Sinestesia: seria possível desenvolver esta habilidade através do treino?

Por , em 23.11.2014

Um novo estudo mostrou pela primeira vez como as pessoas podem ser treinadas para “ver” as letras do alfabeto como cores – uma simulação de como aqueles com sinestesia experienciam o seu mundo. A pesquisa foi publicada na revista “Scientific Reports” e também descobriu que o treinamento pode potencialmente aumentar o QI.

A sinestesia é uma fascinante condição neurológica que, embora pouco compreendida, permite que algumas pessoas (estimadas em cerca de 1 em 23) experimentam uma sobreposição em seus sentidos. Elas “vêem” letras como cores específicas, podem sentir o “gosto” das palavras ou associam sons a cores diferentes.

Há um debate que questiona se esta condição é incorporada em nossos genes ou se surge por causa de determinadas influências ambientais, como letras de brinquedo coloridas usadas na infância. Enquanto as duas possibilidades não são mutuamente excludentes, psicólogos do Centro para a Ciência da Consciência da Universidade de Sackler, em Tel Aviv, Israel, conceberam um programa de treinamento de nove semanas para ver se adultos sem sinestesia podem desenvolver as principais características desta habilidade.

Eles descobriram, em um estudo de amostra de 14, que não apenas os participantes eram capazes de desenvolver fortes associações de letras-cores para passar todos os testes-padrão para a sinestesia, como muitos também experienciaram sensações como letras que pareciam “coloridas” ou tinham personas individuais – por exemplo, “x é chato”, “w é calmo”.

Um dos resultados mais surpreendentes do estudo foi que os que realizaram o treinamento também tiveram seu QI aumentado em uma média de 12 pontos, em comparação com um grupo de controle que não foi submetido a treinamento. “A principal implicação do nosso estudo é que formas radicalmente novas de experimentar o mundo podem ser provocadas simplesmente através de extenso treinamento perceptual”, explica Daniel Bor, que coliderou o estudo com Nicolas Rothen. “O impulso cognitivo, embora provisório, pode eventualmente levar a ferramentas de treinamento clínico cognitivo para apoiar a função mental em grupos vulneráveis, tais como crianças com déficit de atenção e hiperatividade ou adultos que sofrem de demência”.

“Deve-se ressaltar que não estamos afirmando ter treinado não sinestésicos para se tornarem sinestésicos genuínos. Quando testamos novamente os nossos participantes, três meses após o treinamento, eles haviam perdido em grande parte a habilidade de ‘ver’ cores ao pensar sobre as letras. Mas isso mostra que é provável que a sinestesia tenha um componente de desenvolvimento importante, começando na infância por muitas pessoas”. [Medical Xpress]

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