Mitos populares sobre o sono desmascarados

Por , em 14.01.2024

Um sono tranquilo desempenha um papel crítico na manutenção do nosso bem-estar. É essencial para as funções cognitivas, protege contra doenças cardíacas e fortalece nossas defesas imunológicas. Sua ausência seria letal.

Rebecca Robbins, uma pesquisadora do sono no Brigham and Women’s Hospital e professora assistente de medicina na Harvard Medical School, aponta uma lacuna educacional nessa área. Ela observa: “Nos Estados Unidos, você aprende sobre nutrição ou educação sexual na escola, mas nunca sobre sono.”

Essa falta de educação pode contribuir para o fato de que apenas cerca de um terço dos adultos americanos alcançam a duração do sono recomendada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA.

Robbins e sua equipe têm como objetivo aumentar a conscientização sobre a saúde do sono. Em um estudo de 2019 na revista Sleep Health, eles desafiaram concepções errôneas comuns sobre o sono, como a crença de que os adultos precisam de cinco horas ou menos de sono e a irrelevância do momento do sono. Eles descobriram que essas afirmações eram apoiadas por evidências mínimas ou duvidosas.

Em uma discussão com o programa Life Kit, Robbins desmistifica vários mitos sobre o sono e oferece conselhos para melhorar a qualidade do sono.

MITO 1: O momento do sono é inconsequente

Robbins esclarece que o momento do sono importa devido ao nosso ritmo circadiano, que é fortemente influenciado pela luz natural e afeta a secreção de melatonina. A exposição à luz da manhã interrompe a produção de melatonina e ativa nosso ritmo circadiano. Em contraste, a escuridão promove a liberação de melatonina.

Ela destaca que aqueles com horários de trabalho não convencionais, como os turnos noturnos, enfrentam potenciais riscos à saúde. Um estudo de 2011 publicado na Occupational Medicine relacionou o trabalho em turnos entre profissionais de saúde a taxas aumentadas de condições como diabetes e câncer de mama.

No entanto, Robbins sugere que a gestão adequada da exposição à luz natural pode mitigar esses riscos. Ela aconselha a minimizar a exposição à luz solar no final dos turnos, usar óculos de sol ao dirigir para casa ao amanhecer e usar cortinas blackout pesadas para dormir.

MITO 2: Uma única noite sem dormir tem consequências duradouras

Robbins tranquiliza que interrupções ocasionais no sono, muitas vezes devido ao estresse, geralmente não têm impactos de longo prazo. Sintomas temporários como lapsos de atenção ou pressão arterial elevada podem ocorrer, mas geralmente se resolvem com sono compensatório. Ela encoraja a retornar aos padrões regulares de sono sem preocupações excessivas.

MITO 3: Dormir imediatamente ao deitar indica boa saúde do sono

Contrariando essa crença, Robbins afirma que adormecer instantaneamente pode indicar uma privação crônica de sono. Ela compara isso a comer demais quando se está com fome, sugerindo que seja um sinal de descanso inadequado.

MITO 4: Menos de 5 horas de sono são suficientes

Robbins desafia a concepção de que pouco sono é adequado, especialmente em uma cultura de alto desempenho. Ela afirma que a saúde ótima, incluindo o bem-estar do coração e do cérebro, está ligada a 7 a 9 horas de sono. Dormir menos do que isso pode levar a diversos problemas de saúde, como obesidade, diabetes e hipertensão, como observado pela Academia Americana de Medicina do Sono e pela Sociedade de Pesquisa do Sono.

MITO 5: A televisão ajuda na relaxamento pré-sono

Robbins aconselha contra assistir televisão antes de dormir, pois pode associar a cama a atividades que não sejam o descanso. Dispositivos que emitem calor e conteúdo perturbador também podem atrapalhar o sono. No entanto, ela admite que, se um programa de TV curto e reconfortante faz parte de uma rotina de sono bem estabelecida e funciona para você, não há necessidade de mudá-lo.

MITO 6: Exercitar-se antes de dormir atrapalha o sono

Robbins refuta o antigo conselho de evitar exercícios antes de dormir. Embora se acreditasse que isso afetasse negativamente o sono, aumentando a temperatura corporal e a adrenalina, a pesquisa não apoia fortemente essa ideia. Exercitar-se, mesmo perto da hora de dormir, é benéfico e pode aliviar o estresse, uma das principais causas de dificuldades no sono. Robbins encoraja a fazer exercícios sempre que possível, mesmo que seja perto da hora de dormir. [NPR]

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