Meteorito encontrado em Marte pode revelar segredos do planeta vermelho

Por , em 4.11.2016

A sonda Curiosity da NASA encontrou um objeto bastante curioso em Marte. Após analisá-lo com um espectrômetro a laser, o sinal que voltou confirmou que era um meteorito de ferro e níquel que caiu do céu do planeta vermelho muito tempo atrás.

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Segundo o comunicado da NASA, os meteoritos de ferro e níquel são comumente encontrados na Terra, e exemplos anteriores foram vistos em Marte, mas este, que está sendo chamado de “Rocha-Ovo”, é o primeiro no planeta vermelho examinado com um espectrômetro de disparo a laser. Para isso, a equipe da sonda usou o instrumento Chemistry and Camera (ChemCam) da Curiosity.

Cientistas do projeto Mars Science Laboratory (MSL), que operam a sonda, notaram pela primeira vez a rocha estranha nas imagens tiradas pela Mast Camera da Curiosity (Mastcam) em um local onde a sonda chegou em 27 de outubro.

“O aspecto escuro, liso e lustroso e sua forma esférica atraiu a atenção de alguns cientistas do MSL”, disse Pierre-Yves Meslin, membro da equipe da ChemCam, do Instituto de Pesquisa em Astrofísica e Planetologia (IRAP), do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e da Universidade de Toulouse, na França.

História registrada na rocha

A ChemCam encontrou ferro, níquel e fósforo, além de outros componentes em menor quantidade, em concentrações ainda sendo determinadas através da análise do espectro de luz produzido a partir de dezenas de pulsos de laser em nove pontos do objeto. O enriquecimento do níquel e do fósforo em alguns dos mesmos pontos sugere a presença de um mineral de ferro-níquel-fosfeto que é raro, exceto em meteoritos de ferro e níquel, disse Meslin.

Segundo a NASA, os meteoritos do ferro se originam tipicamente como o material do núcleo dos asteróides que derretem, permitindo que a fração do metal derretido da composição do asteroide afunde no centro e forme um núcleo.

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“Os meteoritos de ferro fornecem registros de muitos asteróides diferentes que se romperam, com fragmentos de seus núcleos terminando na Terra e em Marte”, explica o membro da equipe da ChemCam Horton Newsom, da Universidade do Novo México, em Albuquerque, nos EUA. “Marte pode ter amostras diferentes de asteróides do que a Terra”, aponta.

Além disso, o estudo de meteoritos de ferro encontrados em Marte – incluindo exemplos encontrados anteriormente por outras sondas – pode fornecer informações sobre como a duração da exposição ao ambiente marciano os afetou, em comparação com a forma como o ambiente da Terra afeta meteoritos de ferro. A Rocha-Ovo pode ter caído na superfície de Marte muitos milhões de anos atrás. Os pesquisadores analisarão os dados da ChemCam a partir das primeiras exposições ao laser em cada ponto-alvo e dados de exposições subsequentes nos mesmos pontos, para comparar a superfície versus a química interior.

Mudanças no ambiente

A rocha foi encontrada ao longo do trajeto da sonda acima de uma camada do Monte Sharp chamada de formação de Murray, onde as rochas sedimentares mantêm registros de antigos ambientes de leito de lagos em Marte. O principal objetivo da segunda missão da Curiosity, que começou no mês passado, é investigar como as antigas condições ambientais mudaram ao longo do tempo. A missão já determinou que esta região ofereceu condições favoráveis para a vida microbial, se é que alguma vida já existiu em Marte.

Este meteorito esquisito pode ter sido o primeiro que veio de fora do sistema solar

A Curiosity foi lançada há cinco anos, em 26 de novembro de 2011, da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida. Ela desembarcou dentro da Cratera de Gale, perto do pé do Monte Sharp, em agosto de 2012.

De acordo com a NASA, a sonda permanece em boas condições para continuar suas pesquisas, depois de trabalhar mais do que o dobro do tempo planejado para sua primeira missão, de cerca de 23 meses, embora dois de seus 10 instrumentos científicos tenham mostrado recentemente sinais de capacidade potencialmente reduzida. [Boing Boing]

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