Especialista explica por que você não deve deixar seu gato sair de casa sozinho

Por , em 19.04.2019

Se você tem um gato como animal de estimação, provavelmente deixa ele dar uma voltinha para fora de vez em quando. Mas você sabe o que ele faz quando vai para a rua sozinho?

Um estudo do Instituto Smithsonian de Conservação de Biologia e do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos Estados Unidos de 2013 descobriu: eles caçam. E matam muito mais animais do que pensávamos.

A estimativa é de que, somente nos EUA, cerca de 2,4 bilhões de aves e 12,3 bilhões de mamíferos sejam mortos por gatos a cada ano. Cerca de 29% das mortes de aves e 10% das mortes de mamíferos podem ser atribuídas a gatos domésticos em particular.

“Alguns gatos não matam nada, alguns matam 20 animais por semana”, explica Peter Marra, um biólogo conservacionista que participou do estudo.

Isso é um problema?

Marra é um dos autores do livro “Cat Wars: The Devastating Consequences of a Cuddly Killer” (em tradução literal, “Guerras felinas: as consequências devastadoras de um assassino fofinho”).

Por conta das implicações ao meio ambiente, ele tem uma opinião formada sobre se você deveria deixar o seu gato de estimação passear pelo quintal ou pelo bairro sozinho: não deveria.

Isso não significa que você precisa deixá-lo trancado dentro de casa. Existem formas de entreter o seu felino sem expô-lo a perigos, e sem que ele seja um perigo para outros, como fazemos hoje com os nossos cachorros.

Controle de pragas?

“A primeira coisa que você tem que perceber é que os gatos não são uma espécie nativa. São uma espécie domesticada. Se os gatos saem de casa, eles são um componente não natural de um ecossistema. Eles são um predador que normalmente não existe nesses ambientes, então outras espécies não esperam ser atacadas por ele”, esclarece Marra.

Ok, talvez não seja legal que eles matem pássaros, mas e quanto aos mamíferos? Estamos falando de ratos, certo? Isso não pode ser uma coisa boa?

Não. Gatos vão atrás de qualquer coisa: insetos, répteis, anfíbios. Claro, eles vão atrás de ratos também, mas não dos maiores. Roedores muitas vezes vistos como pragas (no caso dos EUA, podemos citar o rato-veadeiro ou a ratazana-do-prado) são na verdade espécies nativas, e exterminá-los pode prejudicar o ecossistema.

“Usar gatos para o controle de pragas é algo que nenhum exterminador que se preze jamais recomendaria”, sela Marra.

Faça com seu gato o que faz com seu cachorro

Eu imagino que é difícil convencer as pessoas que um gato solto na varanda da frente de uma casa seja uma ameaça. Mas Marra acredita que temos a responsabilidade de proteger as espécies nativas, assim como os gatos que estão sob nossos cuidados.

“Temos que lembrar que, uma vez que um gato sai, ele também é vulnerável a ser atropelado por um carro – que é a principal maneira de serem mortos – ou a ser caçado por um coiote, uma coruja ou outro predador”, argumenta o especialista.

É muito parecido com a forma como não deixamos mais um cachorro sair para passear sozinho. Costumava-se fazer isso nos anos 1960 e início dos 70, mas depois percebemos que a raiva era um problema, cães sendo atropelados era um problema, cães mordendo pessoas era um problema.

“Os gatos são agora os animais domesticados n° 1 a espalhar a raiva para os seres humanos. Antes eram os cachorros. Temos que mudar nossa mentalidade sobre como tratamos gatos”, alerta Marra.

Você pode construir um pátio para seu gato se divertir, ou passear com ele de coleira, como faz com seu cão. “Nós vimos mudanças no passado, com os cães. É possível, e é por isso que continuo esperançoso”, conclui. [PSMag]

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