Novo programa da Netflix torna a ciência divertida para as crianças

Por , em 31.01.2019

Crianças são seres cheios de questionamentos. Conforme elas vão crescendo e tendo contato com mais partes do mundo ao seu redor, é natural que queiram entender como as coisas funcionam. Suas perguntas, porém, podem não ser as mais fáceis de responder. De onde vêm os pensamentos? Qual o tamanho do universo? Peixe faz xixi?

Como fazer uma criança entender conceitos científicos complexos: estudo

“Você está prestes a descobrir”, promete Sahana Srinivasan no trailer do novo programa de ciências da Netflix, “Brainchild” (a versão brasileira é chamada “Eu e o Universo”). Parecido com shows de ciência populares para crianças e adolescentes, como o consagrado “Mundo de Beakman”, o programa tem a intenção de tornar a ciência divertida e acessível. Nós vimos alguns episódios e é possível dizer que essa tarefa é bem sucedida.

A primeira temporada do programa foi lançada em 2 de novembro de 2018 e conta com 13 episódios. Os tópicos abordados por Srinivasan e seus convidados são bastante variados e vão desde o impacto que as mídias sociais têm em nossas vidas até a busca por vida no universo.

Diversidade na ciência

Uma das maiores novidades do programa está em sua apresentadora. Srinivasan, de 22 anos, é uma jovem indo-americana nascida no Texas que, além de seu papel como apresentadora em “Eu e o Universo”, também estuda para se formar em rádio, televisão e cinema pela Universidade do Texas. Em entrevista ao site da Rádio Pública Nacional dos EUA (NPR), ela diz acreditar que apresentar o programa permite que ela represente uma maior diversidade na ciência.

“Em programas de TV e filmes é quase sempre um cara. Quando vemos isso, pode ser desanimador para garotas que estão muito interessadas em entrar nos campos STEM (termo usado para designar os estudos de ciência, tecnologia, engenharia e matemática em inglês) – ou STEAM, que incorpora arte entre a engenharia, ciências, matemática, etc. Então, ver uma mulher falar sobre ciência é muito renovador e envolvente ao mesmo tempo”, acredita.

Por que há menos mulheres na ciência?

A diversidade, inclusive, é a razão pela qual o popular rapper norte-americano Pharrell Williams assinou contrato para produzir o programa, de acordo com Srinivasan. Williams também trabalhou como produtor e co-compositor no filme “Estrelas Além do Tempo”, que conta a história de três mulheres negras que trabalharam na NASA e ajudaram a enviar astronautas americanos ao espaço.

Srinivasan diz que já recebeu mensagens de garotas jovens inspiradas por seu trabalho no programa. “Ver uma mulher conversando com você sobre ciência e outras coisas é muito encorajador para garotas jovens e elas me mandam mensagens sobre isso. Eu também tenho [mensagens] de mulheres de cor, garotas indianas, que me dizem que estão interessadas em atuar e isso é inspirador para elas”, conta.

Diversão e conhecimento lado a lado

Srinivasan não está sozinha na apresentação do programa. Logo no primeiro episódio, que fala sobre as mídias sociais, ela convida Alie Ward, uma “amiga da ciência”, para explicar, por exemplo, por que nós curtimos o que já é bastante popular nas redes sociais. “Como humanos, nós somos programados para gostar ou fazer o que é popular”, diz Ward, que, na verdade, é uma atriz e escritora americana, em sua participação. De maneira didática, ela explica que escolhas populares são comuns por uma razão evolutiva. “Este é um comportamento prático e adaptável necessário para a sobrevivência, seja escolhendo um fruto nutritivo ou um venenoso ou escolhendo o caminho seguro em vez do perigoso, seguir a multidão pode ser a diferença entre a vida e a morte”.

O episódio, de 24 minutos, aborda outros aspectos importantes – ou nem tanto – da nossa relação com as mídias sociais, como qual tipo de selfie recebe mais curtidas ou por que as pessoas são mais cruéis online do que na vida real – tudo baseado em estudos científicos.

Ward participa de toda a primeira temporada da série como uma convidada especial que explica estudos e pesquisas de maneira simples.

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O programa tem um equilíbrio bastante interessante entre experimentos científicos e quadros divertidos, como truques de mágica e encenações relacionadas ao tema, tudo com uma linguagem bastante atual e de fácil reconhecimento pelo público jovem.

Outro mecanismo bastante usado para chamar a atenção de quem assiste é o uso de referências da cultura pop e vídeos bastante populares na internet para explicar fenômenos científicos. No episódio 10, que fala sobre forças fundamentais da natureza, o programa utiliza o famoso vídeo de uma torre de energia “pulando corda” para explicar o poder da gravidade. O vídeo não tem nenhum som, mas conseguimos “ouvir” a torre batendo no chão em nossa cabeça. “Seu cérebro está tão treinado para esperar os efeitos da gravidade que preenche as lacunas do vídeo sem som, fazendo você ouvir o som que a gravidade criaria”, Srinivasan explica.

Da próxima vez que precisar responder uma pergunta científica da sua filha (ou mesmo se quiser aprender algumas coisas que não sabia sobre o nosso universo) assistir Eu e o Universo com ela pode ser um bom caminho. Assista o trailer abaixo [NPR]:

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