Mortes misteriosas de turistas na Ásia: o que está acontecendo?

Por , em 14.09.2012

Esse ano, em 30 de julho, duas amigas, Kari Bowerman, 27, e Cathy Huynh, 26, foram recebidas no hospital Khanh Hoa General Hospital, em Nha Trang, no Vietnã, vomitando, com dificuldade de respirar e com sinais de desidratação grave.

As meninas, viajantes experientes, estavam no país a turismo, numa pausa de seus trabalhos como professoras de inglês na Coreia do Sul.

Três horas após ser admitida, Kari faleceu de insuficiência respiratória. Cathy foi liberada, mas, dois dias depois, faleceu também. Por quê? O que aconteceu? O que causou a morte das amigas? Ninguém sabe.

“Tem sido um pesadelo tentar obter informações”, conta Jennifer Jaques, irmã de Kari. “Não há relatos do hospital. Não há relatório da polícia. Nada. O que aconteceu com ela, precisamos ter certeza de que não aconteça com outra pessoa”.

Ou melhor, com mais alguma pessoa. Isso porque esses dois casos são apenas os mais recentes de uma série de acontecimentos parecidos no sudeste da Ásia.

Histórico de turistas mortos

A mídia internacional ligou as mortes recentes a outros incidentes semelhantes, como um caso na Tailândia em junho, em que duas irmãs canadenses morreram. Uma empregada de hotel encontrou Noemi e Audrey Belanger, 25 e 20, cobertas de vômito em seu quarto na Ilha Phi Phi, mais de 12 horas depois de suas mortes.

Em fevereiro de 2011, a residente de Nova Zelândia Sarah Carter, 23 anos, morreu em Chiang Mai, na Tailândia, depois de chegar a um hospital local com pressão arterial baixa, dificuldade de respiração e desidratação por vômitos. No mesmo hotel – Downtown Inn -, três outros visitantes (um guia turístico tailandês e um casal de idosos britânicos) também morreram entre janeiro e maio de 2011.

A mídia também liga a morte das amigas às mortes de Jill St. Onge e Julie Bergheim em 2009, que faleceram com sintomas semelhantes na Pousada Laleena (que já trocou de nome) na ilha de Phi Phi.

Os parentes de Kari, lendo história após história, todas similares à sua, perceberam que não eram a única família frustrada e confusa.

Kari e Cathy eram viajantes experientes. Kari já havia lecionado por dois anos na Coreia do Sul, e estava em sua segunda temporada a pedido da escola. Cathy já tinha viajado de férias para a China, Cuba e Estados Unidos. Ambas já tinham estado no Vietnã antes e Cathy até falava a língua local.

Jason Von Seth, amigo de Kari, postou sobre sua morte no Facebook, e e-mails começaram a inundar. Viajante frequente também, Von Seth possui grande rede de amizades internacionais, que nunca tinham ouvido falar sobre essa série de mortes misteriosas na Ásia – e expressaram preocupação.

Sendo assim, ele lançou uma página no Facebook chamada Protected Travels (“viagens protegidas”), que ele espera que se torne uma comunidade de cidadãos globais que troquem informações sobre os desafios de viajar no exterior, mantendo os amantes do mundo informados.

Respostas

A causa da morte em cada caso é estranhamente similar: “Indeterminada”. Especulações surgiram em cada situação, que vão desde intoxicação por álcool a algo que as vítimas comeram.

Investigadores da Organização Mundial da Saúde (OMS) suspeitam de envenenamento, mas a determinação da origem dos casos tem sido difícil.

Em 2011, um programa de TV viajou para Chiang Mai, na Tailândia, em busca de evidências no caso Sarah Carter, e falou com o Dr. Ron McDowall, um consultor das Nações Unidas sobre tóxicos, que reviu os relatórios de patologia e informou que acreditava que Sarah tinha morrido de ingestão de pesticidas.

Amostras coletadas pelo programa no Downtown Inn apresentavam níveis moderados do inseticida clorpirifós, que, segundo a
Agência de Proteção Ambiental americana, pode causar náuseas, tonturas, confusão e, em níveis elevados, paralisia respiratória e morte.

O produto químico é proibido para uso em residências e hotéis na maioria dos países, porém, de acordo com McDowall, ainda é legal na Tailândia e no Vietnã.

