Misteriosa “explosão rápida de rádio” é detectada próxima da Terra

Por , em 11.08.2020
magnetar
Ilustração artística de um magnetar

Uma estrela moribunda chamada magnetar, da extremidade oposta da galáxia, emitiu ondas poderosíssimas de rádio e raio-X. Trinta mil anos depois, no dia 28 de abril de 2020, o evento atravessou nosso planeta acordando cientistas em observatórios espaciais por todo o mundo.

O misterioso sinal desapareceu em menos de um segundo, mas foi o suficiente para que os pesquisadores confirmassem a detecção da primeira “rajada rápida de rádio” (FRB, na sigla em inglês) de uma estrela que certamente está na nossa Via Láctea, informa uma pesquisa publicada em 27 de julho no The Astrophysical Journal Letters.

A origem desta rajada rápida de rádio

Desde que foram descobertas, 13 anos atrás, as FRBs deixam os cientistas com uma pulga atrás da orelha. As explosões de ondas de rádio poderosas nunca duram mais do que alguns milissegundos, mas geram mais energia do que nosso sol durante cem anos. A causa destas explosões ainda é misteriosa, mas não faltam hipóteses: desde choque entre buracos negros até o propulsão de naves alienígenas foram propostas. 

O problema é que, até o momento, todos os FRBs detectados vieram de outras galáxias que estão a centenas de milhões de anos-luz de distância em contraste a apenas 30 mil anos-luz desta estrela local.

Ilustração de um magnetar emitindo raios-X e ondas de rádio
Ilustração de um magnetar emitindo raios-X e ondas de rádio. Crédito: ESA

As observações dos pesquisadores indicam que a rajada teve origem em uma estrela de nêutrons que conhecemos. Esses objetos são formados pelo núcleo extremamente compacto de uma estrela que ficou sem combustível. É como se a massa do sol ficasse em uma esfera de apenas 10km de diâmetro. E por isso esta FRB é peculiar. A estrela fica a cerca de 30 mil anos-luz de nós na constelação Vulpecula.

O que são magnetares

Magnetares são um dos tipos mais estranhos conhecidos de estrelas. Elas são restos de uma estrela e contém um poderoso campo magnético que emite imensas quantidades de energia, mesmo que a estrela já tenha queimado todo o seu combustível. Após estas observações recentes tudo indica que magnetares são altamente suspeitos de terem produzidos algumas das FRBs detectadas até hoje, afirmam os autores do trabalho.

“Nunca vimos uma explosão de ondas de rádio, semelhante a uma rajada rápida de rádio, de um magnetar antes”, disse o autor principal do estudo, Sandro Mereghetti, do Instituto Nacional de Astrofísica de Milão, Itália, em um press-release. “Esta é a primeira conexão observacional entre magnetares e rajadas rápidas de rádio.

O magnetar em questão, chamado SGR 1935+2154, foi observado pela primeira vez em 2014 quando emanava fortes rajadas de raios gama e raios-X em períodos aleatórios. Depois de se sossegar o faixo por um período, a estrela moribunda despertou com esta fortíssima explosão de raios-X e de rádio em abril.

Mereghetti e equipe observaram essa explosão através do telescópio espacial INTEGRAL da Agência Espacial Européia. Outros quatro observatórios espalhados pelo mundo (Canadá, Califórnia, Utah e Colúmbia Britânica) confirmaram o evento.

Uma explosão de um magnetar que emite ondas de rádio e raios X ao mesmo tempo nunca foi detectada antes, afirmam os cientistas, indicando que estes restos de estrelas são possíveis fontes de FRBs.

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