A meditação pode não ser tudo isso que falam: estudo

Por , em 6.02.2018

A meditação está em alta atualmente, e já vem sendo estudada pela ciência por um tempo.

Mas será que ela realmente pode mudar a forma como nos comportamos, para melhor?

Um estudo de colaboração internacional que envolveu a Universidade de Coventry (Reino Unido), a Universidade de Massey (Nova Zelândia) e a Universidade de Radboud (Holanda) tentou descobrir isso, sugerindo que o papel da meditação em tornar as pessoas melhores pode ser limitado.

Resultados bons, mas limitados

Os cientistas revisaram mais de 20 estudos que investigaram o efeito de vários tipos de meditação, como uma das modalidades mais famosas hoje em dia, a mindfullness (ou “meditação da atenção plena”).

A análise inicial indicou que a meditação teve um impacto positivo geral, fazendo as pessoas se sentirem moderadamente mais compassivas ou empáticas, em comparação com quem não haviam feito nenhuma nova atividade emocionalmente envolvente.

Contudo, uma análise mais aprofundada revelou que a meditação não desempenhou nenhum papel significativo na redução da agressão ou do preconceito, ou em quão socialmente conectada uma pessoa era.

A conclusão mais inesperada foi que os resultados mais positivos encontrados – a melhoria nos níveis de compaixão – tinham importantes falhas metodológicas. Em alguns estudos, os níveis só aumentaram se o professor de meditação também era um dos autores do artigo descrevendo a pesquisa.

Metodologia

A nova análise incluiu apenas estudos controlados randomizados, onde pessoas que meditavam eram comparadas com pessoas que não meditavam.

É importante explicar que todos esses estudos usaram técnicas de meditação derivadas do budismo, como a meditação da atenção plena, mas não outras atividades relacionadas, como yoga ou tai-chi. Ou seja, foram analisados os resultados de pessoas que meditaram por um determinado período (de cada estudo), e que fizeram essa atividade isoladamente.

Como tem havido uma popularização de técnicas de meditação, porém, essa revisão de pesquisas é um bom ponto de partida para analisar se elas de fato oferecerem melhorias.

“Apesar das grandes esperanças de praticantes e estudos passados, nossa pesquisa descobriu que as deficiências metodológicas influenciaram muito os resultados que encontramos. A maioria dos resultados positivos iniciais desapareceu quando os grupos de meditação foram comparados a outros grupos envolvidos em tarefas não relacionadas à meditação. E o efeito benéfico da meditação sobre a compaixão desapareceu se o professor de meditação era um dos autores do estudo, o que revela que os pesquisadores podem ter induzido os resultados sem intenção”, explicou o pesquisador Dr. Miguel Farias, da Universidade de Coventry.

Não é para desistir da meditação

Segundo o Dr. Farias, esses resultados não invalidam de forma alguma as afirmações do budismo ou de outras religiões sobre o valor moral e, eventualmente, o potencial de mudança de vida de suas crenças e práticas.

“Mas nossos achados de pesquisa estão longe das muitas reivindicações populares feitas por meditadores e alguns psicólogos”, enfatizou.

Para entender o verdadeiro impacto da meditação sobre os sentimentos e o comportamento das pessoas, o pesquisador acredita que precisamos primeiro abordar as deficiências metodológicas dos estudos, “começando com as altas expectativas que os pesquisadores podem ter sobre o poder da meditação”. [MedicalXpress]

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