O que aconteceu com a parapsicologia?

Por , em 24.07.2013

Médiuns, telepatas, videntes e outras pessoas que alegam ter poderes sobrenaturais têm até hoje espaço na mídia em geral. Contudo, estudos acadêmicos de fenômenos paranormais – como clarividência (obter informações sem usar os sentidos), psicocinese (mover objetos com a força do pensamento) e telepatia – parecem ter “sumido” há algumas décadas. O que aconteceu?

De acordo com John Kruth, diretor executivo do Centro de Pesquisa Rhine em Durham (EUA), essa linha de pesquisa não sumiu, mas se tornou desorganizada, pouco valorizada e, diante da “ciência tradicional”, ignorada. “As pessoas nunca pararam de pesquisar nessa área”, explica, “mas a comunidade cética é forte e ‘barulhenta’, e é muito melhor em trabalhar com a mídia”.

Para ele, boa parte do descrédito sofrido pela área nos Estados Unidos nas décadas de 1970 e 1980 se deve a “desmistificadores” midiáticos, que podem acabar tirando o crédito de pesquisadores sérios ao colocá-los no mesmo grupo dos enganadores. “Com certeza há praticantes fraudulentos por aí, e estamos sempre de olho neles. É como se tivéssemos fraudes de um lado, os ‘desmistificadores’ de outro, e nós estivéssemos no meio, ainda tentando fazer ciência”.

Nada a oferecer?

Há quem defenda que o maior problema da parapsicologia não seja o desgaste de imagem causada por fraudes, mas a “falta de evidências”. “A parapsicologia está por aí há mais de um século. [Mesmo assim] não há protocolos de pesquisas que gerem hipóteses úteis para que outros laboratórios testem e desenvolvam um modelo, e eventualmente um paradigma que se torne um campo”, aponta Michael Shermer, editor do periódico Skeptic e colunista da Scientific American.

Apesar das críticas, pesquisas na área continuam. Recentemente, no campus da Universidade de Duke (EUA), por exemplo, foram apresentados resultados de três estudos de parapsicologia: “Sinestesia, Tempo e a Geografia de Experiências Anômalas”, “Sincronicidade e Psi: Uma Comparação Controlada” e “O Laboratório de Bio-Energia em Rhine e o Projeto E.E.C (Experiência Extra-Corpórea)”.

Os “filhos” da Universidade de Duke

Em 1935, os pesquisadores J.B. Rhine e William McDougall fundaram o Laboratório de Parapsicologia de Duke, que seria durante anos parte do departamento de psicologia da universidade de mesmo nome. Na década de 1960, porém, a parapsicologia começou a perder o caráter de “ciência experimental” e ser considerada por muitos como “pseudociência”. Diante disso, o laboratório perdeu sua filiação com a universidade.

Rhine e seus colegas se mudaram para um local próximo, fora do campus, para continuar suas pesquisas – esse fato, aliás, inspirou uma das cenas iniciais do filme Os Caça-Fantasmas, com o Dr. Venkman e sua equipe. Nascia o Centro de Pesquisa Rhine em Durham.

Em suas instalações, há um pequeno museu com materiais históricos envolvendo parapsicologia, como um gerador de luz aleatório para testar precognição, um lançador de dados para testar psicocinese, e um conjunto de cartas de Zener, para testar clarividência. O Centro também tem uma sala isolada, que bloqueia luz e som, onde se mede a energia emitida por praticantes de ioga, curandeiros e artistas marciais – todo ser vivo emite partículas chamadas biofótons, e algumas pessoas alegam que são capazes de controlar sua emissão.

“Essa é uma manifestação física de energia da qual as pessoas falam, [mas] que cientistas negam”, aponta Kruth, que conduz experimentos com biofótons. Mais uma vez, há polêmica: Shermer conta que pesquisadores não conseguem replicar esses estudos em outros laboratórios. “Os efeitos desaparecem quando você reforça os controles ou usa métodos estatísticos diferentes”.

Seja como for, a parapsicologia não morreu, mesmo que não tenha lugar de destaque entre outros campos de pesquisa. [LiveScience]

16 comentários

  • Lucas Adamis:

    Parapsicologia não morreu, ela se infiltrou nas universidades e agora é chamada de Ciência de fronteira….

