeos de Denisova são um grupo extinto que fazem parte de nossa linhagem evolutiva. Nosso conhecimento deles vem de fragmentos de ossos encontrados em uma caverna que datam de cerca de 30.000 a 50.000 anos atrás. A análise genética desses ossos não gerou resultados muito claros. Há evidências de que certas populações de seres humanos vivos receberam até 4% do seu DNA a partir dessa espécie, embora haja debate em torno desse dado.
No fim do ano passado, em uma reunião da Royal Society, David Reich, geneticista evolutivo da Universidade de Harvard (EUA), falou sobre uma pesquisa na qual realizou análises de versões muito mais completas que as anteriores de genomas dessas duas espécies, e que o genoma dos hominídeos de Denisova sugere que a população cruzou com ancestrais de povos da Oceania, Neandertais e humanos modernos na China e outras partes da Ásia Oriental.
Surpreendentemente, o genoma também indica que os hominídeos de Denisova cruzaram com mais uma população extinta de humanos arcaicos, que viviam na Ásia mais de 30.000 anos atrás.
Há uma especulação de que essa população possa ser relacionada com Homo heidelbergensis, uma espécie que deixou a África cerca de meio milhão de anos atrás e mais tarde deu origem aos Neandertais na Europa, mas a verdade é que não sabemos ao certo.
Se realmente ocorreu essa “mistureba” no passado, no entanto, pode ser que nós tenhamos em nossa DNA mais contribuições do que o pensado – de pelo menos três outras espécies.
Mais estudos podem esclarecer esse mistério. [IFLScience, Nature]