Galáxias “adolescentes” do universo primitivo contêm misteriosos elementos pesados, revela o telescópio James Webb

Por , em 24.11.2023

Ao estudarmos o espaço, estamos na realidade viajando através do tempo. A luz que emana das galáxias mais jovens do universo leva bilhões de anos para chegar até nós na Terra, sendo capturada por nossos instrumentos científicos. Essa luz carrega informações preciosas sobre os primórdios do universo, não apenas esclarecendo aspectos do nosso passado cósmico, mas também sugerindo possíveis caminhos para o futuro.

Um time de astrofísicos, com liderança da Universidade Northwestern, mergulhou em dados fornecidos pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), com um foco especial em galáxias que surgiram entre dois e três bilhões de anos após o Big Bang. Essa análise faz parte do projeto Chemical Evolution Constrained using Ionized Lines in Interstellar Aurorae (CECILIA), que trouxe à luz descobertas surpreendentes.

Os cientistas descobriram que estas galáxias não só apresentam temperaturas mais altas do que o esperado, mas também abrigam elementos densos, como o níquel. Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores observaram 33 galáxias ao longo de 30 horas, combinando posteriormente as informações luminosas de 23 destas para formar uma imagem coletiva. Este método revelou detalhes antes ocultos, oferecendo uma visão mais abrangente de uma galáxia média, conforme explicado por Allison Strom, a principal autora do estudo e professora assistente de física e astronomia na Universidade Northwestern.

A imagem composta mostrou a presença de oito elementos: hidrogênio, hélio, nitrogênio, oxigênio, silício, enxofre, argônio e níquel. A presença do níquel, que é mais pesado que o ferro, foi uma surpresa particularmente notável.

Strom comentou, com surpresa, sobre a presença de níquel, um elemento raramente observado mesmo em galáxias mais antigas e próximas, que já passaram por múltiplos ciclos de vida estelar e supernovas, processos essenciais para a síntese e disseminação de elementos mais pesados.

A cientista também mencionou que a detecção do níquel sugere características únicas das estrelas nessas galáxias. Ela especula que as temperaturas mais altas observadas nessas galáxias antigas podem estar relacionadas de alguma forma com sua composição química incomum, estabelecendo um vínculo entre a temperatura e a composição química dos gases galácticos.

Essa pesquisa, publicada no periódico The Astrophysical Journal Letters em 20 de novembro, abre novas perspectivas sobre a formação e evolução das galáxias no universo jovem. Ela destaca a importância de continuar explorando o cosmos com tecnologias avançadas como o JWST, que permitem aos cientistas desvendar mistérios do universo que antes pareciam inacessíveis.

A descoberta de elementos como o níquel em galáxias tão antigas desafia nosso entendimento atual da formação e evolução estelar. Tradicionalmente, acreditava-se que elementos mais pesados, como o níquel, só se formavam em estágios avançados do ciclo de vida das estrelas e em galáxias mais maduras. Esta nova evidência sugere que processos complexos e talvez ainda não totalmente compreendidos estavam em ação no universo primordial.

Essas descobertas não apenas expandem nosso conhecimento sobre a composição química das galáxias jovens, mas também oferecem pistas valiosas sobre os processos que governam a evolução galáctica. Ao entender melhor a química e a temperatura dessas galáxias distantes, os cientistas podem começar a montar um quadro mais completo da história do universo, desde o Big Bang até os dias atuais.

Essa investigação científica, portanto, não é apenas uma janela para o passado, mas também uma luz guia para compreender os enigmas do cosmos. À medida que a tecnologia avança e nos permite observar mais profundamente o espaço, continuamos a descobrir segredos surpreendentes sobre a vastidão e a complexidade do universo, reforçando a ideia de que ainda há muito a ser explorado e compreendido sobre a nossa incrível e misteriosa casa cósmica. [Live Science]

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