  • Adriano Malta:

    Alessandra, parece que vc não conhece muito de física quântica, senão saberia que Laércio Fonseca não é “famoso” por conta de física e sim pelas baboseiras sem sentido que fala.
    Dois links:
    1 http://universoracionalista.org/refutando-o-professor-de-fisica-quantica-laercio-fonseca/
    2 http://quantasneira.wordpress.com/2010/09/05/pseudopatas-laercio-fonseca-fisica-quantica-e-espiritismo/

  • Juliana Maeji:

    Tenho somente uma coisa para dizer: a Conscienciologia desenvolve pesquisas acerca da Parapsicologia entre outros há mais 25 anos.

  • Décio Luiz:

    Parapsicologia – Glândula Pineal – Solução Científica

    Considerações:
    A percepção do nível consciente e subconsciente é das matérias mais avançadas da ‘Fíisica Moderna’, que hoje começa a colocar-se frente ao problema da insuficiência dos parâmetros para a descritibilidade do existente.
    – Ponto de partida histórico – Descartes –
    Fenômenos correlacionados com a pineal e que merecem ser estudados a fundo – termos e conceitos emprestados da Parapsicologia -:
    – Pantomnésia – fenômeno do lembrar, memória de tudo ??!!
    – Hiperestesia, hipersensibilidade ou hiperacuidade dos sentidos conhecidos
    – os animais sentem os mínimos tremores, os menores barulhinhos………..
    Como se vê a matéria é muito complexa, por isso as pesquisas devem ser absorvidas pela Ciência tradicional. Assim, o interesse seria a organização de um 3º grupo de estudiosos que, em conexão com o grupo de padres e espíritas, permitisse ao Brasil dar a sua contribuição em favor da Nova Ciência.
    “IMAGINA A PASSAGEM BÍBLICA DA ‘TRANSFIGURAÇÃO’ SOB A PERSPECTIVA DOS KIRLIAN”

  • Daniel Caparros:

    eu sinceramente acho que falta fundamentação teórica para eles seram creditados. Biofótons foi de doer, qualquer pessoa que leu um pouquinho de material cientifico torceria o nariz para um conceito assim, afinal na mecânica quântica não existe vivo e não-vivo

  • David de Aquino:

    Adoro estes temas, parapsicologia, sobrenatural, paranormal, tudo isso acho muito interessante, porém não se tem uma prova real de nada disso. Algo que faça alguém bater o martelo e dizer: é assim. Como cientista não posso sair acreditando em tudo que ouço ou vejo, mesmo que digam que fizeram experimentos, ainda é muito pouco o que se tem sobre isto.

  • Binho Viana:

    Para mim está claro, a mente é um dos maiores mistérios da ciência que não sabe explicar como um monte de neurônios geram pensamentos que é algo abstrato e a ciência carrega ainda um ranço desde do iluminismo de rejeita tudo que é “espiritual” e não é material ou mensurável, a ponto de ignorar totalmente. O ser humano estuda tudo menos a ele mesmo no que se refere a experiências ditas paranormais tão relatadas.

    • wagner.dtr:

      Se você conseguir provar que a inteligência é fruto de algo sobrenatural e não da interação entre os neurônios, tudo bem, você será “O Cara”. Porém, neste exato momento, seu raciocínio leva a crer que seja algo mais próximo da falácia do argumento da ignorância. O ser humano estuda tudo, inclusive ele mesmo. Entretanto, até o presente momento, não há nada considerado sobrenatural que seja suficientemente plausível para despertar a atenção da ciência. Mas nada impede que o crédulos inventem sua própria ciência para explicar o sobrenatural, tal qual fez o homem pré-histórico ao criar deuses para explicar o nascer e o por-do-sol, além de outros eventos, meramente, naturais.

    • Binho Viana:

      Como disseram aqui, as teorias sobre a física quântica é praticamente um exercício de fé, de conjectura. Gastam bilhões no CERN mas não vejo um cientista praticar algumas técnicas gratuitas de saída do corpo consciente ou chegar a uma super-consciência. Isso porque o cartesianismo chegou a níveis radicais.

