Ganhador do Nobel de física explica por que o Big Bang nunca existiu

Por , em 20.11.2019

O físico canadense James Peebles ganhou o Prêmio Nobel da Física em 2019 pela investigação em cosmologia teórica. O trabalho do pesquisador de 84 anos começou na década de 1960, e é a visão que prevalece atualmente sobre a juventude do universo há 14 bilhões de anos.

Em um evento organizado pela embaixada suíça em Washington (EUA) na última quarta-feira (13), Peebles se queixou do termo “Teoria do Big Bang”. “A primeira coisa a se compreender sobre o meu campo é que o nome dele, Teoria do Big Bang, é bastante inapropriado”, apontou ele para a audiência.

“Isso conota uma noção de um evento e uma posição, ambos bastante incorretos”, continuou ele, argumentando que não há evidência concreta da explosão gigantesca.

O físico alerta que ainda não sabemos exatamente como teria sido este “início”. “É infeliz pensar no início, quando na verdade não temos uma boa teoria sobre tal coisa como um início”, afirmou ele em entrevista à AFP.

Por outro lado, temos uma teoria da evolução que é bem testada desde um estágio inicial até o presente momento. Assim como os fósseis da paleontologia se referem a restos preservados de seres vivos de eras passadas, na cosmologia os fósseis mais antigos são a criação do hélio e outras partículas como resultado da nucleossíntese de quando o universo era muito quente e muito denso.

As teorias desses fósseis são bastante solidificadas por conta de evidências e experimentos, ao contrário das teorias sobre a misteriosa fase anterior.

“Não temos um experimento forte sobre o que aconteceu anteriormente. Temos teorias, mas não são testadas. Teorias e ideias são maravilhosas, mas para mim, elas se tornam estabelecidas quando passam em testes”, diz ele.

“Qualquer físico brilhante pode criar teorias. Elas poderiam não ter nada a ver com a realidade. Você descobre quais teorias são próximas da realidade ao comparar a experimentos. Nós não temos evidências experimentais do que aconteceu anteriormente”.

Questionado sobre qual termo prefere ao invés de “Big Bang”, Peebles responde: “Eu já desisti, eu uso Big Bang”. “Mas por anos, alguns de nós tem tentado persuadir a comunidade para encontrar um termo melhor sem sucesso. Então vamos de ‘Big Bang’. É infeliz, mas todos conhecem esse nome. Então eu desisto”, conclui ele. [Phys.org]

2 comentários

  • Marco moleque:

    Ora, não dá para entender este cara. Ele ´´acha´´ que não houve o Big Bang , mas admite que houve um evento inicial, que fez surgir ´´os fósseis“, hélio e hidrogênio. Mas não tem outra sugestão para o que teria sido este evento : “ eu já desisti, uso big bang mesmo´´. A ciência é assim : se você tem um modelo melhor, mais afinado com a realidade, ele se sobrepõe ao anterior , se não tem, é aquele mesmo que será usado, e pronto. Olha o caso da relatividade, Einstein fez um modelo mais completo do que o de Newton.

    • Cesar Grossmann:

      Acho que a pendenga do Peebles é com o termo “Big Bang” e com a ideia de que seja o “início”. Na realidade não sabemos o que originou o Big Bang, não temos um modelo para o momento mais remoto, a Era de Plank, tudo que sabemos é que o Universo era extremamente denso e quente, a matéria estava na forma de partículas subatômicas e qualquer modelo do Universo tem que usar então os campos da mecânica quântica, só que com uma densidade tão grande quanto a que acreditamos ter na época, os efeitos gravitacionais não são negligíveis, e você tem que usar a teoria da Relatividade no teu modelo do Universo, e é aí que tudo fica confuso, ninguém conseguiu um modelo convincente que combine a Mecânica Quântica e a Teoria da Relatividade.

      Pelo que eu entendi, o Peebles não está questionando o modelo, mas o nome dado a ele, e o status de “início”.

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