O projeto de não-celular levantou mais de 20 mil reais em site de financiamento coletivo

Por , em 29.10.2014

Chegamos a um ponto da democracia tecnológica em que nunca tantas pessoas tiveram acesso a dispositivos móveis. O número de smartphones só cresce e a dependência a eles (e tablets) só aumenta. Prova disso é um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Nielsen e pela MMA (Mobile Marketing Association), que mostra que 33% dos brasileiros usam smartphones como principal forma de acessar a web.

Quem nunca foi a um bar, restaurante ou shopping e viu uma rodinha de amigos em que cada um estava imerso em seu próprio celular? É aquela coisa de “vamos combinar de sair qualquer hora para cada um ficar no seu próprio smartphone”.

E é nesse contexto social hiperconectado que o não-celular foi criado.

Como assim um não-celular?

O não-smartphone não quebra, não disca sozinho e nunca fica sem bateria. Mas na verdade, este “telefone” não pode nem mesmo enviar mensagem ou sequer fazer chamadas. Ele é simplesmente um pedaço de plástico preto, em forma retangular, que tem uma funcionalidade essencial para o ser humano moderno: ajudá-lo a controlar seu vício por dispositivos mobile.

Ele foi colocado para aprovação popular com o nome de “NoPhone” em um site de financiamento coletivo chamado Kickstarter, e já arrecadou mais de R$ 20 mil. Parece bom, não?

De quem foi a ideia?

O não-smartphone é uma criação de um grupo de amigos da Holanda e dos Estados Unidos, que tiveram a ideia depois de uma noite de “socialização”. Assim entre aspas, porque foi um encontro em que todos os envolvidos ficaram encarando seus celulares, e só desgrudaram os olhos da tela para pedir mais uma rodada. Eles, então, perceberam que isso não fazia o menor sentido, e vieram com essa solução.

Apesar de muito mais conceitual e pouco prática, a ideia do não-smartphone é interessante pela crítica que faz a esses novos costumes modernos.

Os criadores Van Gould, Ingmar Larsen e Ben Langeveld disseram que o não-smartphone foi originalmente concebido como um “cobertor de segurança satírico” destinado a fomentar o debate sobre a nossa atual dependência de tecnologia.

“No entanto, depois que o projeto foi criado, a resposta das pessoas realmente querendo comprar o não-smartphone foi impressionante”, explicaram.

A descrição do produto

Na página do Kickstarter, a descrição do não-smartphone esclarece detalhes do produto: “Com um design fino, leve e completamente sem fio, o não-smartphone atua como um substituto para qualquer dispositivo móvel inteligente, permitindo que você tenha sempre um retângulo de plástico frio suave para agarrar sem abrir mão de qualquer potencial de engajamento com o seu ambiente imediato”. E como a vida não acontece na tela de celular, essa descrição me leva a crer que esse sim é o verdadeiro smartphone.

Talvez ironicamente a ideia teve um impacto nas mídias sociais, com muitos posts de pessoas indicando a “tecnologia” umas para as outras.

Função selfie

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Para você que não abre mão de uma selfie, o não-celular vem com um espelho colado em um de seus lados. Rudimentar, porém eficiente. [BBC, PropMark]

1 comentário

  • Dinho01:

    A que ponto chegamos? Será que seremos dependentes da tecnologia como na animação Wall-E?

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