Grande avanço contra diabetes: novo medicamento regenera produção de insulina em 48h

Por , em 10.01.2024

Pesquisas recentes indicam um avanço significativo na diminuição da dependência de injeções contínuas de insulina para o tratamento do diabetes. Esse progresso se deve a um estudo que aponta a possibilidade de regenerar células produtoras de insulina no pâncreas.

Este avanço notável envolveu a transformação de células progenitoras ductais pancreáticas, que são responsáveis pela formação do revestimento dos ductos do pâncreas, para que atuem de maneira semelhante às células β. Normalmente, essas células β são ineficazes ou estão ausentes em pessoas com diabetes tipo 1.

A pesquisa, liderada pelo Instituto Baker de Coração e Diabetes na Austrália, buscou uma nova abordagem utilizando drogas aprovadas pela FDA, que têm como alvo a enzima EZH2 em tecidos humanos. Essa enzima tem um papel vital no controle do desenvolvimento celular.

Nesse estudo específico, foram utilizados dois compostos, GSK126 e Tazemetostat, que já são empregados em tratamentos contra o câncer. Esses compostos foram usados para reduzir as limitações impostas pelo EZH2, permitindo que as células progenitoras ductais desenvolvessem funções semelhantes às das células β.

A localização das células dos ductos as torna boas candidatas para a produção de insulina. (Al-Hasani et al., Signal Transduction and Targeted Therapy, 2024)

Os pesquisadores afirmaram que “focar na EZH2 é essencial para o potencial regenerativo das células β”, destacando que as células ductais pancreáticas reprogramadas são capazes de produzir e secretar insulina em resposta à glicose, mesmo fora do organismo.

Pesquisas anteriores já haviam sugerido que as células que formam o revestimento dos ductos, as quais também contribuem para o controle da acidez estomacal, poderiam ser convertidas em células semelhantes às células β em condições adequadas. Este estudo fornece uma compreensão mais clara desse processo.

É importante destacar que essas células recém-formadas conseguem detectar as concentrações de glicose e ajustar a produção de insulina de forma semelhante às células β. No diabetes tipo 1, que foi o foco deste estudo, o sistema imunológico do corpo destrói erroneamente as células β originais, tornando necessário o uso frequente de injeções de insulina para controlar os níveis de glicose no sangue.

Os experimentos realizados pelos pesquisadores mostraram uma resposta consistente em amostras de tecido de dois pacientes com diabetes tipo 1, de 7 e 61 anos, e de um indivíduo de 56 anos sem diabetes, indicando a eficácia do tratamento em diferentes faixas etárias. Observou-se que a produção regular de insulina foi retomada em apenas 48 horas após o início do estímulo.

Atualmente, estima-se que cerca de 422 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com diabetes e precisem controlar manualmente seus níveis de açúcar no sangue. Embora esta pesquisa ainda esteja em estágios iniciais, com ensaios clínicos a serem realizados, ela apresenta um método potencial para estimular o corpo humano a restaurar funções perdidas devido ao diabetes.

Além deste estudo, outras direções promissoras estão sendo exploradas na ciência. Novas formulações de medicamentos estão sendo desenvolvidas, e esforços estão sendo feitos para proteger as células produtoras de insulina originais antes que sejam destruídas.

Sam El-Osta, um epigeneticista do Instituto Baker de Coração e Diabetes, considera essa abordagem regenerativa um passo importante para a aplicação clínica. Ele ressalta que, até agora, o processo regenerativo tem sido incidental e não comprovado, especialmente no que se refere à compreensão dos mecanismos epigenéticos que regem tal regeneração em seres humanos. [Science Alert]

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