Hidrogênio descoberto em rochas lunares da era Apollo pode mudar o futuro da exploração lunar

Por , em 27.11.2023

Recentes análises de rochas lunares trazidas pelas missões Apollo revelaram, pela primeira vez, a presença de hidrogênio, um achado que aponta para a possibilidade de usar água localizada na Lua para suporte vital e combustível de foguetes em futuras missões espaciais.

Pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos (NRL), que receberam essas amostras da NASA para estudos, identificaram hidrogênio na amostra de solo lunar 79221. Acredita-se que este hidrogênio seja fruto da constante exposição da Lua a ventos solares e impactos de cometas.

Katherine Burgess, geóloga do NRL e líder do estudo, destacou em uma declaração recente o potencial do hidrogênio como recurso diretamente utilizável na Lua, especialmente com a perspectiva de bases lunares mais permanentes ou frequentes. Burgess ressaltou a importância de identificar e aprender a extrair esses recursos antes de chegar à Lua, o que é crucial para a exploração espacial.

Segundo estimativas da NASA, enviar uma garrafa de água para a Lua poderia custar milhares de dólares. Assim, usar o gelo lunar como fonte de água para astronautas ou até decompor esse gelo em hidrogênio e oxigênio para combustível de foguete poderia reduzir significativamente os custos. Essa tecnologia pode não apenas facilitar a viagem entre a Lua e a Terra, mas também ser instrumental em futuras missões a Marte e além.

Em 2020, dados do telescópio infravermelho SOFIA, agora desativado, indicaram que a água na Lua pode ser mais disseminada, existindo como gelo espalhado pela superfície lunar, em vez de estar confinada a áreas sombreadas perto dos polos lunares.

Curiosamente, os astronautas da Apollo coletaram essas amostras lunares não do polo sul da Lua, alvo de futuros assentamentos de longo prazo, mas de áreas próximas ao equador. Esse achado tem implicações significativas para a estabilidade e existência de hidrogênio molecular em áreas fora dos polos lunares, conforme observado no estudo recente.

Além disso, a missão lunar Chandrayaan-3 da Índia, que conseguiu pousar um par de robôs-lander perto do polo sul da Lua, revelou outro elemento, o enxofre, potencialmente em quantidades maiores do que as estimadas anteriormente. Essa descoberta pode auxiliar os astronautas no desenvolvimento de baterias de armazenamento e outras infraestruturas lunares no futuro.

Este estudo foi detalhado em um artigo publicado em 15 de novembro na revista Communications Earth & Environment.

A descoberta do hidrogênio nas rochas lunares é um marco significativo na exploração espacial. Ela abre novos caminhos para a sustentabilidade e a viabilidade de longas missões espaciais. Com a capacidade de extrair e utilizar recursos diretamente da Lua, as futuras missões poderão ser mais autossuficientes, reduzindo a dependência de recursos terrestres.

Essa autossuficiência é vital não apenas para a exploração da Lua, mas também para viagens mais ambiciosas, como a colonização de Marte. A utilização de recursos locais, como água e enxofre, poderia transformar significativamente a logística de missões espaciais, tornando-as mais práticas e economicamente viáveis.

Além disso, essas descobertas incentivam a cooperação internacional na exploração espacial. Missões como a Chandrayaan-3 da Índia mostram como a colaboração global pode levar a descobertas importantes e compartilhar conhecimentos valiosos. Essa cooperação é fundamental para superar os desafios da exploração espacial e para promover um entendimento mais profundo do nosso sistema solar.

Por fim, esses avanços não são apenas passos importantes para a ciência e a exploração espacial, mas também inspiram novas gerações de cientistas e exploradores. À medida que aprendemos mais sobre a Lua e outros corpos celestes, ampliamos nosso entendimento do universo e do nosso lugar nele, incentivando a curiosidade e o desejo de explorar o desconhecido. [Live Science]

Deixe seu comentário!