9 tipos bizarros de famílias que existirão daqui 50 anos

Por , em 19.07.2015

As nossas ideias sobre o que constitui uma família “normal” já mudaram muito desde 1960, e não há nenhuma razão para acreditar que vão parar de mudar. Mas o que será que pode acontecer de tão “estranho” com a tradicional família brasileira (e mundial)?

Não existe nenhuma definição rígida para o que é ou o que constitui uma “família”, e não há nenhum sentido em chegar a um consenso sobre isso. A família é um conceito fluido, que significa coisas diferentes para pessoas diferentes e em momentos diferentes.

Ao mesmo tempo, no entanto, as famílias são um microcosmo da sociedade. Isso as coloca em uma posição única e desafiadora; elas são, simultaneamente, a vanguarda da mudança social e muitas vezes o alvo de indignação moral.

Por exemplo, as leis anti-miscigenação só foram finalmente removidas de todos os estados estadunidenses em 1967, enquanto o casamento do mesmo sexo só se tornou legal no país no mês passado. Em comparação, o Canadá tem permitido o casamento do mesmo sexo desde 2005. O Brasil, desde 2013.

Mais mudanças e adaptações a fatores culturais, socioeconômicos e tecnologias são esperadas.

1. Vamos começar uma nova era de “agregados” nas famílias do brasil e do mundo

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As estatísticas mostram que as famílias multi-geracionais estão em ascensão, principalmente porque casa, comida e roupa lavada estão ficando cada vez mais caras. Da mesma forma, dois ou mais grupos familiares podem acabar decidindo viver juntos em uma única casa, para economizar dinheiro. Tipo uma república, só que de famílias.

As famílias não relacionadas que partilham uma casa são uma tendência muito forte por várias razões, que vão além da renda. Claro, os custos da habitação em muitas áreas urbanas estão se tornando cada vez mais insustentáveis, e as famílias estão encontrando dificuldades para viver por conta própria. Mas também é preciso um ambiente favorável para educar uma criança. Várias famílias em uma única casa podem compartilhar carinho, deveres e podem representar um grande benefício para pais solteiros ou aqueles que têm que trabalhar por turnos. Também é importante ressaltar que os parceiros dessas famílias poderiam permanecer exclusivos um para o outro, ou se envolver em relacionamentos poligâmicos.

Haverá desafios, é claro. As pessoas obrigatoriamente vão ter que se dar bem, respeitar a propriedade do outro, tomar cuidado com barulho, partilhar recursos comuns, e assim por diante.

2. As famílias vão ser cada vez mais multi-geracionais

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As tecnologias da medicina, que visam prolongar a vida com qualidade, também poderão ter um impacto significativo na dinâmica familiar.

Eventualmente, os humanos vão começar a viver bem em seus centenários, e vão ser tão vibrantes e saudáveis como quando eram mais jovens. Algumas pessoas “idosas” poderão até optar por ter filhos durante seus anos mais maduros, o que deve resultar em alguns cenários interessantes e inovadores.

Mesmo apenas 50 anos a partir de agora, as crianças poderiam ter uma chance de conhecer os seus tatara-tatara-avós. Além disso, no futuro, os seres humanos poderão ter irmãos ou irmãs séculos mais velhos ou mais novos. É difícil imaginar o que vai acontecer com relações familiares quando esse cenário se concretizar, especialmente no que diz respeito a heranças. Também não consigo parar de pensar como vão ser os almoços de domingo. Haja comida para agradar todo mundo!

3. Vai haver uma fluidez de gênero na família

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Estamos progressivamente caminhando para uma sociedade pós-gênero. Com isso, o papel da família como um meio para “defender” os papéis tradicionais de gênero está gradualmente começando a se dissipar.

Conforme a fluidez de gênero vai se tornando mais comum, você poderá ver famílias se tornando mecanismos de apoio à exploração de gênero e de transição, ao invés de proporcionar resistência a tais mudanças.

4. Famílias clonadas

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Partindo do princípio de que a clonagem humana pode, eventualmente, ser feita de forma segura e confiável, as dúvidas do público sobre esta potencial prática reprodutiva provavelmente devem desaparecer. E isso poderia levar a famílias em que filhos são os clones de um doador parente, ou algum outro doador, como um avô, um amigo ou até uma celebridade. Já pensou que loucura?

No futuro, os pais também poderão “encomendar” um ou mais clones de si mesmos, incluindo clones derivados de cada parceiro. Ao longo do tempo, esses clones poderiam se tornar multi-geracionais.

Para os membros dessas famílias, as diferenças comportamentais serão mais interessantes e agradáveis do que as semelhanças. Mas devemos ter cuidado com essa pretensão. Afinal, nossos genes não são tudo.

5. Babás robóticas e inteligência artificial

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Eu sou do time que acha um absurdo deixar um bebê aos cuidados de uma babá humana. Talvez um dia eu mude de ideia, mas agora, nesse momento, acho inconcebível. Agora, imagina deixar seu filho com um robô. Me parece pior ainda.

Mas, no futuro, esta deve ser uma prática normal.

