Os foguetes da SpaceX continuam rasgando ‘buracos atmosféricos’ vermelho-sangue no céu, e os cientistas estão preocupados

Por , em 29.11.2023
Uma grande faixa de luz vermelha deixada para trás quando um foguete da SpaceX perfurou um buraco na ionosfera acima do Arizona em julho. (Crédito da imagem: Jeremy Perez)

Os foguetes da SpaceX, ao retornarem da órbita, estão provocando distúrbios temporários na atmosfera superior, resultando em formações luminosas no céu. Esses fenômenos, conhecidos como “auroras da SpaceX”, se manifestam como esferas vermelhas radiantes. Embora não representem perigos para o meio ambiente ou a vida terrestre, os cientistas estão preocupados com possíveis impactos ainda não reconhecidos.

É de conhecimento científico que o lançamento de foguetes para o espaço pode perturbar a ionosfera superior, a camada atmosférica entre 50 e 400 milhas acima da Terra, onde os gases estão ionizados. Essas perturbações, chamadas “buracos ionosféricos”, podem estimular as moléculas de gás nessa área, produzindo uma iluminação intensa e vermelha, semelhante às auroras.

Por exemplo, em julho, um foguete Falcon 9 da SpaceX, transportando satélites Starlink, criou uma perturbação visível sobre o Arizona. Em setembro, um foguete da Força Espacial dos EUA causou um efeito semelhante acidentalmente na Califórnia.

Observações feitas pelo Observatório McDonald, no Texas, registraram iluminações vermelhas peculiares ocorrendo muito tempo após os foguetes Falcon 9 da SpaceX terem deixado a atmosfera da Terra. Essas luzes, menores e mais esféricas do que as causadas pelos lançamentos de foguetes, são o resultado de buracos ionosféricos formados pelos propulsores secundários dos foguetes durante seu retorno à Terra. Inicialmente observadas em fevereiro acima do observatório, essas auroras da SpaceX agora são vistas de 2 a 5 vezes por mês, conforme relatado por Stephen Hummel, do Observatório McDonald.

Os lançamentos da SpaceX estão se tornando mais frequentes, o que aumenta a chance de aparecimento das auroras da SpaceX. (Crédito da imagem: Getty Images)

Tanto os foguetes em ascensão quanto os propulsores em reentrada provocam esses buracos ionosféricos ao liberarem combustível, o que faz com que os átomos de oxigênio ionizados retornem ao estado de moléculas de gás comuns. Esse processo excita as moléculas, fazendo com que emitam luz vermelha, de maneira similar aos efeitos da radiação solar nas auroras tradicionais. Embora esses buracos se fechem em 10 a 20 minutos, à medida que as moléculas se reionizam, eles representam um fenômeno notável.

Os propulsores da SpaceX, ao retornarem, liberam combustível para guiar com segurança os destroços para o Oceano Atlântico Sul. Essas perturbações ionosféricas, normalmente ocorrendo cerca de 90 minutos após o lançamento a aproximadamente 185 milhas de altitude, são menores e mais circulares do que aquelas causadas por lançamentos de foguetes, resultando em exibições de luz mais esféricas e de menor duração.

Enquanto esses buracos ionosféricos não são prejudiciais à vida terrestre, seus efeitos sobre a pesquisa astronômica estão sendo analisados, aumentando o interesse entre os cientistas.

Alterações na ionosfera podem interromper a comunicação de rádio de ondas curtas e sinais de GPS. Os pesquisadores estão investigando esses fenômenos para entender melhor a variabilidade da ionosfera e seus processos químicos.

Os foguetes da SpaceX também criam outros espetáculos visuais. Quando os propulsores giram e descarregam o combustível restante antes de reentrar na atmosfera, eles formam uma nuvem de cristais de gelo, que às vezes refletem a luz solar em direção à Terra, criando “espirais da SpaceX”. Esses fenômenos foram observados duas vezes neste ano, com avistamentos no Havaí e no Alasca.

Com o aumento da frequência de lançamentos da SpaceX, espera-se que essas auroras e espirais se tornem mais frequentes no futuro.

A crescente atividade espacial liderada pela SpaceX vem alterando de maneira notável o panorama celeste. Além de suas contribuições significativas para a exploração espacial e comunicação global, os lançamentos e reentradas dos foguetes da empresa estão criando um novo tipo de fenômeno visual no céu. Essas “auroras da SpaceX”, como são chamadas, têm atraído a atenção tanto do público quanto da comunidade científica, levantando questões sobre o impacto ambiental e as implicações para a astronomia.

Cada lançamento do Falcon 9 representa uma oportunidade única para observar esses efeitos. À medida que os foguetes sobem, eles atravessam a ionosfera, uma região da atmosfera rica em partículas carregadas. Essa interação entre o foguete e a ionosfera causa um tipo de distúrbio que pode ser visto da Terra como um brilho vermelho, um fenômeno comparável às auroras naturais causadas pela atividade solar.

Mas não são apenas os lançamentos que estão gerando essas luzes. Curiosamente, os propulsores secundários dos foguetes, ao retornarem à atmosfera, também contribuem para esse espetáculo. Quando os propulsores se desprendem do foguete principal e começam sua descida, eles passam novamente pela ionosfera, causando mais distúrbios e, por sua vez, mais auroras.

Esses eventos luminosos não são apenas belos; eles oferecem uma janela para a compreensão da dinâmica da ionosfera. A ionosfera desempenha um papel crucial em muitos aspectos da comunicação e navegação terrestres, e entender como ela responde a tais perturbações pode fornecer insights valiosos.

Além disso, o estudo dessas auroras artificiais tem implicações para a astrofísica. Eles oferecem um laboratório natural para estudar a física das auroras e a interação entre a atmosfera da Terra e o espaço. À medida que mais foguetes são lançados e mais auroras são observadas, os cientistas têm mais dados para analisar e mais oportunidades para entender esses complexos processos atmosféricos.

Em suma, os lançamentos da SpaceX estão criando mais do que apenas um caminho para o espaço; eles estão abrindo novas fronteiras na ciência atmosférica e astrofísica. Enquanto a empresa continua a avançar em suas missões espaciais, também contribui de forma única para o conhecimento científico, iluminando literalmente novos aspectos da interação entre a Terra e o espaço. [Live Science]

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