Nova tecnologia de ultrassom poderia ser usada para imprimir implantes 3D dentro do corpo

Por , em 9.12.2023

Para avançar na medicina e tornar os procedimentos cirúrgicos menos invasivos, a ideia de injetar implantes no corpo na forma líquida, que posteriormente se solidificam, é promissora. Recentemente, pesquisadores estão desenvolvendo uma técnica inovadora que utiliza impressão 3D guiada por ultrassom para tornar esse conceito uma realidade.

Geralmente, a impressão 3D cria objetos tridimensionais através do acúmulo de material espesso que endurece progressivamente. Uma técnica alternativa, conhecida como impressão volumétrica, emprega feixes de luz ou padrões de luz para solidificar uma resina sensível à luz, semelhante a um gel, dentro de um recipiente. Essa resina se endurece nas áreas expostas à luz, enquanto o restante permanece em sua forma original de gel. Movendo a fonte de luz, é possível formar estruturas tridimensionais complexas.

No entanto, essa técnica enfrenta um desafio: para que a luz atinja seu alvo, o recipiente e a resina devem ser transparentes. Como a pele e os tecidos humanos são quase opacos, a luz só pode penetrar alguns milímetros, limitando o uso desta metodologia para implantes internos.

Para superar esse obstáculo, cientistas da Universidade de Duke e da Escola Médica de Harvard inventaram uma técnica nova chamada impressão volumétrica acústica de penetração profunda, ou DVAP, em inglês. Este método utiliza um líquido biocompatível sensível ao ultrassom, chamado de sono-tinta, que se aquece e solidifica ao absorver pulsos de ultrassom.

Essa sono-tinta pode ser injetada no local desejado para o implante no corpo e, em seguida, solidificada na forma desejada usando ondas de ultrassom emitidas por uma sonda posicionada externamente. Qualquer excesso de tinta pode ser removido posteriormente.

A sono-tinta pode ser desenvolvida para ser duradoura ou biodegradável e para imitar diferentes tipos de tecidos biológicos, como osso.

Nos testes laboratoriais realizados até agora, a tecnologia DVAP foi utilizada para selar uma seção do coração de uma cabra (semelhante aos procedimentos necessários para tratar fibrilação atrial não valvular), reparar um defeito ósseo na perna de uma galinha e criar hidrogéis que liberam drogas de quimioterapia dentro do tecido hepático.

Assoc. Prof. Junjie Yao, da Universidade de Duke, e Assoc. Prof. Y. Shrike Zhang, juntamente com o pós-doutorando Xiao Kuang, da Escola Médica de Harvard, que lideraram esta pesquisa, destacaram as possibilidades significativas que esta tecnologia traz para cirurgias e terapias. Eles enfatizaram a redução da invasividade e das interrupções, marcando um desenvolvimento inovador no campo da impressão 3D.

A técnica DVAP representa um avanço significativo na medicina personalizada e na bioengenharia. Com sua capacidade de criar implantes personalizados diretamente dentro do corpo, sem a necessidade de cirurgias invasivas, abre-se um novo caminho para tratamentos mais eficazes e menos dolorosos. A impressão 3D, já reconhecida por sua precisão e versatilidade, com essa nova abordagem, promete revolucionar a forma como pensamos sobre intervenções médicas e implantes.

Além disso, a capacidade de ajustar a composição da sono-tinta para diferentes aplicações amplia as possibilidades de tratamento. Isso significa que, no futuro, poderemos ver implantes customizados não apenas para reparação óssea ou cardíaca, mas também para uma variedade de condições médicas, desde a entrega localizada de medicamentos até a regeneração de tecidos danificados.

Este avanço tecnológico abre portas para uma nova era na medicina regenerativa, onde o corpo humano pode ser reparado e aprimorado de maneira mais natural e menos invasiva. A combinação de biocompatibilidade, precisão e flexibilidade que a técnica DVAP oferece tem o potencial de mudar radicalmente o panorama dos tratamentos médicos, trazendo esperança para muitos pacientes e desafiando os limites do que é possível na medicina moderna. [New Atlas]

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