Com o desenvolvimento da inteligência artificial, a tendência é que humanos e robôs desenvolvam relações cada vez mais íntimas. Desta forma, futuros filhos vão interagir com os substitutos de seus pais em versão robótica de várias maneiras. Usando computadores, dispositivos móveis ou alguma relação futurista que a gente ainda não consegue nem imaginar, eles vão ser supervisionados, ensinados a ler e a fazer contas, a brincar e se divertir. Um resumo dos acontecimentos do dia será enviado para os pais, juntamente com um relatório de progresso.

Mas isso deve demorar muito para acontecer.

6. Famílias colonizadoras do espaço sideral

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Em meados deste século, devemos ter uma presença colonial em Marte e, possivelmente, na lua também. Estes habitats provavelmente serão rudimentares, mas é razoável assumir que alguns colonizadores vão querer levar suas famílias junto, ou iniciar novas famílias quando chegarem lá.

Assim, eventualmente, vamos começar a ver a primeira geração de seres humanos que nunca vieram para a Terra.

Em algum momento, os humanos também vão querer embarcar em missões de longo prazo para as estrelas. Dadas as distâncias extremas envolvidas, eles terão que desenvolver naves muito completas para que a sobrevivência seja sustentável. Essas quase arcas interestelares vão viajar abaixo da velocidade da luz, e como poderão levar séculos ou mesmo milênios para chegar ao seu destino, os ocupantes originais provavelmente vão envelhecer e morrer no caminho, deixando sua prole para responsabilidade de continuar a missão. Se tal cenário realmente acontecer, os ocupantes humanos provavelmente vão continuar a evoluir, tanto biológica quanto culturalmente.

7. Famílias pós-criogenia

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Mais de uma dúzia famílias já se inscreveram na Alcor Life Extension Foundation, líder mundial em instalações de criogenia. Nós não temos ideia se as pessoas congeladas em tonéis de nitrogênio líquido serão trazidas de volta à vida um dia, mas o fato de essa possibilidade existir levanta alguns cenários interessantes.

Caso os seus sonhos de imortalidade se tornem realidade, essas famílias “reanimadas” literalmente se reunirão após a morte. Dado que alguns membros terão sido separados pelo congelamento de muitos anos, as reuniões irão ser particularmente emocionais e profundas.

A empresa deve assumir uma política baseada no tempo de congelamento para escolher a ordem de quem será reanimado. Com isso, alguns membros da família podem ter que esperar um tempo relativamente grande para voltarem. Uma vez reunidos, no entanto, essas famílias pós-congelamento vão ter que trabalhar juntas para se integram na nova sociedade futurista.

8. Famílias poderão ser mentalmente ligadas

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Os avanços na neurociência poderiam mudar irrevogavelmente a unidade familiar como a conhecemos hoje.

Imagine uma família ligada através de uma comunicação de mente para mente. Seria como vemos na série original do Netflix Sense8, em que os personagens são mental e emocionalmente conectados, sendo capazes de se comunicar através de linguagem bem diferenciada.

Se isso acontecer de verdade, a dinâmica familiar vai ficar completamente diferente. Já pensou não ter que perguntar em voz alta quem comeu o último pedaço do bolo, mas sim simplesmente saber!?

Claro que um conjunto de mentes interconectadas não precisa ser limitada aos membros da família apenas. Amigos e colegas poderiam se juntar também, o que levaria a uma comunidade altamente interconectada e íntima que exibiria um comportamento muito diferente do que vemos agora. Talvez, sentindo na pele o que a outra pessoa sente, a sociedade se torne mais tolerante.

Um avanço recente realizado por pesquisadores do Centro de Neuroengenharia da Universidade Duke, nos Estados Unidos, mostra que esse futuro pode estar mais perto do que pensamos. No experimento, os pesquisadores ligaram cérebros de macacos a eletrodos, permitindo-lhes coordenar os seus pensamentos para realizar tarefas básicas, como reconhecimento de padrões e movimentar um membro robótico.

Notavelmente, um trabalho semelhante já foi feito em seres humanos, embora a técnica tenha sido bem menos invasiva.

9. Vão existir famílias virtuais

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Imagine uma família composta de cérebros emulados que residem e interagem dentro de um poderoso supercomputador. Esses seres virtuais viveriam como avatares em ambientes simulados elaborados.

Mas, por causa das restrições do mundo analógico, as famílias virtuais podem não ter as mesmas necessidades ou motivações para ficarem juntas e unidas.

De fato, em um mundo composto de 0 e 1, as coisas poderiam ficar realmente estranhas.

Dependendo dos recursos disponíveis, essas famílias digitais poderiam consistir de duplicatas que são executadas em centenas ou milhares de indivíduos copiados. Muitos destes avatares poderiam formar unidades novas e independentes de família, especialmente se o seu código-fonte começar a se desviar e a se derivar. O conceito de família, pelo menos como conhecemos hoje, poderia muito bem chegar a um fim. [io9]

2 comentários

  • José Joaquim da Silva Xavier:

    O que hoje tentam definir como família, melhor é entendido como clã ou tribo ou grupo… nada a ver com o sentido tradicional.

    • Tiago Vieira da Rocha:

      Palavras e sentidos mudam com o tempo para agregar novos sentidos e funções.

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