Física inexplicável: como gerar 200 volts com farinha e um pote de plástico

Por , em 13.03.2014

Esta experiência é interessante e, por enquanto, não tem uma explicação científica: coloque farinha em um pote de plástico, e movimente-o de forma a formar uma rachadura no meio da farinha. Cada vez que ela se abre ou fecha, uma tensão que pode chegar até a 200 volts surge, e ninguém sabe explicar como isto acontece.

Como os cientistas acabaram brincando com farinha e potes de plástico, e chegaram a um fenômeno inexplicável? Na verdade, eles estavam tentando explicar outro fenômeno que ganhou reconhecimento científico e também está pedindo por uma explicação: os relâmpagos e esferas luminosas que aparecem antes de terremotos.

Nos últimos 300 anos, houveram muitos relatos de globos luminosos aparecendo antes de terremotos e, devido ao aspecto fantástico que as testemunhas davam aos mesmos, os cientistas não tinham muita convicção de que se tratava de um fenômeno real.

Entretanto, estes globos de luz e relâmpagos foram de fato registrados, tanto em fotos quanto em filmes, o que deu aos pesquisadores elementos para estudar. A primeira coisa que notaram foi que nem todos os terremotos eram precedidos de relâmpagos, e nem todos os relâmpagos eram sinal de terremotos a caminho.

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Tentando entender a relação entre uma coisa e outra, cientistas levantaram torres na Turquia em uma região em que os terremotos são comuns, e colocaram voltímetros nestas torres.

O que descobriram foi que os relâmpagos e mudanças no campo elétrico geralmente precediam terremotos de magnitude 5 ou maior, mas nem todos os sinais voltaicos eram os mesmos – algumas vezes eram maiores que outras.

Supondo que talvez o movimento do solo fosse causador dos relâmpagos, os cientistas bolaram o experimento com farinha. Além da farinha, outros pós foram usados, com os mesmos resultados.

“Nossa primeira suspeita foi que tínhamos feito algo errado. Tem que ter alguma coisa estúpida que estamos fazendo”, disse o professor Troy Shinbrot, da Universidade Rutgers, em Nova Jérsei, EUA.

“Nós pegamos um pote plástico cheio de farinha, inclinamos para lá e para cá até aparecer as rachaduras, e elas produziram 200 volts de carga. Não há um mecanismo que eu saiba que possa explicar isso. Parece ser uma nova física”, continua.

E, embora não se consiga retirar energia destes potes de farinha, pode ser que este estranho fenômeno leve a um mecanismo de detecção precoce de terremotos. [Popular Science, BBC]

11 comentários

  • Tiago Taddei:

    depende da farinha , na minha rua mesmo , vendem um tipo de farinha deixa nego ligado no 220 , ligadão !

  • Verno Burghausen Junior:

    Seu eu fosse dar um chute, diria que:

    1) O atrito produz eletricidade estática ínfima em cada grão de farinha, mas com a soma de todos os grãos pode não ser tão pequena assim.

    2) Quando o cientista inicia o movimento com o pote, os grãos que estão mais prox. da parede que empura, são os primeiros a iniciarem o movimento e empuram seus os vizinhos criando uma onda de choque que se propaga e causa diferenças na densidade da farinha.

    (continua…)

  • Verno Burghausen Junior:

    (continuando…)

    3) A região de maior densidade de grãos carregados eletricamente terá uma carga elétrica maior do que a de menor densidade(menos grãos).

    4) A diferença de carga elétrica entre as regiões criará uma corrente elétrica.

    5) No momento que ocorre a rachadura, a corrente é forçada a parar instantaneamente, e devido a “inércia” de corrente, cria-se uma ddp entre os pontos extremos da rachadura.

  • angelo3D:

    Interessante, mas o que mais me intrigou foi o fato de que toda a bagagem de conhecimento e tecnologia não ajudou a descobrir o que causa o aparecimento da tensão elétrica neste experimento, pelo menos por enquanto.
    Este tipo de coisa (assim como ainda não existir cura para o vírus mutante da gripe), me deixa com a sensação de que nossa civilização é mais “primitiva” do que gostaria de admitir.
    Acredito sim que podemos fazer coisas fantásticas mas ainda não temos a tecnologia.

    • Cesar Grossmann:

      Em termos, você está certo. Mas considere o fato que nós sabemos que existem estes mistérios (o efeito triboelétrico) e também sabemos por que a vacina de um ano não serve para a gripe do ano seguinte (mutações). Não somos assim tão “primitivos”, temos uma medida de nossa ignorância em alguns campos.

  • Genioso Irreligioso:

    Indo à cozinha pegar um pote e farinha 🙂

  • Júnior Fonseca:

    Cesar, mesmo não havendo ainda uma explicação oficial sobre o fenômeno, você como Engenheiro Elétrico, poderial nos dizer algo sobre isso?

    • Cesar Grossmann:

      Existem alguns fenômenos ligados à luz e eletricidade que não estão bem explicados, um é a triboluminescência (pegue um cubo de açúcar, coloque no freezer, e à noite, retire do freezer e aperte com um alicate, depois de desligar a luz – vai aparecer uma luz, um brilho), e o outro é a triboeletricidade (aquela história de esfregar âmbar em tecido para produzir energia elétrica).

      Este é outro fenômeno, ligado a eventos de “colar e separar”. Tem alguma coisa fundamental aí, algum aspecto da natureza, que está escapando à nossa compreensão.

      Uma “nova física”, como fala o professor do artigo.

  • Yuri Gabriel:

    Mas Volt é uma grandeza que mede tensão e não carga. (Sei que parece que to querendo ensinar eletricidade básica pra um engenheiro eletricista, mas só to querendo entender melhor o fenômeno)

    • William Sciacca Garcia:

      Yuri, mesmo que haja pouca corrente, tem que haver alguma. E tendo diferença de potencial, tensão e etc, tem energia. Se a corrente é o movimento dos elétrons livres, sobre influencia de um ddp então isso aí deve gerar energia, afinal eletrons existem em todos os átomos, até nos de farinha.

    • Cesar Grossmann:

      Bem observado.

      Mas a presença de carga é denunciada pela tensão. Você não conta elétrons, você mede diferenças de tensão (ou corrente), e assim você fica sabendo que há um acúmulo de carga.

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