    • Adriano Malta:

      Errado Binho.
      Não há absolutamente nada da física quântica que necessite de fé. Ela é puramente matemática. O “indeterminismo quântico”, por exemplo, do qual os místicos e esotrashicos gostam tanto de falar nos dá precisões de probabilidades acima de 99%.
      O que acontece é que a maioria esmagadora da população não entende os cálculos da física quântica relativística e não consegue trabalhar com algo que é não representacional. Não há nada místico ou espiritual na física.

    • Binho Viana:

      “Não existe nada na física quântica que necessite de fé”. Depende da sua interpretação do que seja “fé”, para mim é crença em algo como uma de muitas teorias quânticas altamente supositórias e contradizente umas com as outras, não que isso seja mau, é um exercício de fé numa teoria que poderá ou não ser provada.
      O que dizer quando a luz se comporta como partícula quando olhamos e como onda quando não olhamos?! Como pode a luz ter consciência de nós??!! É um doa grandes “fatos ilógicos” do mundo natural que extrapola a nossa lógica cartesiana oficial. A ciência precisa ser mais humilde e aberta…

  • Thallys:

    Nao tenho uma opnião formada sobre esse tipo de coisa. mas um recado pra cumunidade cientifica: existe uma linha tenue q separa ceticismo da ignorancia e acho que eles nao vêem essa linha.

    • wagner.dtr:

      Então a comunidade científica também tem um recado: não existe linha tênue alguma separando a parapsicologia da ignorância, pois ambas estão bem misturadas, LOL!!!

    • Danilo Severo:

      resposta ao Wagner, engraçado que nem humildade tem ao dizer que não existe linha tênue separando parapsicologia e ignorância, eu recomendo ao fodão ai ler o livro fronteiras do desconhecido pra formular mais suas ideias, e te recomendo ainda baixar a bola por que você afirma que parapsicologia é ignorância, só que é´necessário provar isso, caso contrário é só um berro de um NEO ATEU de internet

    • wagner.dtr:

      @Danilo Severo, minha resposta foi seguindo o mesmo raciocínio da senhora Thallys. Ela falou o que quis e teve o comentário merecido. A propósito, apelar para questionar falta de humildade é uma contra-argumentação deveras tola, senão, uma falácia por falta de argumento razoável. Qualquer um é capaz de escrever qualquer livro dando o seu “testemunho” sobre qualquer coisa e ainda assim conseguir influenciar pessoas a formular suas idéias a favor ou contra qualquer assunto. Mas provar o que se está falando é que é o diferencial, coisa que a parapsicologia não fez até agora. Portanto, seu livro “Fronteiras do Desconhecido” prova coisa alguma sobre nada demais e não vai acrescentar nada demais além do que eu já sei sobre o assunto. É mais um livro cheio de blá blá blá sem prova alguma. Agora, aproveitando que você fez recomendações, eu também farei uma: evite ofender as pessoas em suas defesas (ad hominem), pois só demonstra incapacidade de defender seu ponto de vista e manter um diálogo com um mínimo de racionalidade e civilidade além de descontrole emocional. E, só para demonstrar o quão incoerente e descabido foi a sua ofensa (ad hominem) em me tachar de neo ateu de internet, saiba que eu não sou ateu e sua atitude nem mesmo contribuiu com alguma coisa proveitosa a favor da sua fé na parapsicologia.

  • JOTAGAR:

    Acho que não chega ser proconceito ou fundamentalismo por parte da comunidade cientifica. A história da ciência está repleta de pesquisadores famosos que se dedicaram ao tema do além túmulo.
    http://www.youtube.com/watch?v=R6gDVBLpeVI
    O que existe na verdade é a falta de patrocínio e o esforço de corporações religiosas e privadas para que pesquisas como estas continuem sendo tratadas como uma fantasia da fé ou delírio de místicos.
    Mas mesmo sem apoio, as pesquisas continuam, principalmente relacionadas ao tema saúde e espiritualidade.
    http://www.usp.br/agen/?p=121208.

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