Evidências para a teoria do inseticida estão se agrupando. A polícia tailandesa anunciou recentemente que encontrou vestígios do repelente de insetos DEET nos corpos das irmãs Belanger, que os investigadores acreditam ter sido adicionado como um ingrediente para um cocktail popular servido na ilha.

O Departamento de Controle de Doenças da Tailândia concluiu que três das mortes ocorridas no país estão “provavelmente ligadas ao uso de agrotóxicos”.

Apenas “provavelmente”? O problema é que o envenenamento químico é muito difícil de determinar, conforme explica McDowall.
A semivida de clorpirifós, ou a quantidade de tempo que decorre antes de metade da quantidade original desaparecer, é de cerca de um dia em seres humanos.

Já as autoridades vietnamitas deram muito pouca informação sobre a causa da morte de Kari e Cathy.

Sobreviventes acreditam que encontrar a causa exata dessas mortes misteriosas deve ser considerada uma prioridade de saúde no momento, já que é a forma mais fácil de evitar que casos parecidos se repitam. Por enquanto, a dica é tomar cuidado se estiver no sudeste asiático.[CNN, Inquisitr, Examiner]

10 comentários

  • Edmar Batista Do Nascimento:

    A maior causa de mortes de turistas eu chamo de mortes por IMBECILIDADE. Pessoas ingênuas, que desconhecem a criminalidade e a maldade se aventuram em locais perigosos ou com pessoas abandidadas para curtir o vício do sorriso abobalhado e às vezes se dão mal.

  • Julio Oliveira:

    Fez-me lembrar aquele filme “Contágio”. No filme começa uma epidemia que mata em pouco tempo e um dos sintomas é o vômito antes da morte. Muito parecido…

  • Mauricio Corgosinho:

    Bem, eu quero ir seguindo outra vereda.
    Pergunto: Depois de tudo o que a população do vietnan e do laos sofreram com a guerra elas são amigas dos ocidentais, principalmente dos norte americanos? Sim, problemas com radiação ………………………………… “

  • Carlos Costa:

    Vou riscar a Ásia da minha lista de viagem.

  • César H. Valentino:

    Viajar, um prazer. Qual a graça de ir a um lugar novo e não poder experimentar os pratos típicos, adentrar a cultura local, conhecer o que se há pra fazer e o que as pessoas fazem ali. Os costumes, as idéias, as trocas de experiencias e a vivência de novas experiencias são o que fazem qualquer viagem se tornar inesquecível. Com certeza o turismo no local sofrerá um enorme depreciação. Pena, pois o sudeste asiático é um dos lugares mais encantadores do mundo para turistas ocidentais e para outros que não estão acostumados com seu modo de vida.

  • Carlos Wendel:

    Contaminação radioativa? Se os médicos nem as autoridades policias falam nada, é por que querem omitir informação.

    Penso que é possível que elas tenham passado por algum lugar de testes de sabe-se lá o que e deu no que deu.

    • Cesar Grossmann:

      Não necessariamente. Podem simplesmente não saber do que se trata, não terem investigado, ou não estarem com vontade de investigar. A contaminação radioativa deveria afetar populações inteiras, não apenas alguns turistas.

    • Laura Ottoni:

      Agrotóxico, Pesticida, algo para o corpo ou ingerido através dos alimentos foram pistas dadas. A família que perdeu seu ente, não conformada com o laudo, se entender que a morte teve ligação com outras suspeitas deve formular a pergunta concreta para que seja feito o exame específico, o que pode deixar de ser feito num exame de rotina. Porém os casos narrados são antigos e os corpos já devem estar enterrados e sem possibilidade de exame. O fato de um consultor das Nações Unidas achar que a causa da morte de SArah é por agrotóxico é algo nada palpável, mas a afirmação por um departamento de saúde da Tailandia de que três pessoas morreram por agrotóxico já é algo a ser apurado. A começar pela veracidade da informação. E esse agrotóxico teria sido ingerido por um coaktail? A ser apurado também. Antes disso, falar em atenção aos viajantes do sul da Ásia é um alarde infundado.

  • Glauco Ramalho:

    Eu levaria um filtro dágua e comida liofilizada prá qq viagem…

    • Jonatas:

      Acrescento também, no meu caso, viagem essa se, e somente se, muito necessária. 🙂

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